Lívia Gaertner em 06 de Março de 2019
Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Padroeiro da escola, São Jorge, foi levado no pavilhão da escola
Fundada na década de 70 pelo "seo" Ney, a escola levou a maioria das notas 10 e contabilizou 179,6 pontos. Na batida guerreira de São Jorge, o desfile da A Pesada mostrou que a comunidade vinha com “unhas e dentes” para retomar o título do carnaval de Corumbá.
“É uma sensação de dever cumprido. Esse título vai para meu pai”, disse Neydivaldo Colombo, o Gugu, filho do seo Ney da Pesada, momentos após a apuração.
A escola não poupou em diversidade de alas que fizeram uma das maiores apresentações em número de foliões na primeira noite de desfile das escolas de samba, superando tranquilamente os mil componentes.
Já na comissão de frente, que representou os “Mensageiros da Fé”, a coreografia foi marcada por passos e movimentos firmes. No carro abre-alas, confeccionado para representar a família de Jorge da Capadócia, os personagens foram representados por integrantes da família Colombo, fundadora da A Pesada. O patriarca, Neydival Colombo, usou uma fantasia toda dourada e foi muito saudado pelo público.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Carro abre-alas trouxe fundador como destaque
Ainda no primeiro setor da escola, a origem e a história de Jorge que se atrelaram ao Cristianismo trouxe povos antigos e do Oriente com seus costumes e tradições. A luta do Bem contra o Mal mostrou como Jorge não desviou de sua fé cristã e venceu os desafios.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Wal Araújo e Franciele Ramalho, trouxeram fantasias luxuosas representando os símbolos sagrados, a cruz cristã, e a própria imagem de São Jorge estampada no pavilhão da escola.
Como uma das características da escola, o casal mirim de mestre-sala e porta-bandeira e ala infantil, Ibejis, também marcaram presença na apresentação que cumpriu com o tempo máximo estipulado em regulamento, que é de 75 minutos para cada agremiação.
Os carros alegóricos, cinco no total, esbanjaram nas alegorias e em grandes fantasias, muitas das quais concorreram no tradicional concurso do Corumbaense.
Comandada pelo mestre João Victor Ibarra, a bateria Pulso Forte, um dos pontos altos da escola, veio marcante como sempre com sua pegada forte, reforçada pelos toques dos atabaques, instrumentos ritualísticos da Umbanda e Candomblé. À frente dos 100 ritmistas, a rainha da bateria, Sâmya Cristine, perpetuando por mais um ano seu reinado, veio como Sabra, filha do rei Etíope que esperava o dragão que foi abatido por São Jorge.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Bateria Pulso Forte veio com atabaques reforçando seu som característico
O sincretismo religioso também foi lembrado com a presença de Ogum, orixá da guerra. E como é atribuído ao santo a imagem estampada na Lua, satélite natural cultuado pelos povos indígenas brasileiros, a lenda de Jaci ganhou lugar dentro do desfile.
A ala das baianas representou a “banana prata”, fruta ofertada, dentro da Umbanda, a Ogum. No esporte, o popular Corinthians, que assim como A Pesada, tem o São Jorge como padroeiro, ganhou uma ala dentro da apresentação.
Uma das inovações da escola foi a ala plus size onde mulheres com manequim a partir do 48 mostraram muito samba no pé ao representarem as mães de santo com suas roupas brancas.
Grêmio Recreativo Escola de Samba A Pesada
Fundação: 06/01/1970
Presidente: Neydival Colombo
Cores: azul, amarelo, rosa e branco
Carnavalesco: Marcos Rorras
Enredo: São Jorge, o Santo Guerreiro da Fé
Samba-enredo: São Jorge, o Santo Guerreiro da Fé
Compositor: Paulo Cesar Uig, Marquinhos do Banjo, Gugu das Candongas e Roger Linhares
Intérprete: Denílson, Zeca e Lilico
Mestre de Bateria: João Victor Ibarra
Número de componentes: 900
Número de alas: 19
Número de carros alegóricos: 05 carros + 01 tripé
Componentes da bateria: 100
Porta-bandeira: Franciele Ramalho
Mestre-sala: Val Araújo
Rainha da bateria: Sâmya Cristine
Samba-enredo: São Jorge, o santo guerreiro da fé
Compositores: Paulo Cesar Uig, Marquinhos do Banjo, Gugu das Candongas e Roger Linhares
Saravá Ogum Megê, Saravá Ogum Iara!
O samba eu vi nascer, na gira desse congá
Saravá!
Abra os caminhos que a pesada vai passar
Vem do céu
A estrela que me guia
A fé no meu Senhor
É a cruz, símbolo do amor
Nasce o menino da esperança
Vira um soldado do imperador
É da Capadócia a herança
Jorge! Homem valente
A sua lenda vai além do Oriente
Na Terra Brasilis, ele chegou
É padroeiro do conquistador
Ele mora na lua, tupiniquim
Do seu cavalo branco olhando por mim
A tribo se enfeita, pra ver o luar
Guaraci se deita, pra Jaci brilhar
O negro traz a sua fé
A sua igreja é terreiro de candomblé
São Jorge Guerreiro é seu orixá
Oferendas vou te ofertar
Tem alegria esse povo de Aruanda
O seu tambor no cangerê vai ecoar
Filho de Ogum vence demanda
Salve todos Orixás
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