Leonardo Cabral em 25 de Março de 2020
Medo, pânico, preocupação, são palavras que podem definir a situação vivenciada por muitos países que lutam contra o avanço do novo coronavírus, responsável por milhares de mortes até agora. Mesmo assim, frente a este cenário, ainda há pessoas que buscam aliviar esses sentimentos, seja com palavras, orações e músicas pelas janelas dos edifícios e com iniciativas, como uma ida comunitária ao supermercado. Esses gestos acabam funcionando como uma “arma” contra a doença.
Essas manifestações se espalham rapidamente pelas redes sociais em países mais afetados pela Covid-19 e também em cidades brasileiras que registram a cada dia mais casos positivos e pouco a pouco vão ganhando espaço em Corumbá, cidade com 108 mil habitantes, que ainda não registrou caso confirmado do novo coronavírus. Por aqui, alguns corumbaenses oferecem ajuda para aquelas pessoas do grupo de risco, os idosos com mais de 60 anos.
Diário Corumbaense
Os amigos Jair Serra e Matteus Pereyra durante compras para uma idosa em um supermercado da cidade
“Vejo não só eles, mas como outros idosos que se encontram nesse grupo de risco e estão assustados com a situação. Encaro como uma maneira de amenizar esse sentimento de medo e pânico. Sou muito apegado aos meus avós, cresci praticamente com eles, e com os amigos deles, a quem também chamo alguns de avós pelo carinho e intimidade. Diante de tudo que estamos passando, percebi a fragilidade do momento, pois alguns amigos dos meus avós são viúvos ou viúvas e nem parentes próximos têm aqui na cidade, e, por conta dessa situação, conversei com meu amigo e juntos resolvemos aderir à campanha, pois querendo ou não, sabemos que os idosos estão nesse grupo de risco e precisam manter todos os cuidados, como ficar em casa, que é essencial”, explicou Jair ao Diário Corumbaense.
Diário Corumbaense Jair entregando as compras (óleo, vinagre, manteiga e detergente) a uma idosa de 70 anos que mora na região central
Jair também conta que além da campanha, ele e o amigo, querem arrecadar produtos de higienização, para serem entregues às famílias que realmente não têm condições de comprar. “Todos nós podemos ser alvo do vírus, por isso, vamos postar em nossas redes, essa ideia de arrecadar produtos de higienização, como produtos de limpeza, luvas, máscaras, álcool em gel, detergentes, ou seja, produtos que sirvam para essas famílias se protegendo de alguma maneira”, revelou.
Com a mesma atitude, Titah Brendow, que trabalha como gari na coleta de lixo em Corumbá, disse que está disponível. Ela ainda falou que resolveu aderir à campanha após ver que os idosos correm mais riscos de serem diagnosticados com a doença.
Reprodução/ Facebook Titah Brendow em seu Facebook, disse que está à disposição para ajudar a idosos
Caminho do Bem
Os jovens que fazem parte de um projeto em Corumbá, chamado “Caminho do Bem”, também estão engajados na batalha de prevenção à Covid-19, pra isso, eles se programaram e começam a ajudar famílias que estão em isolamento por causa da quarentena e que deixam de trabalhar e ganhar diariamente o seu sustento. São diaristas, garçons, pedreiros, trabalhadores que dependem do emprego, quase sempre informal, e agora sem poder trabalhar temem enfrentar dificuldades dentro de casa.
“Sempre procuramos ajudar o próximo independentemente da situação, pois é isso que o 'Caminho do Bem' proporciona em nossa cidade. Porém, por causa do isolamento social para evitar a propagação do vírus, sabemos que há famílias que não conseguem trabalhar e muito menos arcar com alguns gastos. Por isso, resolvemos ir ao mercado e comprar alguns mantimentos para essas famílias para que, pelo menos nesse período, tenham alimentos em sua mesa, suprindo a necessidade. São mantimentos básicos”, contou Paulo Roberto Gomes Freitas que é um dos integrantes do projeto e que pede: "Fiquem em casa, por favor. Precisamos seguir à risca as determinações. Estamos aqui para ajudar. Vamos dar as mãos para que possamos vencer esse problema em todo o mundo. Essa doença não tem fronteiras”, completou a este Diário.
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense Paulo e Alexandre, integrantes do Caminho do Bem, na preparação das 40 "sacolinhas do bem" que serão entregues à famílias carentes
“Pretendemos acompanhar as famílias e nas próximas semanas, dependendo da situação em relação à doença, vamos seguir com essa ação”, frisou Paulo. Nas próximas sacolas, além dos alimentos, haverá um folheto explicativo sobre formas de contágio e prevenção ao coronavírus.
O grupo Caminho do Bem, está na cidade desde 2016. Um dos integrantes também, Alexandre de Barros Mauro, explicou que a ideia é unir esforços para levar atenção às famílias carentes.
“Somos grupo de amigos que vemos nessas famílias a necessidade de fazer realmente o caminho do bem. Procuramos a cada ação levar não só alimentação, mas palestras, informações, orientações que contribuam para o desenvolvimento social e nesse momento difícil, é preciso que todos possamos nos ajudar. É satisfatório ver que a mensagem que levamos consegue chegar até eles. Essa é a recompensa”, comentou Alexandre que ainda pediu para quem se interessar em ajudar ou fazer parte do projeto, que as portas estão abertas.
Contatos disponíveis para quem precisar da ajuda:
Jair Serra - (67) 99622-7500 / Matteus Pereyra (61) 99338-4243
Titah Brendow - (67) 99974-3005
Caminho do Bem - (67) 99854-9090
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