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Com altura negativa de 60 cm, rio Paraguai iguala segunda maior seca da história

Rosana Nunes em 09 de Outubro de 2024

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Maior ciclo de seca registrado no Pantanal foi de dez anos consecutivos (1964 a 1973)

Após quatro dias estacionado em -059 cm, nesta quarta-feira, 09 de outubro, o rio Paraguai igualou à segunda maior seca da história, com 60 centímetros negativos na régua do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, de Ladário, órgão subordinado ao Comando do 6º Distrito Naval. A marca havia sido registrada em 2021, mais precisamente nos dias 16 e 17 de outubro. 

Em 1964, o rio teve sua vazante mais rigorosa chegando aos -61 cm (em setembro) na régua de Ladário. Monitorando o comportamento do rio Paraguai desde 1900, a estação do município vizinho a Corumbá, é considerada referência termômetro para medir o grau da estiagem no bioma Pantanal.

Reprodução

Dados da Marinha do Brasil nesta quarta-feira

O maior ciclo de seca registrado no Pantanal foi de dez anos consecutivos (1964 a 1973). Nesse ciclo, o nível mínimo foi de 61 centímetros abaixo do zero da régua, ocorrido em 1964, segundo a Embrapa Pantanal.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa. No caso de Ladário, por exemplo, abaixo da cota zero, o rio Paraguai ainda possui cerca de 5 metros de profundidade, conforme dados da Marinha.

Com a marca de -60 cm de altura atingida nesta quarta, o Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, mostra que o rio Paraguai está 2,62 metros abaixo do nível de redução – profundidade de referência que ainda garante segurança para quem navega utilizando as cartas náuticas.

O que representa

Ao site Campo Grande News, o pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani, chama atenção que é "preciosismo demais" se ater à melhor ou pior marca já registradas. O mais importante é olhar para a estiagem que o rio Paraguai enfrenta desde 2019. Desde aquele ano, o principal afluente da Bacia deixou de registrar o nível esperado para transbordar e inundar o Pantanal por tempo suficiente.

O pesquisador usa como referência os dados da Marinha por serem os mais antigos, consistentes e seguros. "A previsão é que 'estacione' por alguns dias, mas ainda esta semana atinja o nível mais baixo em 124 anos de monitoramento", afirmou Padovani.

Ele ainda explica que é possível que a estiagem enfrentada agora se estenda por mais tempo que no período de 1964 a 1973. "A gente não sabe ainda quanto vai durar, mas estamos na metade do período que ocorreu", falou.

Desconexão

É o rio Paraguai que torna o Pantanal a enorme planície alagável do mundo e o diferencia do Cerrado, continua o membro da Embrapa. Explicando essa relação, Padovani afirma que "o rio Paraguai está perdendo a conexão com o Pantanal".

"O transbordamento do rio é que faz a conexão, a comunicação, com o Pantanal. Chove no planalto e cai para a planície pantaneira e depois na vazante. Esse processo é muito importante no Pantanal, caracteriza o Pantanal e o diferencia do Cerrado. Esse outro bioma não tem um rio que transborda e inunda áreas enormes assim como o Pantanal", frisou. 

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