Leonardo Cabral em 14 de Janeiro de 2021
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense
Rosileny estava apenas com a roupa do corpo e veio pegar peças para os filhos e esposo
Moradora do bairro Cravo Vermelho III, Rosileny relembrou os momentos de desespero ao ver a casa sendo invadida pela água da chuva, que caiu na cidade na madrugada de quarta-feira (13). “Perdi tudo, tudo que batalhei com meu esposo para comprar. Vi em questão de segundos ser levado pela chuva. Só estou com a roupa do corpo. O sentimento é de tristeza, mas com o alívio de ter meus filhos comigo, os bens mais preciosos que posso ter”, mencionou Rosileny.
No momento em que a água começou a entrar na casa dela, além dos filhos, os netos também estavam no imóvel. “Meus netos vieram passar uns dias comigo e por sorte nada de ruim nos aconteceu. A água chegou a estar na direção do meu peito”, disse.
Rosileny contou que ainda não teve coragem de voltar à residência, que ficou aos cuidados do esposo. “Ele ficou lá e conseguiu tirar da água a geladeira e fogão, que nem sei se vão funcionar. Eu ainda o ajudei, mas comecei a procurar um abrigo para meus filhos e netos”, afirmou. Foi na casa de um sobrinho, que ela conseguiu passar à noite. “Ele disse que poderia ficar lá e, então, peguei colchão, acomodei os meus filhos e netos lá e passamos a noite. Confesso que não consegui dormir pensando em tudo que nos aconteceu”, frisou a moradora, que logo cedo, estava no posto de atendimento.
“No meio de muita gente ruim, ainda existe gente boa. Estamos aqui conseguindo sobreviver. Agradeço muito à essas pessoas que se sensibilizaram e estão trazendo suas doações e à Deus, por estar aqui com vida junto com meus filhos”, falou Rosileny resumindo essa nova etapa. “Agora é recomeçar e conquistar tudo novamente”.
Também com sentimento de tristeza, Izabel Pereira, disse que passou momentos de desespero ao ver a casa sendo invadida pela enxurrada. Ela é moradora do bairro Guatós, uma das regiões mais afetadas pela forte de chuva, junto com os bairros Cristo Redentor e Cravo Vermelho I, II e III.
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense Izabel Pereira teve a casa destruída pela água da chuva e além de móveis, perdeu documentos pessoais
Izabel passou a noite na casa da sogra da filha. “Ela nos acolheu. Durante o dia de ontem voltei lá na casa para limpar, mas vi só destruição. Não tenho previsão de quando vou poder retornar para a minha casa. Essa foi a terceira vez que passo por uma situação dessa e sempre vem a pergunta: por que voltar? Volto porque é a minha casa, único lugar que tenho para morar”, falou.
Izabel só pensa em uma coisa a partir de agora. “É recomeçar. Graças a Deus estamos com vida, meus filhos salvos. Quero agradecer as pessoas que estão me ajudando e as que se sensibilizaram com toda essa situação e estão ajudando o próximo. Obrigada mesmo”, disse bastante emotiva com um abraço.
Mais calmo, porém, pensando ainda no susto que passou durante a chuva, Sebastião da Silva Tomaz, disse ao Diário Corumbaense que a casa foi tomada pela água, mas que conseguiu salvar alguns pertences com a ajuda do filho, com quem mora.
“A água invadiu e quando percebi que estava chegando, usei algumas lajotas para impedir que ela entrasse mais. Mesmo assim, perdi alguns mantimentos e roupas, por isso vim aqui pegar algumas peças”, relatou Sebastião, que passou a noite no imóvel. “Ainda tinha bastante água, e, para dormir, coloquei uma cadeira em cima de uns móveis e fiquei sentado toda a noite”, explicou.
Ele também compara a chuva de quarta-feira com a ocorrida em 1992, quando a enxurrada também deixou muitas famílias desabrigadas em Corumbá. “Olha, foi como se voltasse no tempo. Que cena triste que vi nessa época. Foi tanta água que pensei que íamos ficar pra sempre debaixo dela. Foi que nem ontem, mas graças a Deus, não aconteceu o pior desta vez”, disse.
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense Peças de roupas e calçados, doados pela população, estão sendo entregues às famílias afetadas pelas chuvas
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