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Jovem envolvido em acidente fatal no autódromo da Capital vai responder em liberdade

Campo Grande News em 03 de Junho de 2024

Marcos Maluf/Campo Grande News

Moto de Nicholas sendo levada para delegacia da Polícia Civil

A Justiça concedeu liberdade provisória do servidor público Lucas Eduardo de Oliveira Dihl, de 20 anos, preso em flagrante por envolvimento no acidente que levou à morte de Nicholas Yann dos Santos de Jesus, no Autódromo Internacional de Campo Grande. A decisão foi do juiz Luiz Felipe Madeiros Vieira em audiência de custódia realizada nesta segunda-feira (03).

O magistrado levou em conta o fato de o rapaz ter emprego fixo. Lucas Eduardo informou que é recepcionista do posto de saúde de Rochedo, distante 83 quilômetros da Capital. "Destarte, embora exista prova da existência do crime e em indícios suficientes de autoria, a prisão preventiva não se afigura necessária no caso em tela. Não se encontrando as situações de necessidade de garantia à ordem pública ou econômica, ou de ameaça ou risco à instrução processual ou à correta aplicação da lei penal", detalha a decisão judicial. 

Lucas Eduardo foi preso na manhã de ontem (02) na Santa Casa. Na hora do acidente, o rapaz e a vítima estavam empinando suas motocicletas, momento em que bateram um no outro. A passageira da motocicleta de Lucas quebrou o braço e também precisou de atendimento médico.

A defesa lamentou o acidente que matou Nicholas, e afirma, em nome do rapaz e da família que foi uma fatalidade. O caso aconteceu na madrugada de domingo (02) em evento clandestino.

O advogado Leonardo Nunes Cunha classificou o acidente como um episódio trágico e que vitimou precocemente o jovem Nicholas. Além disso, ele afirma que Lucas está muito abalado com tudo o que aconteceu. “Esse acidente nunca foi quisto e sequer previsto por Lucas ou qualquer pessoa presente, uma fatalidade que a todos remetem condolências”, afirmou. 

Nicholas foi velado e sepultado na manhã de hoje no Cemitério Parque de Campo Grande. Amigos e familiares não quiseram falar sobre o caso.

Fatal

Segundo a Polícia Civil, o evento organizado pelo influenciador Rodolfo Manolo, de 40 anos, e por homem identificado como “dono do Autódromo”, de nome João Pedro, reuniu 2 mil pessoas e os motociclistas que participavam da festa faziam manobras perigosas sem usar capacetes.

De acordo com o boletim de ocorrência, socorristas particulares, contratados pelos organizadores do evento, foram quem prestaram atendimento a Nicholas. Conforme relatado por um dos profissionais, ao chegarem na pista de corrida, três pessoas estavam caídas no chão. Nicholas tinha sinais vitais, foi imobilizado e colocado na maca.

Os socorristas o colocaram em um veículo Volkswagen Amarok que servia de ambulância e seguiram a caminho da Santa Casa. Testemunhas chamaram o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que interceptou a caminhonete na BR-262, mas o jovem morreu antes mesmo de ser transferido de ambulância. 

Sem alvará

A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Campo Grande, informou, por meio de nota, que não recebeu nenhum pedido de autorização para a realização do evento Motor Sound Brasil, o que seria obrigatório para a categoria da festa. “Portanto não foi emitido nenhum alvará”, diz a pasta, deixando claro se tratar de encontro clandestino.

Além disso, a Funesp (Fundação Municipal de Esportes) afirma que o autódromo não está sob administração da Prefeitura de Campo Grande desde 2019. “O local é uma área de administração privada e foi ferida pela fundação de 2008 a 2019”, finaliza o documento.

À reportagem, homem identificado como “dono do autódromo”, afirmou que a família dele paga cerca de R$ 50 mil em documentos e que nenhum evento realizado no local é “ilegal”. Em mensagem de áudio, ele se identifica como João Pedro e neto do proprietário do espaço.

“Nenhum evento no autódromo é feito ilegalmente. Porque a gente paga mais de R$ 50 mil de licença de bombeiro e de polícia anual. Tem contrato, tem tudo. Então nunca tivemos um evento ilegal lá dentro. Somos proprietários do local, a gente aluga o espaço para evento”, disse o homem.

O nome de João Pedro aparece em postagem de divulgação como um dos organizadores do evento. Assim como o do influenciador Rodolfo Manolo Batistote Morro, 40 anos, que é procurado pela Polícia Civil e vai responder pela morte do rapaz.  O telefone de uma terceira pessoa, identificada como Ortega também foi colocado na divulgação.