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Alvos de operação da PF são empresários e fazendeiros "conhecidos" em Corumbá

Aline dos Santos - Campo Grande News em 20 de Setembro de 2024

Divulgação/Polícia Federal

Policiais federais durante cumprimento de mandados

Empresários e fazendeiros da “alta sociedade” de Corumbá são os alvos da operação Prometeu, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (20).

A ação combate crimes de incêndio, desmatamento e grilagem de terra pública no município, que abriga a maior parte do Pantanal. O bioma tem sido assolado desde junho por incêndios, numa temporada do fogo ainda mais arrasadora do que em 2020.

Nesta sexta-feira, as equipes cumpriram sete mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal de Corumbá. Conforme o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Carlos Henrique Cotta D’Angelo, os alvos são empresários e produtores de gado “conhecidos na sociedade” de Corumbá.

“Já arrecadamos vários documentos, aparelhos celulares, computadores, para comprovar toda essa situação de ilegalidade. Quer seja da ocupação da área, quer seja do uso do fogo e da comercialização irregular ou ilegal do gado”, afirmou o chefe da PF.

Divulgação/Polícia Federal

Armas e munições apreendidos em dois endereços

Durante a operação, foram apreendidas armas – rifle, carabina e revólver – em dois endereços. Mas as pessoas presas em flagrante já pagaram fiança. A investigação apontou que área pública de 6.419 hectares vem sendo utilizada para exploração econômica por meio da pecuária. 

“Os levantamentos constataram que é uma área da União, é terra devoluta. Então, a pessoa está sendo investigada porque, em princípio, está explorando, grilando uma terra da União. Além disso, ela se vale do fogo para queimar a vegetação natural e depois explorar como pasto”, explicou o superintendente da Polícia Federal.

Divulgação/Polícia Federal

Buscas apontam para a existência de pelo menos 2.100 bois na área da União, que serão apreendidos. Contudo, estima-se a criação de mais de 7.200 animais em todo o período investigado. A ofensiva é em conjunto com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal). A terra será embargada.

“Considerando a situação do fogo no Pantanal, observado inicialmente em julho, nós instalamos um gabinete de crise em Corumbá. Desde então, estamos analisando imagens de satélite que indicam os locais dos incêndios. Nós observamos que essa fazenda, especificamente, foi queimada em julho. A gente começa a analisar imagens de satélite de outros anos e verifica que em 2020 era uma área preservada”, frisou D’Angelo. 

Em 2020, a vegetação teve o primeiro incêndio, mas o fogo se tornou rotina ao longo dos anos. A área pública passou a ser utilizada para a pecuária, com exploração extensiva de gado.

A perícia da Polícia Federal identificou dano de R$ 220 milhões na exploração da área pelo grupo investigado. “Esse prejuízo leva em consideração uma série de fatores que a perícia analisa. A bem dizer, o dano ambiental é imensurável. São espécimes que morrem, é uma série de consequências. Mas existem parâmetros. Consideram-se o bioma, a área, o período de fogo”, enfatizou o superintendente.

O grupo investigado deve responder por provocar incêndio em mata ou floresta, desmatar e explorar economicamente área de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.