Silvio Andrade, da Assecom do Governo de MS em 18 de Agosto de 2020
Chico Ribeiro/Governo de MS
Estiagem é um dos fatores que implicam diretamente na limitada operacionalidade do rio
A prolongada estiagem, no entanto, é apenas um dos fatores que implicam diretamente na limitada operacionalidade do rio, que integra um dos maiores eixos continentais de integração comercial do Brasil com seus parceiros latinos. A falta de investimentos do governo federal em infraestrutura, nas últimas décadas, colocou a Hidrovia do Paraguai – corredor estratégico para potencializar economicamente o Estado – em um modal de baixo rendimento.
“O cenário que estamos vivenciando agora com as limitações de calado expõe, na verdade, as mazelas do nosso sistema hidroviário”, afirma Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). Ele cita dois fatores que precisam ser atacados urgentemente: o alto nível de assoreamento do rio, com dragagem de manutenção, e a melhoria da sinalização náutica.
Navegação no limite
Para o secretário, são limitações que, se resolvidas tecnicamente e com investimentos, hoje poderiam tornar a hidrovia plenamente navegável em condições mais críticas. “O governo do Estado criou uma linha estratégica e vem tratando isso conceitualmente com Brasília, em uma ação conjunta também com o Paraguai e a Bolívia, no sentido de trazer a Hidrovia do Paraguai para o patamar de discussões dos grandes eixos rodoviários e ferroviários”, ponderou.
Chico Ribeiro/Governo de MS
Há uma previsão de sair por rodovia pelo menos 1,7 milhão de tonelada de minério de Corumbá
“Estamos no limite, a hidrovia vai parar”, afirmou o empresário Peter Feter, um dos proprietários do porto. O baixo nível do rio no trecho brasileiro da hidrovia não é o único entrave para os comboios que saem de Corumbá, Ladário e Murtinho, hoje com 30% a 40% menos de cargas. As maiores restrições estão no lado paraguaio, na região de Valemi, onde há concentração de rochas. O trecho que limita o calado vai de Murtinho a Assunção.
Frete aumentou 30%
Os operadores já contabilizam os prejuízos: além de não cumprirem os contratos, as condições de navegabilidade na hidrovia encarecem o frete em 30%, segundo Peter Feler. A rotatividade dos comboios, na rota Ladário-Rosário, subiu de 40 para 60 dias, e a partir de Murtinho, de 30 para 47 dias. “Muito passos de pedra”, explica Osvaldo Filho, gerente da FV Cereais. A soja estocada nos terminais está retornando às rodovias em direção aos portos de Santos e Paranaguá.
“O nosso governo criou uma política pública para potencializar a nossa estrutura portuária e atrair novos investimentos no setor, como ocorre em Porto Murtinho, onde tivemos uma baixa expectativa nas exportações devido de bater recorde no ano passado”, observa o secretário Jaime Verruck. O mesmo ocorre, segundo ele, com o minério de ferro de Corumbá, onde há um estoque elevado e a alternativa da Vale foi transportar de caminhão até Santos.
Recuperar a ferrovia
A queda abrupta nas exportações fluviais, explica o secretário, ocorre num momento favorável as comodities de Mato Grosso do Sul com um mercado internacional aquecido em termos de preços e demandas. Há uma previsão de sair por rodovia pelo menos 1,7 milhão de toneladas de minério de Corumbá, até meados do próximo ano. Isso ocorre, também, pelo abandono da Ferrovia Malha Oeste, que seria a alternativa de transporte nesse momento.
“O cenário nos mostra a grande necessidade de retomada desse modal, dentro de uma estratégia global de transportes e vital para o fluxo das exportações a custos competitivos. O governo do Estado está buscando a relicitação da concessão da Malha Oeste”, observou. A garantia de transporte é fundamental, segundo o secretário, lembrando que, por conta do colapso na hidrovia, hoje existe um represamento muito grande de mercadorias.
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