Leonardo Cabral em 07 de Outubro de 2024
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
A densa fumaça afeta toda a região
Desde cedo era impossível enxergar algo se não fosse de tão perto. Os prédios e as ruas foram “engolidos” pela fumaça que se concentra na região.
“Parecia uma neblina encobrindo a cidade, mas não era, a fumaça tomou conta dos quatro cantos. Trabalho na área central, quando saí de casa, vi que algumas residências haviam 'desaparecido'. No trajeto, era impossível ter visibilidade de alguma coisa. Realmente está muito desesperador essa situação que vem nos afetando, fora o que a gente sofre por causa da fumaça, pois a qualidade do ar fica horrível”, disse Margarethe Pereira Mendes, que mora no bairro Nossa Senhora de Fátima.
Para alguns motoristas, circular pelas ruas da cidade exige muita atenção. “Fui levar meus dois filhos para a escola, saindo de casa até lá, tive que ter atenção redobrada. Não se enxergava nada, era tudo brando. Se olhava para o horizonte, parecia que estava sozinha numa cidade abandonada, sem ninguém. Passei pela rua Frei Mariano com a Avenida (General Rondon), e o rio Paraguai havia 'sumido', não existia mais a paisagem, era tudo branco, sem vida, um cenário de filme”, falou ao Diário Corumbaense, Juliana Mendonça Lins, que mora no bairro Jardim dos Estados.
Fumaça e incêndio do lado boliviano
A fumaça que invadiu Corumbá nesta segunda-feira, se origina dos incêndios florestais do lado boliviano e também da Amazônia. Há também registro de incêndios no Pantanal, em Corumbá, que contribuem para a presença da fumaça.
Foto enviada ao Diário Corumbaense Incêndio no lado boliviano podia ser visto de Corumbá na noite de domingo
Em entrevista ao jornal El Deber, a professora Dora Ortiz Bazán se mostrou muito preocupada com o incêndio que começou a se alastrar rapidamente desde a noite de domingo (06). Segundo ela, às 16h, percebeu o incêndio, que estava longe da localidade, mas em três horas o fogo se aproximou com maior força. "Muita gente ficou nos arredores da Baía de Cáceres, um dos atrativos turísticos, para observar as chamas", contou.
Marcel Parada, outro morador de Puerto Suárez, disse que as pessoas se reuniram porque estavam com medo de que as chamas chegassem às cabanas de Jatata, na baía, que fica no mirante, pois o local é de madeira e algumas palhas e nas proximidades há algumas casas.
Combate só pelo ar
O sargento Levin Ramos e o suboficial Jhon Percy Melgar, da Polícia de Puerto Suárez, são os únicos no comando de um caminhão de bombeiros, chamado Pantanerito I, com alcance de até 30 metros de distância.
Os policiais indicaram que estão atentos ao que poderá acontecer nas próximas horas com o avanço das chamas. “O fogo só pode ser apagado pelo ar, de avião, é impossível por terra”, disse Ramos.
A cidade de Santa Cruz, a mais de 600 km de Corumbá, também registrou grande quantidade de fumaça. As unidades de ensino voltaram às aulas remotas, pelo menos nos próximos dois dias, devido a intensa poluição atmosférica causada pelos incêndios florestais.
De acordo com instrução divulgada pela Direção Departamental de Educação de Santa Cruz, “a modalidade de atendimento educacional a distância será alterada na terça-feira, 08 de outubro, e na quarta-feira, 09 de outubro”.
A Bolívia está em situação de “desastre nacional” devido aos incêndios florestais e o departamento mais afetado é Santa Cruz de la Sierra. O Brasil enviou ajuda por meio de bombeiros e brigadistas, mas a situação ainda é crítica.
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