PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Onça parda é capturada no Aeroporto e volta ao Pantanal

Animal que estava desde sábado à noite no alto de uma árvore, no quintal de uma vila, caiu após ser alvejado por dardo sedativo, diante de multidão

Nelson Urt em 17 de Maio de 2009

Marcos da Silva

Walfrido Tomas, da Embrapa, e especialista em onça, João Batista, carregam o animal anestesiado

Depois de 16 horas e meia de operação, equipes da Embrapa Pantanal, Polícia Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros capturaram uma onça parda, de cerca de 40 quilos, que desde às 23h40 de sábado, 16 de maio, estava acuada no tronco de uma árvore “Sete Copas”, a uma altura de dez metros, no quintal de uma das cinco casas de um vila, entre as ruas Gonçalves Dias e Joaquim Venceslau de Barros, no bairro Aeroporto. A captura se deu neste domingo, às 16h10. Além dos moradores, mais de 200 pessoas passaram pelo local para ver ou tentar fotografar a onça, que ganhou o apelido de “Tieta”, embora fosse um macho adolescente, segundo biólogos da Embrapa Pantanal. Ela estaria fugindo das queimadas e buscou abrigo nas residências.  

A onça foi vista pelo morador Manoel Correa, que perto da meia-noite saiu para ir ao banheiro. Quando viu a onça em cima da caixa d'água, que fica no chão, a confundiu com a cadela do vizinho, chamada Bolinha.”Vem bolinha, vem...”, quando se assustou, estava diante da onça parda, e logo entrou. O Corpo de Bombeiros chegou e a onça subiu para a árvore, um pé de “Sete Copas”, e ali permaneceu até ser captura. 

Quando a onça caiu, após ser atingida por um dardo de anestésico, provocou um forte impacto no chão, apesar de amortecida pela rede. Um morador gritou: “Seus otários, mataram a onça”. Em seguida recebeu voz de prisão e foi detido por soldados da Polícia Militar. O médico veterinário do Ibama, Gerson Zahdi, examinou o animal e afirmou que não sofreu fratura na queda, somente esfoliações no peito. “Está apto a voltar para seu habitat, no Pantanal, agora mesmo, assim que passar o efeito do sedativo”, afirmou Zahdi.  

O veterinário Alexandre Cavassa, da Prefeitura de Corumbá, saiu contrariado da sede da Embrapa Pantanal com a decisão de liberar imediatamente o animal. “Com a queda, o animal sofreu forte impacto e deveria ser mantido por mais algumas horas em observação para sabermos como vai reagir. Não me responsabilizo pela decisão tomada de soltar imediatamente”, afirmou ao Diário, ao sair da Embrapa Pantanal, para onde o animal foi levado após a captura. 

No momento em que a onça, já sob efeito de sedativo, adormeceu e caiu da árvore, seu corpo sofreu um forte impacto no chão do quintal da casa, onde havia muito entulho,  apesar de escorada por uma grande rede colocada pela PMA. Especialista em captura de onça, João Batista Elias da Silva, de 47 anos, foi chamado pela Embrapa Pantanal, para atirar a dardo anestésico no animal. Na primeira tentativa, o tiro falhou e a seta não saiu. Na segunda, acertou a pata esquerda traseira, a onça saltou alguns galhos acima, mas em seguida adormeceu. Dois militares, um da PMA e outro do Corpo de Bombeiros, não chegaram a tempo de amarrar as patas do animal com cordas. A onça despencou de uma altura de dez metros e, apesar de amortecida por uma rede, seu corpo foi ao chão.  

João Batista Elias da Silva disse que queria, ele mesmo, após a sedação, retirar o animal, já que costuma usar outro método. “Eu simplesmente abraço o animal e trago para baixo. É um procedimento para oferecer menos riscos para o animal”, contou o especialista, que ainda tentou orientar os militares nesse sentido, mas não foi ouvido. A onça foi levada dentro de uma gaiola para a sede da Embrapa Pantanal, de onde seguiria para o Pantanal. A Embrapa não informou onde o animal seria solto, já que uma grande região do Pantanal está tomada por queimadas, o que teria feito que a onça procurasse a área urbana para sua sobrevivência. 

Walfrido Tomás, especialista em fauna silvestre da Embrapa Pantanal, coordenou toda a operação de captura. Ele veio de Campo Grande, onde faz palestra em um curso, nesta segunda-feira, trazendo duas espingardas de pressão cedidas pelo Ibama. Uma delas foi usada por João Batista para alvejar e paralisar o animal. “Esse tipo de trabalho sempre tem riscos, tanto para o animal como para as pessoas, tanto que a multidão furou o bloqueio e avançou para bem perto depois que o animal caiu da árvore”, afirmou Walfrido. “Mas tudo saiu bem, o animal, está bem, não quebrou nada, teve apenas um esfolamento no peito, e está pronto para ser solto e já vai estar caçando”, acrescentou.

 

 Clique aqui e veja mais fotos