PUBLICIDADE

Moradores e familiares de vítimas de acidentes no anel viário pedem tráfego mais seguro

Leonardo Cabral em 20 de Fevereiro de 2020

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Moradores e familiares pediam por mais segurança no anel viário

Moradores e familiares de pessoas que perderam a vida em acidentes de trânsito, no anel viário, trecho da BR-262, na parte alta de Corumbá, realizaram uma manifestação nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, para pedir medidas de segurança na área. A via ficou interditada durante a mobilização. Caminhões, carros e motos foram impedidos de trafegar na região. A rua João B. Motta, que dá acesso a BR-262, também foi interditada. 

Com faixas e pedaços de galhos, os manifestantes, incluindo moradores dos conjuntos habitacionais Corumbella II e Flamboyant, reivindicaram mais segurança no tráfego de veículos, principalmente os pesados, caminhões e carretas.

Fernanda Justiniano, prima de Maykon dos Santos de Almeida, que morreu aos 18 anos, após colisão entre a motocicleta que ele conduzia e um ônibus terceirizado no dia 12 de agosto do ano passado, lembrou que já foram três mortes de lá para cá no anel viário e que algo tem que ser feito.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Fernanda Justiniano disse que medidas emergenciais precisam ser ser tomadas

“Com a última morte registrada aqui na semana passada, foi o terceiro óbito em um período curto de tempo, entre eles está o meu primo. Aqui nessa área sabemos que é uma BR, mas os limites de velocidade têm que ser respeitados e não é isso que acontece. Vemos caminhões, carros pequenos e até mesmo motos passando em alta velocidade. São necessários radares, quebra-molas, iluminação, enfim, que algo seja feito de imediato. Meu primo morreu em plena luz do dia, quantas pessoas mais vão ter que morrer para que algo seja feito?”, disse Fernanda ao Diário Corumbaense.

Bastante emocionado ao se lembrar do sobrinho, que faleceu na última semana, José de Souza Silva, tio de Rafael Miguel da Silva, de 20 anos, que teve uma morte trágica ao colidir sua moto contra um caminhão no dia 14 de fevereiro, pediu agilidade das autoridades responsáveis. 

“A gente sabe que a dor fica e que não teremos eles de volta, mas estamos aqui reivindicando por outras vidas, para que mais famílias não passem pelo sofrimento que estamos enfrentando. Queremos chamar a atenção das autoridades competentes, pois o que podemos fazer é pedir para que algo seja feito imediatamente. Que eles possam colocar radares, quebra-molas, tartarugas, faixa de sinalização, placas alertando a velocidade que deve se atingida, iluminação, pois aqui é muito escuro à noite, sem contar que o tráfego de caminhões é intenso, já que aqui temos muitas transportadoras. Fazer algo imediato é necessário”, pediu José da Silva.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

José de Souza falou que um abaixo-assinado está sendo preparado para ser levado às autoridades competentes

Ele ainda informou que um abaixo-assinado de famílias e moradores está sendo feito. “Vamos recolher as assinaturas e encaminhar para as autoridades competentes, como DENIT, PRF, Agetrat, Ministério Público, enfim, para que haja agilidade na solução, pois do jeito que está, não pode ficar”, completou.

Moradora do Conjunto habitacional Flamboyant, Joyciane Quiantareto, que perdeu em um acidente na BR-262 o irmão, a cunhada e o sobrinho no dia 31 de janeiro deste ano, pediu para que as autoridades “acordem” diante da situação.

“Quantas pessoas mais terão que morrer para que alguma providência seja tomada? Aqui foram construídas  casas populares e além de veículos há o tráfego de pedestres que também é intenso, ainda mais no horário de pico, onde muitos voltam pra casa, vão buscar seus filhos na escola, que fica aqui próximo. Todos os dias a nossa luta é saber se vamos voltar vivos devido a esse problema que vem piorando cada vez mais. Que alguma providência seja tomada, pois perdi meu irmão, cunhada e sobrinho num acidente de trânsito na BR-262 e até agora não sabemos as causas reais dessa perda, estamos aguardando a perícia”, desabafou a moradora.

Outras pessoas, que perderam parentes em acidentes em outros pontos da cidade, também se juntaram à mobilização. Júlia Almeida, moradora do bairro Centro América, que perdeu a filha de 19 anos, em 2010, no bairro Maria Leite, ao ser atropelada por um caminhão, falou que há dez anos convive com a dor de não ter mais a sua companheira ao seu lado e ao ficar sabendo da manifestação, resolveu participar.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

BR-262 ficou interditada parte da manhã desta quinta-feira (20)

“Peço justiça, pois até hoje não tenho resposta pela morte dela. Me junto a essas famílias, pois sei a dor que eles enfrentam, afinal, convivo com isso há 10 anos. Eu não tenho nenhuma resposta, nada foi resolvido, somente a minha perda, por isso que estou aqui hoje, todos os responsáveis estão impunes. Quantas mães mais vão ter que enfrentar essa dor que estamos passando?”, disse emocionada.

O anel viário, trecho da BR-262, é uma rodovia federal e a responsabilidade na manutenção, instalação de sinalização e reparo é do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT). A Polícia Rodoviária Federal (PRF), que esteve no local organizando o tráfego de veículos durante o protesto, é a responsável pela fiscalização junto com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 

Últimas mortes no anel viário

O último caso de morte no anel viário, foi o de  Rafael Miguel da Silva, de 20 anos, que era militar do Exército Brasileiro. Ele morreu na noite do dia 14 de fevereiro, após colidir a moto que pilotava em um caminhão. O acidente aconteceu nas proximidades do Conjunto Corumbella II. Rafael teve o corpo decepado ao meio na colisão. O motorista do caminhão alegou não ter percebido o jovem em sua moto.

Uma semana antes, no dia 08 de fevereiro, Robson Farias, de 25 anos, morreu após ter sido atropelado por um veículo. Ele estava de bicicleta quando foi atingido. O atropelamento foi próximo a uma escola municipal; o motorista fugiu sem prestar socorro à vítima, que morreu na hora.

Já Maykon dos Santos de Almeida, de 18 anos, morreu após colisão entre motocicleta e um ônibus terceirizado, no dia 12 de agosto de 2019. O acidente aconteceu na rua José Maciel de Barros, bairro Guatós, trecho do anel viário. No impacto, Maykon sofreu traumatismo craniano severo com perda de massa encefálica e morreu no local. 

PUBLICIDADE