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Velório de Izulina Xavier acontece na casa que artista transformou em "museu" da arte

Leonardo Cabral em 16 de Novembro de 2022

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Velório de dona Izulina teve início por volta das 16h20, desta quarta

Começou por volta das 16h20, desta quarta-feira, 16 de novembro, o velório da artista plástica, escultora e escritora Izulina Xavier, na casa que viveu por décadas, na rua Cuiabá, área central, espaço conhecido como Art Izu. O imóvel, com o passar dos anos, foi transformado pela artista em um "museu" da arte, com inúmeras obras esculpidas por ela.

Considerada uma das maiores representatividades da arte em Mato Grosso do Sul, Izulina morreu aos 97 anos, na manhã desta quarta-feira, na clínica em que estava internada para tratar de uma pneumonia.

Ela deixa um legado de muito amor e dedicação ao que de fato amava fazer. Esculturas em diferentes tamanhos, ganharam por suas mãos as mais diferentes formas, utilizando concreto, madeira, barro, pisos.     Muitas das imagens, religiosas e de animais da fauna brasileira e pantaneira. Sempre altiva, também se à literatura e teve livros publicados. 

Um dos 13 netos, o médico Cristiano Ribeiro Xavier, conversou com o Diário Corumbaense. Para ele, a avó deixa um grande ensinamento: “nunca é tarde para poder fazer e se dedicar ao que gosta”, se referindo ao trabalho como artista plástica, iniciado já na fase adulta.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Médico Cristiano Xavier, um dos 13 netos da artista, falou sobre legado e ensinamento deixados pela avó

“Para a gente foi um imenso prazer tê-la como avó, deixando como ensinamento que nunca é tarde para se fazer alguma coisa. Ela começou tarde a fazer as esculturas, escrever, fez muitos trabalhos que hoje podemos ver espalhados por nossa Corumbá, outras cidades de Mato Grosso do Sul, do Brasil, e em cidades da Bolívia e Paraguai. Era de fato, um ser incomparável, dócil, uma pessoa especial”, descreveu Cristiano.

O médico ressaltou que a avó, devido a idade, estava bastante debilitada nos últimos dias. “Ela estava internando com frequência, apresentava quadro de fraqueza, de desidratação. Pegou pneumonia, começamos o tratamento, veio para casa no final de semana, retornou na última segunda, para a clínica e veio a falecer nesta quarta por insuficiência respiratória”, contou.

Outra neta, Nicole Orro de Campos Nunes Xavier, de 13 anos, falou que sente muito orgulho da avó, mencionando os últimos dias dela em sua companhia. “Ela estava bem abalada fisicamente, fisionomia cansada. Mas, eu falava bastante com ela, mostrava desenhos para ela. Me orgulho bastante da pessoa que ela foi, sei que faz parte da história da cidade, acho muito bonito toda a obra dela. O trabalho dela tem que ter sequência. Eu pinto algumas vezes em tela, desenho também, herdei isso dela, minha grande inspiradora”, afirmou. 

Izulina Xavier teve quatro filhos e deixa, além de treze netos, 14 bisnetos. O sepultamento será nesta quinta-feira (17), às 09h30, no cemitério Santa Cruz. 

A relação com Corumbá

Diário Corumbaense

Entrevista com a artista em 2013

Em 2013, o Diário Corumbaense produziu com a artista um dos episódios da série “A História da Nossa Gente”. Nessa entrevista, ela contou a trajetória de vida e a relação com a cidade que a acolheu e a referenciou como ícone cultural.

A imensidão de água vista por ela, o rio Paraguai, foi uma das paisagens que chamaram a atenção da artista na época, começando assim, em 1944, seu amor e dedicação pela região.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Cristo Rei do Pantanal é uma das obras mais emblemáticas de Izulina Xavier

Entre tantos trabalhos e obras, uma das imagens com grande representatividade e de reconhecimento da artista plástica é o Cristo Rei do Pantanal, instalada de braços abertos no Morro do Cruzeiro. Concretizada em 2004, a obra é composta por outras 72 esculturas, no trajeto de subida do morro, representando as 14 estações da Via Sacra. O local tornou-se ponto turístico da cidade e também de eventos religiosos.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Por causa de uma promessa a São Francisco de Assis, Izulina se arriscou numa atividade que nunca tinha tido contato: esculpir em concreto

Outra escultura da qual a artista tanto se orgulhava é a imagem de São Francisco, que está no jardim da casa dela, de frente para a rua. A imagem foi uma das primeiras feitas por ela para cumprir uma promessa.  

Além das obras em concreto e madeira, Izulina se dedicou a escrever livros, entre eles, História de Cordéis, Contos Infantis, romances e peças teatrais. A artista que não frequentou a escola, provou que fazer o que mais gosta era possível.

“Eu gostei de Corumbá. Graças a Deus que eu vim parar aqui! Aqui foi a melhor coisa que me aconteceu”, disse em trecho da entrevista em 2013 ao Diário Corumbaense (veja o vídeo acima).

Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense

Dona Izulina foi aprendendo com o passar do tempo a esculpir suas obras e se tornou ícone da arte

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