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Por dentro da folia - As mães do samba

Victor Raphael (*) em 24 de Janeiro de 2020

Como nos últimos anos, os festejos carnavalescos trazem consigo esta coluna, que tem como intuito falar um pouco sobre a maior festa popular da Cidade Branca. Para 2020, a ideia é realizar uma abordagem relacionada a pessoas que são muito importantes na execução dos desfiles das escolas de samba, mesmo quando a função exercida não confira notas nos quesitos em julgamento de forma direta. Vamos salientar a relevância dos trabalhadores do carnaval para o sucesso de um desfile, bem como a sua aclamação popular.

Para começar com o pé direito, falaremos o que é a Ala das Baianas. Essa fundamental parte da estrutura do desfile, inclusive, está fora dos quesitos de julgamento oficial do Carnaval 2020, e com uma explicação muito simples: são consideradas as mães do samba – sua referência imediata é a Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, que é considerada a Matriarca do Samba – e, via de regra, é formada por pessoas da Melhor Idade, com profunda identificação com a agremiação que defendem. Por isso, não convinha o julgamento do quesito, em detrimento de tanta tradição envolvida. Uma nota baixa ou um ordenamento mais contundente desta ala poderia vir a sobrecarregar quem já se doou tanto nos carnavais por anos a fio.


Isso não quer dizer que a Ala das Baianas tenha perdido importância no carnaval das escolas. De acordo com o Regulamento da Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá), a ala em questão, além de ser obrigatória, tem número mínimo de componentes (16), e tem a maior dosimetria de punição do carnaval – para cada baiana ausente, a punição é de 1 ponto, enquanto as outras punições do temido “artigo 26” é de apenas 0,5 ponto, e a punição por irregularidade da uniformidade de cor dos calçados nas alas é de 0,2 ponto por ala. Isso dá a dimensão da preocupação do carnaval em perpetuar suas tradições, simbolizadas na graça, na autoridade e na imponência da Ala das Baianas! 

(*) Victor Raphael é compositor e diretor da Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá