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Dívidas e luto tiram Caprichosos de Corumbá do Carnaval em 2020

Leonardo Cabral em 19 de Julho de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Este ano, Caprichosos levou para a avenida enredo sobre o Distrito de Albuquerque

Dívidas acumuladas ao longo dos anos e luto. Essas são as justificativas da diretoria da Caprichosos de Corumbá, que pediu afastamento do Carnaval 2020 à Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá).

Conforme Robeson Braz Leite, que assumiu a presidência da agremiação este ano, a decisão foi tomada em conjunto pela diretoria e família fundadora da agremiação sediada no bairro Generoso. 

“A gente sabe que o Carnaval de Corumbá está crescendo a cada ano e o compromisso das escolas de samba é maior ainda. A Caprichosos é uma escola de samba que sempre está na disputa, desde sua fundação, há 14 anos. Só que, com isso, acabamos contraindo dívidas. O dinheiro que chega pra gente nunca é suficiente”, disse o presidente da escola de samba, que inovou seu desfile em 2019,  colocando na Avenida General Rondon, a primeira madrinha de bateria transexual.

Ele reforçou que por mais que a escola de samba, como as demais, trabalha durante todo o ano com a intenção de arrecadar fundos, isso não é suficiente. “A gente sempre faz empréstimos pessoais. Passa o carnaval, conseguimos quitar e novamente voltamos à mesma situação no ano seguinte. Todos os anos é a mesma coisa”, afirmou ao Diário Corumbaense.

Família está de luto

Outra situação e o principal motivo do afastamento, foi a morte de Valentim, neto de Robeson,  que conforme a família, perdeu a vida por negligência médica em março deste ano. Os pais do bebê, Bruno Adrison Barbosa, de 27 anos, e Katiuscia Fernandes da Costa, de 24 anos, receberam a notícia três dias depois de passarem angústia entre idas e vindas à Maternidade de Corumbá e em clínica particular, onde os médicos alegavam que “estava tudo bem” com a gestação, enquanto a mãe se contorcia de dores. Valentim não resistiu e morreu ainda na barriga de Katiuscia.

“Como é que vamos trabalhar com Carnaval, entrar na avenida, festejar, se ainda estamos de luto? Quatro meses se passaram e nada de uma resposta. Minha família está movendo processo judicial, pois o que aconteceu, com o meu netinho foi negligência médica”, disse com sentimento de revolta o presidente da escola de samba.

Em 2019, a Caprichosos de Corumbá trouxe para passarela do samba o samba-enredo: “Albuquerque, o paraíso é aqui!”. A agremiação contou  parte da história que levou ao surgimento de Corumbá, ficando em quarto lugar na classificação geral. 

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Diretoria da Caprichosos pediu afastamento pelo período de um ano; estatuto da Liesco permite até dois anos

No Esplendor do Samba, premiação realizada pelo jornal Diário Corumbaense a agremiação foi indicada em três categorias: Fantasias e Alegorias; Enredo e Melhor Escola.

Em 2011, ficou com a placa dourada de melhor escola do Grupo de Acesso, conquista repetida em 2016.

Após afastamento, Caprichosos vai para o Grupo de Acesso

O presidente da Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba), Zezinho Martinez, disse que, conforme o estatuto, a agremiação pode pedir afastamento por dois anos, mas o pedido da Caprichosos é por um ano.

“As escolas de samba têm uma vida independente da Liga, são apenas filiadas e sua participação no Carnaval ou não, conforme diz o estatuto da Liga, permite isso, que ela possa se afastar, em um período de até dois anos”, reforçou ao explicar que se decidir pelo retorno em 2021, a Caprichosos vai para o Grupo de Acesso, pois em 2020, será o último ano do Grupo Único.

“Em 2021, teremos o retorno de dois Grupos, Acesso e Especial, como foi decidido em assembleia. Então, caso a Caprichosos decida retornar, ela goza dos mesmos benefícios da Liga, mas volta abrindo o desfile em 2021 do Grupo de Acesso”, afirmou Martinez lamentando o afastamento da agremiação. “É uma escola de samba que cresceu e vem sempre disputando com as agremiações consideradas grandes na cidade”, destacou.

Em meio à decisão, Zezinho salientou que as escolas de samba, apesar de receberem recursos do poder público, não conseguem se sustentar. “Como vivemos numa cidade com mais de 100 mil habitante e com 10 escolas de samba que lutam para se manterem vivas na Avenida, o apoio da iniciativa privada é praticamente zero. Vejo como perda o afastamento da Caprichosos, porém, como a Marquês de Sapucaí fica como a única daquela localidade (bairros Generoso e Dom Bosco), que se faça proveito do material humano que a Caprichosos deixa, ou seja, deve ser o momento de trazer as pessoas que estavam na agremiação e que têm vontade de fazer Carnaval para somarem”, finalizou o presidente da Liesco.

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