Artistas plásticos retratam homenagem à Izulina Xavier em mural ao ar livre

Izulina Gomes Xavier, 96 anos, artista plástica piauiense, que fixou raiz em Corumbá e, que, hoje é tão corumbaense como qualquer outro cidadão nascido em solo pantaneiro, está sendo homenageada por dois artistas plásticos, ‘filhos da Terra’, que assim, como ela, ajudam a colorir ainda mais o dia a dia dos corumbaenses.

Através de um mural na rua Tiradentes, esquina com a Joaquim Murtinho, os traços da artista, mesclados em suas inúmeras obras, “criaram vida” e exaltam a importância do trabalho artístico de Izulina para Corumbá e Mato Grosso do Sul. Ela também tem obras em cidades bolivianas.

Um dos responsáveis pelo tributo é o também artista plástico Vitor Hugo Souza. Ele diz que a homenagem é mais do que merecida diante de tamanha grandeza que Izulina representa, não só pelos trabalhos artísticos, mas pelo literário e projetos sociais com os quais sempre foi envolvida. A obra conta com a ajuda do artista plástico, Jamil Canavarros.

“Essa homenagem vem com intuito de demonstrar o tamanho que é a produção da Izulina e o significado dela para nós. As obras dela estão presentes no nosso dia a dia. Muitas vezes as pessoas esquecem os artistas, mas nada mais importante fazer essa homenagem, não só a ela como outros artistas, produtores da cultura corumbaense”, explica Victor Hugo reforçando a presença do amigo, Jamil Canavarros.

Ele ressalta que na obra, procurou realçar os principais trabalhos de Izulina Xavier. “Entre tantas figuras, temos o instrumento de utilização dela, o mais marcante, que é a pá. A roupa que ela está utilizando, os dois São Francisco, um que está em espaço público e outro no ateliê dela. O Sol simbólico que está no Portal de sua residência, a referência às aves. Uma verdadeira mescla dos trabalhos geométricos, ondulado que eu faço, junto à forma do Jamil, com o trabalho com cores chapadas, em que os círculos saem do bolso dela, representam a saída de algumas aves e as asas dessas aves são os livros abertos, numa referência literária à artista”, descreveu a arte Victor.

Não faltou, na homenagem, o Morro do Cruzeiro, onde está o Cristo Rei do Pantanal. Essa obra tem uma representatividade especial. “O morro do nosso Cristo Rei do Pantanal, junto à relação com a igreja, Nossa Senhora do Carmo, feita por ela, com a união da comunidade, no bairro Aeroporto, retratam não só as suas produções, mas sim os trabalhos com projetos sociais, onde com toda certeza, ela deixa um legado para Corumbá e outros cidades do Mato Grosso do Sul. Ela é uma artista que tem peso e colaborou dentro da cultura local. Uma homenagem de artista para artista”, frisou Victor que também ressalta que o mural ao ar livre está sendo feito graças à parceria com uma academia que cedeu o espaço para a concretização do trabalho.

Além da homenagem a Izulina Xavier, Vitor Hugo e Jamil Canavarros, também já reverenciaram o mestre cururueiro Agripino Magalhães, que faleceu em 2020.

A artista

Em 2013, o Diário Corumbaense produziu com a artista um dos episódios da série “A História da Nossa Gente”. Lá ela conta sua trajetória de vida e a relação com a cidade que a acolheu e a referenciou como ícone cultural.

Depois de passar por alguns problemas de saúde, Izulina, hoje está bem e leva sua vida de forma tranquila entre seus afazeres. Do alto de seus 96 anos, atualmente, as mãos que produziram centenas de estátuas em concreto e também, em menor número, em madeira, além de assinar várias publicações, entre peças de teatro, romances e cordéis, se afastaram da vida artística.

Izulina chegou ainda muito jovem em Corumbá, após ter se casado com José Xavier. A artista já foi homenageada na maior festa popular da cidade, o Carnaval, em duas ocasiões. Em 2003 e 2006, a história da artista foi apresentada na avenida General Rondon, passarela do samba corumbaense.

É do ano de 2004, uma das suas maiores obras que já se incorporaram à paisagem e ao afetivo cultural da cidade: o Cristo Rei do Pantanal e a via crucis, instalados no Morro do Cruzeiro. Parte do trajeto de subida ao local abriga um conjunto de 72 peças que representam as 14 estações da Via Sacra. O local tornou-se ponto turístico da cidade e também de eventos religiosos.

Relação de obras Literárias publicadas:

Romances

10 Anos de Emoções (1971);

Um Rapto na Madrugada (1975);

Uma Mulher Antes e Depois da Operação Plástica (1978);

Um grito no Pantanal (1985) ;

Meu Pequeno Mundo (1988) e

Amor de Fronteira (1994).

História de Cordéis

A Nudez de Anita (1984);

O Vaqueiro (1986);

Maria Pernas Finas e Desdentada (1986);

Adeus (1986) e Meu Santinho de Lata (1987).

Contos infantis

Contos da Vovó (1989)

Peças teatrais

Amor de Fronteira e

Delinquente

Relação de Esculturas em Concreto:

Corumbá

Monumento às três Forças Armadas (Jardim da Independência)

Cristo Redentor (entrada do bairro Cristo Redentor)

São Francisco (praça Salim Chamma)

Soldado desconhecido (quartel do 17º Batalhão de Fronteira)

Nossa Senhora da Candelária (em frente ao cemitério Nelson Chamma)

Cristo Rei do Pantanal (morro do Cruzeiro)

Via Sacra, com 72 estátuas (subida do morro do Cruzeiro)

Nossa Senhora do Pantanal (igreja São Vicente)

Monumento ao Lions Clube Corumbá Pantanal (rodovia Ramão Gomes)

Nossa Senhora do Carmo (Forte Coimbra)

Águia (no topo da Casa Vasquez, ladeira José Bonifácio)

Painéis sobre História de Corumbá – (terreno da residência da artista)

Dom Bosco (em frente à paróquia de São João Bosco)

Ladário

Busto de Miguel Couto (praça 14 de Março)

Irmã Regula (praça Matriz)

Painel do Porto de Corumbá (6º Distrito Naval)

Puerto Suarez (Bolívia)

São Francisco

Madonna

Soldado Desconhecido

São Miguel

Anjo

Puerto Quijarro (Bolívia)

São Francisco

Cristo

Virgem Maria

Sagrado Coração de Jesus

Igrejas construídas

Nossa Senhora do Carmo (bairro Aeroporto)

Da comunidade do Urucum (zona rural de Corumbá, próximo à rodovia BR-262)