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Com foco na geração de renda, estudantes da EJA desenvolvem projeto “Bolsas Recicláveis”

Leonardo Cabral em 30 de Setembro de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Alunas realizando a confecção das bolsas recicláveis junto ao professor e idealizador do projeto, Flávio Papa

Os banners de propaganda publicitária, feitos de lona, que ficam espalhados pelos quatro cantos da cidade e que após o período de veiculação acabam descartados em qualquer lugar, estão ganhando uma nova utilidade nas mãos das alunas da Escola Municipal Ângela Maria Perez, localizada no bairro Jardim dos Estados, parte alta de Corumbá. A ideia faz parte do projeto “Bolsa Reciclável”, idealizado pelo professor de informática, Flávio Papa, juntamente com as estudantes da 4ª fase da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O projeto foi elaborado a partir da necessidade de fomentar a formação de alunos conscientes em relação à preservação do meio ambiente, seguindo também a proposta da EJA, este ano, de fomentar o trabalho profissionalizante junto aos alunos.

“Esse é um projeto que o meu núcleo de tecnologia educacional desenvolveu para 2019,  com foco na Bioeconomia, onde buscamos trabalho que tivesse renda para os alunos. Como sou biólogo e com a experiência que tenho, surgiu a ideia de desenvolver esse trabalho das bolsas recicláveis, que também atende a proposta da EJA, que é intensificar o lado profissionalizante dos estudantes”, explicou o professor Flávio Papa ao Diário Corumbaense.

Ele ainda ressalta que com o trabalho, o projeto reflete diretamente na aprendizagem e conscientização, ainda mais em relação ao meio ambiente, trazendo a palavra “reutilizar”, que está inserida nos objetivos do conceito dos “3Rs”: reduzir, reciclar e reutilizar.

“Isso vem sendo difundido em prol da sustentabilidade no mundo todo. E o principal do projeto que vai além da aprendizagem, é possibilitar para essas alunas a profissionalização ligada diretamente na renda extra, pois com a confecção das bolsas recicláveis, elas têm essa possibilidade”, frisou Flávio que está orgulhoso com do resultado do projeto.

“Nossas expectativas foram superadas em 300% e a escolha dos banners é pelo fato dele ser mais resistente e fácil para se trabalhar, por ele ser, na maioria das vezes, mais detalhado nas cores, na arte, e isso se une a criatividade das alunas, que deixam as bolsas ainda mais coloridas e bonitas”, completou.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Projeto só ganhou seguimento, graças ao apoio de outros profissionais que atuam na escola

Porém, o projeto só ganhou seguimento, graças ao apoio de outros profissionais que atuam na escola, como no caso da coordenadora pedagógica, Minira Franco dos Reis, responsável em trazer a única máquina de costura, utilizada pelas alunas na confecção das bolsas.

“O professor Flávio veio procurar apoio e para realizar o projeto, ele precisava de uma máquina de costura, foi então que consegui viabilizar. Vejo isso como uma oportunidade de trabalho para elas, além do aprendizado que vale para toda uma vida e jamais esquecerão. É muito gratificante para nós profissionais da educação poder ver a concretização dessa ação dentro da escola. Aprender nunca é demais e não ocupa espaço”, ressaltou Minira.

Frequência na escola

Incentivadas pelo projeto, as alunas se entusiasmaram com as  bolsas recicláveis. E isso vem refletindo também dentro da sala de aula, não só no comportamento, mas também na aprendizagem e, o principal, na frequência às aulas.

Rozenir Araújo Morais, do último ano do ensino fundamental, por exemplo, disse estar bem estimulada pelo projeto que participa. “No começo é bem difícil, mas nós nos adaptamos muito bem. Trabalhamos de dia e à noite, querendo ou não, bate aquele cansaço, porém, com a confecção das bolsas isso nos dá mais ânimo de vir e estudar, refletindo diretamente no nosso desempenho dentro da sala de aula em outras matérias. Inclusive tem colegas minhas que estão indo além, elas estão customizando as bolsas e espero também fazer o mesmo, já que isso nos dará uma renda extra no final do mês”, disse Rozenir que já está vendendo bolsas pelo valor de R$ 30,00.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Projeto foca na profissionalização e geração de renda das alunas da EJA

Tendo contato pela primeira vez com uma máquina de costura, a estudante Jucélia de Moraes Miranda, que também está na 4ª fase do ensino fundamental da EJA, se diz muito incentivada com tudo que aprendeu. “Eu não sabia manusear uma máquina de costura e aqui na escola foi meu primeiro contato e está sendo bem gostoso aprender. O projeto, além de nos ensinar uma profissão, possibilita ganharmos nosso próprio dinheiro com as bolsas recicláveis. É tão bom aprender sempre”, declarou Jucélia.

Reforçando a palavra “deu certo”, a diretora adjunta da escola Ângela Maria Perez, Renilda de Arruda, disse que com o projeto, foi possível sentir um novo comportamento das alunas. “É um trabalho importantíssimo. Elas estão envolvidas de uma forma tão intensa que não deixam de vir às aulas, pois como sabemos, muitas vezes a EJA acaba tendo desistências”, pontuou Renilda.

O projeto também tem apoio dos profissionais de educação Roberto César e Cilene Gonçalves.

Bolsas podem ser levadas às compras

As peças desenvolvidas nesse projeto, além do valor simbólico e de mercado agregado, servem para ir às compras (mercados, feiras). São resistentes e confeccionadas de maneira responsável, carregando em sua confecção o valor do desenvolvimento sustentável. A modelagem se deu em formato quadrado ou retangular de diversos tamanhos. É utilizada máquina de costura reta com agulha nº 16 e de linha 100% poliéster. O tempo estimado de produção é de meia hora a quarenta e cinco minutos por unidade, e pode suportar peso de 5 a 10 quilos sem objetos perfurantes.

Os interessados em doar os materiais, no caso os banners, para que as alunas possam seguir na confecção das bolsas recicláveis, podem entrar em contato com a escola pelo telefone: (67) 3907-5362 ou com o professor responsável pelo projeto (67) 99172-3862. O valor das peças depende do design e do tamanho de cada unidade. 

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Valor das bolsas depende do design e tamanho

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