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No 10º júri, homem se estapeia, chora e pede indenização por ser preso

Campo Grande News em 23 de Agosto de 2019

Reprodução

Nando, literalmente, arrancou os cabelos na manhã de hoje durante julgamento

Sentado no banco dos réus pela primeira vez, Luiz Alves Martins Filho, o Nando, se estapeou durante o seu 10º julgamento. Até agora, todas as participações eram por videoconferência. Hoje, ele surgiu em grande estilo. Chorou, puxou os cabelos e deu tapas no próprio rosto diante do júri. Ele garante que apanhou da polícia para confessar os crimes atribuídos a ele e ameaça pedir indenização por ficar preso injustamente. Até agora, Nando já foi condenado a 104 anos e 10 meses de prisão.

O 10º julgamento do réu acontece desde as 08h desta sexta-feira (23), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum de Campo Grande. Nos outros júris, Nando participava por videoconferência, pois fazia tratamento contra tuberculose. "Esse é o primeiro julgamento que ele participa de forma presencial, porque recebemos laudo afirmando que está curado da tuberculose", disse o juiz Aluízio Pereira dos Santos. 

Nando é julgado pelo assassinato de Eduardo Dias Lima, 15 anos, que na época era conhecido por Eduardinho, no Bairro Danúbio Azul. O adolescente foi asfixiado com uma correia de máquina de lavar roupa por furtar a casa do réu. O crime aconteceu no dia 02 de dezembro, na rua dos Astronautas, no Jardim Veraneio. Após o assassinato, o corpo do garoto foi enterrado pelos acusados. Os restos mortais da vítima nunca foram localizados. Acusado de participação no crime, Michel Henrique Vilela Vieira, 24 anos, recorreu do julgamento e aguarda decisão da Justiça. 

Gritando e chorando, Nando disse ao juiz que não matou ninguém. “Eu falei que era eu, eu falei que era eu, eu falei que era eu...”. Nesse momento, ele começou a se estapear e continuou dizendo: “Eu falei que era eu que tinha matado todo mundo. Eu não matei ninguém. Se eu tivesse que matar eu ia matar a desgraça que matou a minha família e quem me colocou na cadeia por um estupro, sem provas".

Entre frases desconexas, Nando afirma que vai pedir indenização por ficar preso. “Eu quero entrar com indenização por danos morais, por eu ter ficado preso, por não ter estuprado ninguém. Olha o estado que eu estou aqui no júri.”

Para o juiz, o fato de o réu se estapear durante o julgamento é impactante, porém tal comportamento serve de elemento para o júri composto por sete pessoas, sendo cinco mulheres e dois homens. "Se é teatro ou sentimento de quem se sentiu injustiçado, essa visão é o jurado que tem que ter, até porque chorar é dizer que é inocente todo mundo faz".

Henrique Kawaminami/Campo Grande News

Nando deixando o Fórum; ele usa bolsa de colostomia

O magistrado lembrou que no processo tem a confissão dele, depoimento de testemunhas acusando-o, além da indicação exata do local onde os corpos estavam, que eram lugares ermos e de difícil acesso. 

Depois de ser retirado do Tribunal do Júri e dentro de sala do Fórum de Campo Grande bater com a cabeça três vezes contra a parede, Nando, foi levado em ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para o CRS (Centro Regional de Saúde) do Tiradentes onde passará por avaliação médica.

Outras acusações

No começo de junho, Nando foi julgado pela morte de Alex da Silva Santos, 18 anos, assassinado em 2016 na rua dos Astronautas, no Jardim Veraneio. Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o jovem foi estrangulado pelo serial killer com uma correia de máquina de lavar roupas e depois foi enterrado clandestinamente no cemitério do Jardim Veraneio.

Nando é apontado como autor de uma série de assassinatos no bairro Danúbio Azul. As vítimas eram, pelo menos na maioria, jovens e mulheres envolvidas com consumo de drogas e inseridas em contexto de vulnerabilidade social. Nando é acusado de ter matado pelo menos 16 pessoas, entre os anos de 2012 e 2016.