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Mão de obra feminina nas indústrias de MS registra aumento de 28,34% em 10 anos

Da Redação em 08 de Março de 2020

Divulgação/Fiems

Mão de obra feminina em indústria de sorvetes

A história da participação da mulher no mercado de trabalho é marcada por desigualdades e injustiças. Prova disso é que as mulheres recebem, em média, 20% a menos do que os homens e muitas empresas não possuem nenhuma mulher no seu conselho de administração. 

No entanto, cada vez mais preparadas para ganhar espaço na economia, esses dados não parecem intimidar as mulheres, principalmente na indústria de Mato Grosso do Sul, que, nos últimos 10 anos, registrou aumento de 28,34% no número de trabalhadoras.

 

Segundo levantamento do Radar Industrial da Fiems, em 2008 tinham 23.801 mulheres trabalhando nas indústrias do Estado, número que subiu para 30.547 em 2018. Atualmente, elas representam 24,5% da mão de obra da indústria de Mato Grosso do Sul.

 

Nesse cenário, os municípios que mais contrataram mulheres nos últimos anos, em termos percentuais, foram Itaquiraí, São Gabriel do Oeste, Dourados e Campo Grande.

 

Campeões de contratações

 

Em Itaquiraí, o número de mulheres na indústria saltou de 152, em 2008, para 921, em 2018, uma evolução de 506%. Elas representam 49,5% da mão de obra da indústria do município, trabalhando majoritariamente no segmento de abate de aves, responsável por empregar 91,3% das mulheres do setor industrial. Ao todo, são 841 mulheres, que recebem em média R$ 1.827 por mês e são fundamentais para a movimentação da economia da região.

 

São Gabriel do Oeste é o segundo município do Estado com a maior evolução da participação de mulheres na indústria nos últimos 10 anos, 194%. Em 2008, elas ocupavam 286 postos de trabalho, enquanto em 2018 o número já era de 675, sendo que 88,7% trabalham no segmento frigorífico, bastante forte na região.

 

No município de Dourados, as mulheres representam 30% da mão de obra do setor industrial e hoje são 3.697 trabalhadoras empregadas, principalmente nos segmentos frigorífico e confecção. O número significa uma evolução de 42% se comparado a 2008, quando as indústrias empregavam 2.599 mulheres e elas ocupavam 26,4% dos postos de trabalho.

 

Já em Campo Grande, Capital do Estado, a evolução da mão de obra feminina na indústria nos últimos 10 anos foi de 19%, com aumento principalmente no segmento têxtil e do vestuário. Em 2008, eram 6.749 mulheres empregadas, com uma participação de 19,9%, número que subiu para 8.016 em 2018, representando 22% dos trabalhadores.


Desafio

 

Na avaliação da vice-presidente do Sistema Fiems, Cláudia Pinedo Zottos Volpini, os números mostram que a mulher vem ocupando cada vez mais seu espaço no mercado de trabalho.

 

“Hoje, apesar de termos uma cultura ainda masculina, a mulher vem aos poucos se destacando no mercado de trabalho e conquistando seu espaço. Na indústria de Mato Grosso do Sul, que é voltada para a agroindústria, com serviços mais pesados, a gente vê o predomínio da mão de obra masculina mesmo, então ver que o número de mulheres cresceu nos últimos anos é um motivo para comemorar”, afirmou a líder empresarial.

 

Ela acredita que o aumento da presença feminina na indústria sul-mato-grossense é um incentivo para que mais mulheres busquem se inserir nesse mercado. “E também para que empresários contratem mais mulheres. Sou empresária e percebo que elas são mais dedicadas, têm vontade de aprender e de crescer na empresa”, ressaltou.

 

Para o sociólogo Paulo Cabral, o aumento da participação da mulher na indústria é significativo. “Historicamente, a mulher sempre ocupou espaço na indústria de confecção, mas a gente vê que ela vem ganhando espaço em outros segmentos majoritariamente masculinos, como frigoríficos e construção civil”, pontuou.

 

Ele acrescenta que essa participação tem seus lados positivos e negativos. “O positivo é que é realmente importante que a mulher venha ocupando espaço no mercado trabalho, mas muitas vezes isso acontece porque é uma mão de obra mais barata”, destacou.

