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Familiares se emocionam com evolução de jovens da Unei por meio do conhecimento

Ricardo Albertoni em 11 de Outubro de 2017

Na última sexta-feira (06), familiares de alunos da escola Pólo Professora  Regina Lúcia Anfee Nunes Betine, puderam acompanhar o trabalho desenvolvido pelos cerca de 22 jovens que cumprem medida socioeducativa na Unei Pantanal (Unidade Educacional de Internação). Durante a exposição dos trabalhos, houve apresentação cultural, almoço regional e conversa com os professores/orientadores da instituição.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Familiares puderam ver a exposição de trabalhos do projeto Avanço do Jovem na Aprendizagem

Com a temática proposta pela Secretaria de Educação a todas as escolas estaduais sobre os 40 anos de Mato Grosso do Sul, os alunos que fazem parte do projeto AJA (Avanço do Jovem na Aprendizagem), desenvolveram sob orientação dos oito professores que atendem na instituição, trabalhos de pintura, desenho, entre outros. Eles também puderam conhecer os aspectos econômicos, culturais e sociais do estado onde vivem.

De acordo com a coordenadora pedagógica da Unei Pantanal, Layze Aparecida Herrera Cassanha, antes de chegar à instituição, os jovens, na maioria das vezes, não conhecem o próprio local onde vivem. Para ela, a evolução em relação ao comportamento deles é percebida ao mesmo tempo em que se envolvem e adquirem o conhecimento.

“Eles têm talento que precisa ser explorado, lapidado. A gente acaba percebendo evolução no comportamento deles, porque acabam se envolvendo, conhecendo o local onde vivem. Nós mostramos a eles a cidade de uma nova maneira. Muitos não conheciam o Patrimônio Histórico do município, os pontos turísticos. Foi gratificante para os professores que viram a evolução, a concentração, o entusiasmo, a esperança nos olhos deles”, explicou Layze.

Durante a exposição dos trabalhos, um momento emocionou os familiares. Muitos pais choraram após assistir um vídeo que mostrava o desenvolvimento das atividades e ainda os alunos cantando o hino de Mato Grosso do Sul.

Para muitos, as imagens trazem esperança de uma mudança de comportamento. A avó de um dos internos, falou ao Diário Corumbaense sobre a emoção que sentiu ao ver o neto. Ela explicou que o jovem mudou de comportamento recentemente e acabou culminando com seu encaminhamento à instituição. Para ela, o que pensava ser o fim, na verdade pode significar um recomeço na vida do jovem.

“Meu neto, nunca deu problema. Ele morava com os pais em Cuiabá e sempre eu ia passear por lá. Era um menino muito bom, nem saía, não bebia. Vivia sentado assistindo televisão, estudando, chegava na hora certa. Chamavam ele pra sair, mas ele não ficava na rua. Quando se mudou pra cá, comecei a estranhar o comportamento. Surgiram novas amizades e ele mudou. Tentamos orientá-lo, mas não adiantou até que ele veio para cá e achei que o tinha perdido. Me senti maravilhada em entrar ali, ver o trabalho dele. Senti uma emoção tão forte, pois sinto que posso ter ele de volta como era antes, estou muito feliz em ter visto a mudança dele”, desabafou a idosa de 64 anos que preferiu não identificar.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Professores e coordenadores explicaram aos pais dos internos como é desenvolvido o trabalho

É preciso criatividade para despertar interesse  

Muitos projetos chamam a atenção pela criatividade. Essa é a palavra chave para despertar o interesse dos jovens, que muitas vezes nunca se interessaram pelo aprendizado ou estavam há muito tempo afastados dos bancos escolares. Um dos trabalhos que representam essa preocupação consistiu na criação de um gibi. No projeto desenvolvido pela professora de alfabetização Maria do Rosário da Silva Arrua, os alunos fizeram parte e aprenderam sobre a história de MS através de uma viagem no tempo que incluiu lições de história, geografia, matemática, artes e conhecimentos adquiridos durante aulas de informática que foram necessárias para a inclusão da imagem deles no livro.

Para a professora, que está há mais tempo na instituição, é gratificante observar que os jovens acabam compreendendo a importância do aprendizado na vida deles. Para que isso aconteça é necessário que os professores sejam atrativos e acima de tudo estejam cientes do desafio de trabalhar com os adolescentes.

“Muitos não conheciam nada. Quando eles vêm pra cá, vivem outra realidade, não presenciam e não levam a sério a escola. Quando chegam aqui, a princípio são obrigados a vir, depois, com o passar do tempo, começam a observar que aquilo é importante pra eles e aquela coisa de obrigação se torna prazerosa. Para trabalhar aqui dentro, temos que gostar, porque sabemos que por trás de cada um deles existe uma história e quando entramos aqui como professor temos que esquecer isso tudo, usar a sua criatividade e gostar do trabalho para conseguir passar para eles a informação. Se você não for um professor que consiga atrair a atenção deles, não consegue nada. Ver o resultado final é muito gratificante, perceber que aqui dentro eles conseguem desenvolver, conseguem ter o carinho pela escola, pelos professores, ter uma responsabilidade”, explicou Maria do Rosário.

A coordenara Layze destacou a importância de mostrar aos alunos que eles são capazes de desenvolver as atividades já que na maioria das vezes, eles chegam desacreditados à instituição. Ela explica que as atividades têm o objetivo de apontar um novo caminho na vida dos jovens. “Tentamos passar para eles através de cada atividade, cada projeto, esse olhar de esperança. Estamos semeando e vai deles agora escolher o rumo que irão tomar na vida após a saída da instituição”, finalizou.

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