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Viva São João!

Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa(*) em 21 de Junho de 2019

Caros leitores

Em 2009, a Prefeitura de Corumbá, por meio da então Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, na administração do nosso saudoso prefeito Ruiter Cunha de Oliveira, publicou o que eu chamaria de cartilha básica ou o beabá da nossa festa do Banho de São João. A ideia era recepcionar os turistas com informações sobre a cultura tradicional da cidade, para além de manter viva, e de ensinar aos mais jovens, fatos dessa manifestação popular.

Assim, registrar por escrito explicações para esse momento de fé, de linguagem e de cantoria, das nossas comidas típicas e da nossa alegria cristalizou em palavras esse importante traço da cultura local. A cartilha com o título Banho de São João em Corumbá-MS contou com roteiro e ilustração da estimada artista plástica Marlene Mourão (Peninha), e com as saborosas receitas de Carlinhos Canavarros, Tantino, Dona Fiyca e Zózima. Mas a grande responsável pela produção histórica foi a saudosa Helô Urt, que pretendia tornar mais fácil para o povo conhecer a história e a origem dessa festa popular.

A edição está disponível nas bibliotecas públicas da cidade, e relata que: Corumbá, no coração do Pantanal Sul-Mato-Grossense, é banhada pelo majestoso Rio Paraguai. E é em sua margem direita, na prainha, no desembocar da Ladeira Cunha e Cruz, que São João é batizado, e abençoa a água que purifica a sua gente a cada ano. Com o tempo, o povo passou a festejar o dia de São João em suas casas, com danças e comidas da região. E na noite do dia 23 realiza-se a reza na casa dos festeiros, culminando com a procissão, em que os devotos vão cantando e dançando com muito contentamento até a beira do Rio Paraguai para dar banho no Santo.

É uma verdadeira festa de alegria. Na ladeira, os Andores que estiverem subindo cumprimentam outros que vão descendo ajoelhando 3 vezes. Dizem que, aqueles que passarem 7 vezes debaixo de 7 andores, no ano seguinte se casará. Nessa noite, levanta-se o mastro com a coroa na ponta, toca-se o Cururu e dança-se o Siriri. Depois do Banho de São João, os festeiros, com seus Andores, sobem a ladeira com a mesma alegria para continuar a festa em suas casas. E, no Porto Geral, segue o evento com shows e praça de alimentação para o público. A festança toda dura vários dias e atrai turistas do estado e do país. Essa é a nossa história, a nossa cultura e tradição. E viva São João! Até a próxima.

(*) Rosangela Villa é professora associada da UFMS e colaboradora do Diário Corumbaense.