 

Apesar disso, o sociólogo acredita que a mulher conseguir ocupar todos os espaços do mercado de trabalho é algo significativo e merece ser comemorado. “Aos poucos vemos as mulheres ganhando mais espaço e nesse contexto um dado merece ser destacado: é sabido que as mulheres têm conquistado um grau de escolaridade maior do que o dos homens. Em média elas estudam dois anos e meio a mais do que eles, o que também sinaliza uma melhor condição de empregabilidade”, finalizou.

 

Desmoronando barreiras

 

O mercado de trabalho ainda diferencia homens de mulheres quando o assunto é contratação e planejamento interno. Muitas vezes, a mulher pode ser excluída de projetos e desconsiderada para promoções, ou sequer é selecionada consegue o trabalho pelo simples fato de ser do sexo feminino.

 

Atuando na área de recursos humanos há cinco anos, Vanessa Rosa de Souza considera que, gradativamente, as barreiras impostas à mulher estão desmoronando. “Todos os casos que acompanhei em que o empregador apostava em um perfil masculino para a vaga, as mulheres conseguiram provar que davam conta”, destacou ela, que há um ano é responsável pelo setor de RH da indústria de sorvetes Dale, em Campo Grande (MS).

 

“As mulheres são mais organizadas, focadas e empenhadas. Nunca tivemos problemas com colaboradoras”, afirmou a analista de RH. Na linha de produção da fábrica de sorvetes, por exemplo, a atuação delas praticamente equipara-se à dos homens – 45% dos colaboradores são mulheres.

 

Ainda no chão de fábrica, o principal cargo também pertence a uma mulher. Nenhum sorvete entra ou sai da Dale sem passar pelo crivo da engenheira de produção Geslayne de Lima Benites, 36 anos. Gestora de pesquisa e desenvolvimento da empresa desde 2016, a engenheira conta que só foi possível continuar trabalhando por ter no marido “um grande companheiro”.

 

“Sempre dividimos todas as tarefas domésticas e a responsabilidade sobre a educação do nosso filho. Ele foi diagnosticado com uma síndrome, o que me levou a deixar de trabalhar por um ano e prestar somente consultoria. Mas eu sempre gostei da adrenalina, da falta de rotina que a linha de produção proporciona, e quis voltar a trabalhar”, contou Geslayne Benites, sobre como lida com a rotina de trabalho e a família.

 

Na indústria de celulose Suzano, as mulheres quebraram barreiras e mostraram que a ideia inicial da existência de cargos por gênero está ultrapassada. Em Mato Grosso do Sul, elas já são maioria em diversos setores e chegaram a cargos até então ocupados só por eles, como soldadora, operadora de grua, operadora de painel e gerente de manutenção.


Na unidade de Três Lagoas, além de áreas administrativas, elas já são maioria em setores como planejamento florestal (80% são mulheres), viveiro (85%) e qualidade industrial (80%). Gretta Lee Dias Facholi, por exemplo, é a primeira mulher a ser promovida a gerente de manutenção na empresa. Com 16 anos de Suzano, ela chegou a Três Lagoas (MS) em 2004, antes mesmo da inauguração da fábrica, para trabalhar como engenheira júnior.

 

“O empoderamento tem relação com crescimento pessoal, entender suas fraquezas e seus pontos fortes. Muitos gestores homens apostaram em mim e cada um que me desafiou, na verdade, ajudou no meu desenvolvimento profissional”, destacou Gretta Facholi. 

Ozenir Costa Rolan é a prova de que, com foco e persistência, é possível superar qualquer obstáculo. Com sete anos de carreira, hoje ela é considerada uma das melhores operadoras de gruas no Estado. “A gente tem que mostrar que é capaz. Esta é a minha área e é o que eu gosto de fazer. Não pode se assustar e tem que estar sempre lutando.  É claro, que fica mais fácil quando tem apoio. A abertura para as mulheres é essencial para mostrar que também podemos”, afirmou.


Com informações da assessoria de comunicação da Fiems. 

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