Coluna Ampla Visão, com Manoel Afonso em 15 de Fevereiro de 2019
ESTRANHO Perguntei ao deputado Marcio Fernandes se ele teria pretensão de assumir o diretório do MDB. Evasivo, optou por uma resposta fragmentada passando a impressão de que o assunto não estaria na pauta ou a decisão passaria por outras lideranças. Pensando bem – MDB e PT – sofrem hoje o processo de rejeição pelo estigma de envolvimento na corrupção. Como diria o sábio televisivo ‘Sinhozinho Malta’ : “Tô certo ou tô errado?”
MULETA O anúncio do eventual convite a senadora Simone Tebet (MDB) para sair candidata à prefeita da capital não é o antídoto contra o desânimo reinante. O fato dela presidir a CCJ do Senado não influi na recuperação do MDB no MS. A prioridade dela seria tentar compensar a palidez de seus primeiros 4 anos de mandato, cuja decepção foi proporcional a nossa expectativa (do colunista e eleitores). E mudar de partido não irá garantir-lhe sua reeleição. E mais: a situação do ex-governador Puccinelli (MDB) – seu padrinho político - mais atrapalha do que ajuda.
PELAS BEIRADAS Nos corredores do poder comenta-se as próximas ações políticas de quem tem o governo nas mãos. Vários prefeitos estão sendo sondados para a troca de sigla partidária em direção ao PSDB. Aliás, no 2º turno em 2018 o candidato Reinaldo (PSDB) teve o apoio público de 9 prefeitos do MDB. No fundo, os prefeitos querem mais é resgatar suas promessas e para isso a ajuda do Governo do Estado é essencial. Sempre foi assim. Sem ilusões.
O RETRATO sem retoques. Os prefeitos contam com as emendas parlamentares para cumprir a agenda de governo. Com apenas 3 deputados estaduais, nenhum na Câmara Federal e só uma representante no Senado, os prefeitos do MDB sabem que terão pela frente um longo período de vacas magras. Argumento convincente para a troca de ‘camisa’.
AVISO aos ilustres que estão iniciando o mandato. O poder pode ser comparado aquela fatia quentinha do bolo da mamãe que saia do forno - que de tão gostoso comiamos rapidinho e quando menos se esperava tinha acabado. Ficavam apenas os ‘farelinhos’ no prato e na mesa, além daquele cheirinho no ar de quero mais.
O CENÁRIO político no início de legislatura é mesclado pela ansiedade daqueles que estão chegando ao poder e tristeza daqueles que foram embora. Contrariando a lógica, o desafio maior não é necessariamente o exercício do poder, mas sim reunir motivação gratificante de verdade para seguir em frente após ficar sem o poder. Eis a questão.
CONFISSÃO Nem sempre o que a mídia mostra é real. No poder há o bom caráter, o oportunista, o idealista, o escroto, o generoso, o mesquinho e outras tipos que se revelam longe da tribuna, holofotes e gabinetes. As fotos das imagens maquiadas nem sempre retratam a realidade. De alguma forma a comparação lembra os personagens do mundo artístico. Nem sempre o que parece é! Diz o ditado que devemos tratar bem as pessoas quando estamos na fase ascendente da vida, pois poderemos reencontrá-las quando estivermos escada abaixo.
ANONIMATO É o terror para quem se acostumou com a generosidade da mídia, fotos e as deferências de quem está no poder. Aquele ritmo estressante acabou. Acostumar-se com a bermuda, chinelo, camiseta e ir à padaria todas as tardes é angustiante. A falta de convites para eventos e a caixa vazia de correspondência incomodam personagens que foram influentes. A ficha demora a cair e às vezes vem o inconformismo raivoso.
CRUEL! Apesar da gorda conta bancária, o cérebro de muitos corre sério risco de se tornar um porão vazio. Nem sempre há quem se dispõe a ouvi-los sobre o passado e falta-lhes espaço ou ambiente favorável. Políticos sem poder, despreparados, lembram os ex-atletas e artistas que já tiveram seus momentos de glória e hoje poucos lembrados na mídia e reconhecidos na rua.
HENRY SOBEL: “Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar necessário. A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada”. ( da parábola contada pelo rabino Sobel por ocasião da morte do ex-governador de São Paulo Mario Covas).
