Leonardo Cabral em 05 de Janeiro de 2021
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Geralmente vítimas são homens casados ou considerados influentes nas redes sociais, diz delegado
Caso registrado na Delegacia de Polícia Civil de Corumbá, na terça-feira, 05 de janeiro, conta a “dor de cabeça” que um homem de 37 anos teve ao enviar uma foto íntima para uma mulher – assim ele acreditava – com quem conversava pela internet. Ao registrar a ocorrência, ele contou que no dia 28 de dezembro do ano passado recebeu, no facebook, solicitação de amizade de uma mulher. Iniciou uma conversa, que se estendeu pela semana.
Durante o “bate papo”, já pelo whatsapp, a conversa ficou “picante”. Nesse momento mais “quente” da conversa, a mulher pediu que lhe mandasse um nudes. O homem atendeu ao pedido e encaminhou a foto íntima. Sem saber, naquele momento ele havia caído no golpe do nudes. O homem apenas imaginava que estava se dando bem. Mas, a situação mudou.
Na terça-feira, ele recebeu uma mensagem no whatsapp. O texto dizia ser de um “comissário” da Polícia Civil, de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, que se apresentou como pai da pessoa com quem ele conversava e para quem mandou o nudes. O suposto pai disse estar “muito bravo” e a vítima deveria depositar a quantia de R$ 5.100,00 em uma determinada conta bancária, para que não o denunciasse à Justiça por assédio sexual contra a sua filha, que seria menor de idade. As mensagens ameaçadoras se multiplicaram. Por ligações telefônicas, o golpista pressionou para que ele depositasse o valor pedido. A vítima denunciou o caso na 1ª Delegacia de Polícia Civil como perturbação de tranquilidade (BO 56/2021).
O golpe
O delegado da Polícia Civil, Luca Venditto Basso, disse ao Diário Corumbaense que esse golpe é comum em outras cidades do País e também do Estado, mas que em Corumbá e Ladário, pode ser considerado uma nova maneira, dentro do que ele chama de “leque de criatividade” dos golpistas. Esse modo de agir se une a um dos crimes mais cometidos na região, nos últimos meses, que é o “golpe do motoboy”, envolvendo clientes de agências bancárias, principalmente idosos.
“É um novo golpe, mas não é tão recente. Em 2020 se popularizou na região Sul do Brasil, onde vários golpes de nudes foram registrados. Na nossa região tivemos alguns casos desse tipo. No segundo semestre, começou a ter mais incidência, pois a partir do momento que começam a aplicar os golpes, os golpistas replicam nas demais localidades. Desde o segundo semestre é um golpe que vem crescendo em nossa região”, falou o delegado.
O que chama a atenção também é que os golpistas, além de se aproveitarem das vítimas com imagens eróticas em mãos, se passam pela própria Polícia Civil. “Isso gera mais fôlego, eles envolvem o nome da Polícia Civil justamente para poder extorquir a vítima, geralmente pessoas influentes nas redes sociais e também casadas. Alegam que eles serão presos, que a vítima é menor de idade, se identificam como policial, para impor temor maior da pessoa extorquida”, explicou Luca Basso. Ele ainda comentou a Polícia Civil jamais entra em contato, “ainda mais pelas redes sociais, para pedir dinheiro ou coisa do tipo”, disse.
Orientações
Para tentar “frear” a ação dos bandidos, o delegado afirmou que a atenção diante das redes sociais tem que ser redobrada, ainda mais quando há solicitação de amizade de pessoas desconhecidas, podendo se passar pelos chamados “fakes”.
“Geralmente a vítima acaba adicionando por meio das redes sociais essas pessoas desconhecidas, acaba ganhando confiança e troca mensagens eróticas e, até mesmo, fotos íntimas. O criminoso começa então, a extorquir, entrando na conversação uma segunda pessoa, que se identifica como policial civil. Uma vez que acontece, essa pessoa que caiu no golpe ou está prestes a cair, que ela não transfira dinheiro, pois será difícil de rastrear. Não apagar o conteúdo das mensagens, que deverão servir de provas, e, claro, ter cuidado em aceitar amizades pelas redes sociais. E em caso de cair no golpe ou perceber se tratar do golpe, informe a Polícia”, orientou o delegado.
Nesses casos, quando a vítima passa a ser constrangida com ameaças de imagens (nudes) serem divulgadas, o crime é de extorsão. “Se a vítima se sentir constrangida pelo criminoso, configura-se crime de extorsão, com pena de 04 a 10 anos, bem como também as investigações poderão apontar outros crimes a serem configurados”, concluiu o delegado Luca Venditto Basso.
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