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No "novo normal", tradição de Cosme e Damião se mantém em Corumbá

Rosana Nunes em 27 de Setembro de 2020

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Carregando mochilas, crianças e jovens percorrem ruas da cidade em busca dos doces

Seguindo a tradição, crianças, jovens e adultos, foram para as ruas de Corumbá, neste domingo (27), em busca dos disputados “saquinhos” de doces oferecidos pelos devotos de Cosme e Damião. Fogos de artifício anunciavam a entrega e a correria pelas ruas era certa. Os condutores de veículos precisaram de atenção redobrada para evitar acidentes.

Este ano, por causa da pandemia da covid-19, o desafio para os devotos foi se adaptar ao “novo normal” para evitar aglomeração. O devoto Nilo Bauroro Pinto, de 46 anos, que antes oferecia café da manhã, mudou para a distribuição dos saquinhos de doces.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

No bairro Cristo Redentor, ao invés de café da manhã, foram distribuídos saquinhos de doces

“Nós preparamos 250 pacotinhos e com a ajuda de vizinhos, estamos fazendo a distribuição, organizando a fila, com o álcool em gel em mãos. Eles pegam e vão embora”, contou ao Diário Corumbaense.

Nilo mora com a família na Alameda São Pedro, no bairro Cristo Redentor. Faz a distribuição de doces para manter a tradição e também já se organiza para o dia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, santa a qual é devoto. “A gente vai preparar marmitas para o almoço e vamos distribuir tickets para as pessoas. Elas vêm, pegam e vão embora. Dessa forma, cumprimos com a nossa devoção e não há aglomeração”, destacou.

O professor Rubens César Balejo, de 59 anos, e as duas filhas, distribuem os doces pelo segundo ano. Mas, desde a primeira vez, eles vão até os bairros mais carentes para entregar as guloseimas às crianças.

“Fizemos a promessa pela saúde de um grande amigo. Mas, ele se foi, pela vontade de Deus. Este ano, preparamos 300 saquinhos, tem muita criança que não sai para as ruas, então, levamos essa alegria para elas”, disse o professor Balejo.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Desde o ano passado, o professor Balejo e as filhas, fazem entrega delivery às crianças

Ele e as filhas fizeram a entrega seguindo as recomendações sanitárias, usando máscaras, luvas e álcool em gel. “Os saquinhos ficaram ‘recheados’ de balas, pirulitos, maria mole, rapadura e outras variedades”, contou a professora Grazielly Balejo, de 35 anos. “É uma sensação tão boa, trabalho com crianças e adoro ver o sorriso de satisfação no rosto delas”, completou sobre o sentimento de participar da distribuição.

História de Cosme e Damião

Os irmãos gêmeos Cosme e Damião eram médicos e viveram na Ásia Menor. Ficaram conhecidos porque curavam pessoas e animais sem cobrar dinheiro. Morreram por volta do ano 300 d.C. degolados, vítimas de uma perseguição do imperador romano Deocleciano. Na religião católica, o dia 26 de setembro lembra os jovens que pregavam os ensinamentos de Jesus Cristo. Eles são considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.

No Candomblé e na Umbanda, o dia de Cosme e Damião é 27 de setembro. Nessas crenças, eles são conhecidos como os orixás Ibejis. São filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Os devotos e simpatizantes têm o costume de fazer caruru (uma comida típica da tradição afro-brasileira), chamado também de “Caruru dos Santos” e “Caruru dos sete meninos” que representam os sete irmãos (Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi), e dar para as crianças. Na Igreja Ortodoxa, os santos são celebrados no dia 1º de novembro. Já os ortodoxos gregos comemoram em 1º de julho. São Cosme e Damião também são considerados protetores dos gêmeos e das crianças. Por isso, as pessoas criaram o costume de distribuir os doces para homenagear os santos ou cumprir promessas feitas a eles.

Com informações do Portal EBC. 

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