Influenciador que organizou “arrancadão” e envolvido em acidente com morte, vão responder por homicídio

Em coletiva de imprensa realizada hoje (02), a Polícia Civil confirmou que prendeu em flagrante um jovem de 20 anos identificado como Lucas Eduardo de Oliveira Dihl, por ter envolvimento direto no acidente que tirou a vida de Nicholas Yann dos Santos de Jesus, também de 20 anos. As motocicletas dos dois colidiram durante um "arrancadão" realizado no Autódromo Internacional de Campo Grande, de madrugada.

Ele irá responder por homicídio doloso que é quando a pessoa assume o risco de matar. O suspeito, que também estava fazendo manobras no Autódromo Internacional de Campo Grande, foi preso na manhã deste domingo (02) pela Equipe do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Segundo informações do delegado da Cepol, Felipe Madeira, Lucas estava empinando a motocicleta no momento da colisão. O corpo de Nicholas Yan passou por perícia que apontou lesões causadas pela moto de Lucas.

“A lesão do corpo era uma única em formato de meia lua, bastante profunda na testa do indivíduo que levou ao óbito. Todos os danos provocados no veículo e na vítima indicam que ele (Nicholas) foi atingido de cima para baixo pela moto do suspeito (Lucas). É uma coisa que ficou muito bem caracterizada”, afirma. 

À reportagem, a namorada de Lucas contou que estava no evento de manobras, o ‘Motor Sound Brasil’. Ela relata que o namorado estava indo embora quando decidiu dar uma última volta na pista. Neste momento, ela conta que Nicholas teria invadido a pista na contramão.

“Totalmente foi a culpa do menino porque ele entrou na contramão e vinha empinando sem capacete. Ele (Lucas) estava andando na pista normal e o menino invadiu a mão dele”, disse.

Na hora do acidente, Lucas estava com uma amiga na garupa que foi encaminhada para a Santa Casa. Devido ao impacto entre os dois veículos, a mulher quebrou o braço. Ela segue internada na Santa Casa, mas não corre risco de morte. 

Influenciador

Organizador do evento, o influenciador digital Rodolfo Manolo, 40, é procurado para responder por homicídio com dolo eventual e descaracterização da cena do crime. Também poderá ser responsabilizado outro membro da organização que não teve o nome citado pela Polícia.

Segundo explicou o delegado Felipe Madeira, policiais foram acionados para atender a ocorrência por volta das 04h. 

Enquanto a viatura chegava, funcionários da organização foram surpreendidos retirando a motocicleta de Nicholas do local do acidente antes do trabalho dos peritos ser feito.

Já a moto do jovem preso, não estava mais lá. Ela não foi localizada até agora. "Depois do acidente foi retirada do local, não se sabe por quem e a mando de quem", afirmou o plantonista.

A reportagem tenta falar com Rodolfo Manolo por mensagens e ligações desde o início desta manhã, mas ainda não conseguiu retorno. 

Organizou evento com atropelamento

O delegado disse ainda que a Polícia não sabia que um evento seria realizado no autódromo. "Não estávamos cientes de que estava ocorrendo qualquer tipo de evento. Nos deslocamos ao local presumindo que ali houvesse alguma situação de exibição ou semelhante. Chegando ao local, era realmente isso. Foi confirmado", falou.

O organizador do evento é uma pessoa conhecida por promover eventos automobilísticos com manobras com motocicletas, segundo Madeira. Ele confirmou, inclusive, que Manolo é o mesmo responsável por evento na Avenida Afonso Pena que terminou no atropelamento de um policial militar, em fevereiro deste ano. 

"É um indivíduo que já tem histórico de acidentes graves em seus eventos e continua, não sabemos como, realizando esses eventos. Nessa vez, infelizmente, a falta de responsabilidade resultou diretamente na morte de um jovem de 20 anos", disse.

Nem Manolo nem qualquer outro organizador estava no autódromo quando a viatura chegou, conforme narrado na coletiva.

"Os organizadores do evento assumiram o risco de que pessoas morressem lá. Não só assumiram, como criaram essas condições. Inclusive, um dos vídeos de promoção do evento mostrava pessoas realizando manobras sem capacete, ou seja, estava instigando as pessoas, e não só tolerando, a terem esse tipo de conduta", pontuou o delegado Felipe.