COVARDE? Qual a justificativa da fama de solidário do brasileiro? O cotidiano mostra cidadãos omissos em acidentes e tragédias. Prefere-se fotografar e filmar cenas de desgraças a iniciativas de ajuda. Essa realidade está sendo focada pelo deputado federal Fabio Trad (PSD) no seu projeto penalizando mais forte o crime de omissão de socorro. (“Haverá tanta maldade que o amor de muitos vai esfriar” ) Mateus 24:12.
NA MÍDIA A guerra pelo poder no PSL Estadual vai ficando interessante e ganhando espaço no noticiário. No centro a senadora Soraya Thronicke e ao redor os deputados Luiz Ovando (PSL) e coronel Davi (PSL). Cada qual com seus argumentos. Acho que essas diferenças internas podem revigorar o partido, mas sem provocar fissuras irreparáveis. O PT, por exemplo, soube conviver com suas diferenças internas. Mas no caso do PSL há muita ansiedade e a pressão sobe.
PUCCINELLI Começa o ano com péssimas notícias. Essa decisão da 3ª. Vara Federal de Campo Grande ampliando o bloqueio judicial de seus bens para R$76,711 milhões redimensiona a situação do ex-governador (MDB) no escabroso escândalo ‘Lama Asfáltica’ em sua 5ª. fase. O total atualizado do bloqueio de bens das empresas e cidadãos denunciados nesse processo atinge a R$101,767 milhões. Muito ou pouco?
MEMÓRIA Confira os valores de bens bloqueados dos outros 7 denunciados no mesmo processo: João R. Baird R$5,501 milhões, Antonio Celso Cortez R$4,968 milhões, João M. Cance R$3,963 milhões, Itel Informática R$4,930 milhões, Mil Tec tecnologia R$570 mil, PSG Tecnologia R$1,158 milhão e Congeo Construções R$3,963 milhões. Imagine essa grana convertida em remédios!
REAÇÕES Em 2018 o Governo Estadual conseguiu o bloqueio de R$78,1 milhões de 18 réus da Operação Lama Asfáltica, quebra de sigilo bancário e repatriação de dinheiro desviado referente a obras mal feitas e superfaturamento na rodovia MS-430. Agora o Governo prepara outra ação para reaver o dinheiro aplicado na rodovia Juti Iguatemi (MS 180) que derreteu na primeira chuva. Portanto o chumbo é grosso.
REFLEXÃO Perder a Copa do Mundo para Cuiabá acabou sendo um bom negócio para nós. Deixamos de endividar o Estado com obras questionáveis. Até hoje Mato Grosso sente os efeitos negativos daquela aventura. O episódio, somado a outros casos de corrupção, jogaram o Estado na vala dos endividados. A situação é tal que o Tribunal de Justiça estuda o fechamento das comarcas de Nortelândia, Poxoréu, Arenápolis, Pedra Preta, Dom Aquino Jucimeire e Itiquira.
MANCADA! Vamos perder a ligação cultural e um pouco afetiva com as placas de nossos carros com o advento das placas horrorosas do Mercosul. Ora! o nome da cidade é uma referência informativa insubstituível em qualquer situação. Esse vazio deverá dar espaço a iniciativa de identificar a cidade e Estado com adesivos próximos a placa ou no vidro traseiro do veículo. Anote: sentiremos saudades das placas com o nome da cidade. Em pouco tempo as placas vão virar ‘souvenir’ como já ocorre em outros países.
JOGADA CERTA Michel Temer ( MDB) bem que poderia ter aprovada a reforma da previdência, mas faltou-lhe tato para adotar uma estratégia vitoriosa. Não usou a mídia para angariar o apoio dos brasileiros, que por sua vez poderiam ter pressionado os congressistas para aprovação. Agora Bolsonaro (PSL) joga certo e promete ir fundo na divulgação da necessidade de aprovação da reforma. Apesar dos entraves a aprovação virá!
FACADA! O assunto nas rodas sociais é a tarifa de energia. Tema que se renova. No passado o então deputado Marcos Trad acabou se consagrando no comando de uma CPI exitosa. A Assembleia Legislativa sob o comando do deputado Paulo Correa (PSDB) cumpre suas atribuições convocando o pessoal da Energiza para o debate. Quanto aos resultados a gente sabe: dependerão de vários favores. E o país é Brasil!
“O país econômico está quase parado à esperada da Previdência.” ( Vinicius T. Freire)