PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Tradição de família, herdeiro de terceira geração dá continuidade às celebrações de São João

Leonardo Cabral em 21 de Junho de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Paulo Paes Vera dá seguimento à festa que teve início com a bisavó

Corumbá se prepara para reviver o ápice da festa do Banho de São João. A Ladeira Cunha e Cruz se transforma, na noite de 23 para 24 de junho, em um grande corredor para milhares de devotos. O ato, uma mistura de fé, devoção e tradição, remete ao batismo de João Batista nas águas do rio Jordão.

Cada canto do país tem sua maneira de festejar a data no mês de junho. Porém, o que diferencia Corumbá são as celebrações religiosas na casa de cada devoto até o grande dia, quando os andores são levados até a prainha do Porto Geral para a imagem de São João ser banhada nas águas do rio Paraguai. Uma tradição centenária, repetida a cada ano pelos festeiros da cidade.

E nos preparativos da festança, está Paulo Paes Vera, que há quatro anos assumiu a tradição que perpetua na família há quase 80 anos. Começou com sua bisavó, depois a avó, dona Natividade Paes, foi quem tomou a frente da festa, que hoje, ele faz questão de reforçar: “é tradição no Maria Leite e em Corumbá”.

“Eu me lembro do quintal cheio de gente. Rezávamos e depois íamos todos para o Porto Geral, em uma procissão com centenas de devotos louvando São João. É isso que fica na minha lembrança, de casa cheia e de gente do bem, renovando todos os anos a sua fé”, falou Paulo ao Diário Corumbaense.

Depois que dona Natividade faleceu, a mãe dele, Berenice Paes, assumiu a festa por 40 anos. “Ela fazia questão de reviver tudo aquilo que aprendeu com a bisa e com a mãe dela. E nós, sempre ao seu lado, observando tudo, rezando, festejando e pedindo proteção para estarmos sempre juntos celebrando São João”, relembrou.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Com os olhos cheio de lágrimas, devoto se emociona ao relembrar festa junto da mãe

Quando a mãe faleceu, a irmã de Paulo foi a sucessora, mas por problemas de saúde, teve que se afastar e ele, então, assumiu a responsabilidade de manter a tradição. “Isso aqui jamais pode parar. É a raiz da nossa família e da nossa gente. O mês de junho representa momento especial. É com muito amor, dedicação e fé que dou continuidade nessa festa linda que só cresce a cada ano que passa. Descer a Ladeira com a imagem do santo vai além da gratidão, é como se estivesse vendo o sorriso da minha mãe, a alegria da minha avó carregando o santo no meio da multidão. Fico arrepiado ao chegar no rio”, disse muito emocionado o festeiro Paulo que acabou não contendo as lágrimas e expressando um desejo. “Nada é para sempre. Quando eu me for, quero que meu filho mais velho siga com a nossa tradição. Isso tudo é história nossa”, afirmou.

Comunidade colabora

A festa na casa de Paulo Paes tem outros colaboradores. Vizinhos fazem questão de ajudar e apoiar a tradição. Com trabalho de “formiguinha”, a casa vai ganhando o colorido das bandeirolas e até mesmo um altar novo é construído para o andor, que é o único, segundo o devoto, a manter a moldura original com a imagem de São João Baptista.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Festa que é tradição na família Paes Vera, tem ajuda de amigos, vizinhos e familiares

E diante de tanta devoção, o andor participará pela terceira vez do concurso de andores e o responsável por toda a decoração será um “velho” amigo de infância, que também bastante emocionado, relembra dos festejos desde criança. “É uma gratidão ainda poder estar com ele e com a família toda reunida celebrando esse dia. Estar aqui e ver a casa cheia, remete a uma viagem ao passado, quando todos nós, crianças, corríamos enquanto nossos pais rezavam. E esse ano junto com a minha irmã, vamos decorar o andor do Paulo, sem mexer na moldura original e, então, dar mais brilho ao andor e prepará-lo para o concurso e para a descida”, falou Ronaldo César dos Santos, que também  ajuda Paulo na construção de um novo altar em sua casa.

A festa na casa de Paulo Paes Vera começa cedo no dia 23. Às 04h, o festeiro solta os fogos em homenagem a São João, avisando toda a vizinhança que na sua casa, por mais um ano, as celebrações irão acontecer.

Depois, às 07h, acontece uma missa, seguida do tradicional café da manhã para as crianças. Após isso, a família se prepara para a festa à noite. A descida do andor para o banho no rio é depois da reza. “É um momento em que mais uma vez, todos juntos, renovamos a nossa fé, crença e pedimos bênçãos”, finalizou o festeiro.

PUBLICIDADE