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Cezário não aparece para depor; 16 clubes não aceitam interventor nomeado pela CBF

Campo Grande News em 28 de Maio de 2024

Divulgação/Arquivo

Francisco Cezário foi preso há uma semana

O presidente afastado da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos, optou por exercer o direito ao silêncio e nem foi levado do Presídio Militar de Campo Grande à sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) para interrogatório. De acordo com o advogado André Borges, a situação do cliente “é péssima”.

O Cezário não vai comparecer hoje aqui. Isso já foi informado agora de manhã. Nesta oportunidade, ele vai se valer do direito constitucional ao silêncio. Porque ele está preso, a situação dele é péssima nesse momento. Ele tem dificuldades em reunir documentação, apresentar testemunhas. Ele prefere então que, assim que for apresentada a denúncia, especialmente ele estando em liberdade, vai apresentar toda a sua defesa, com documentação, com justificativas para cada um dos itens que serão objeto da acusação”, afirmou André Borges.

O responsável pela defesa de Cezário afirmou ainda que apesar de fragilizado com a prisão, o cliente acredita que conseguirá provar sua inocência. “Ele nega ter praticado qualquer crime e diz ter plenas condições de apresentar as provas a respeito disso. Ele é advogado. Então, nessas poucas conversas que eu tive com ele até agora, ele se demonstra confiante de que poderá apresentar justificativas válidas até agora para essas suspeitas”. 

O advogado nega que o pedido de licença do cargo de presidente da FFMS seja um “atestado de culpa”. “Ele está preso. A situação dele é péssima, no atual momento, assim como dos demais presos, e ele não tem qualquer condições, evidentemente, de continuar preso exercer a liderança junto à Federação de Futebol”.

O defensor afirmou ainda que está trabalhando para que Cezário possa responder ao inquérito e depois, ação penal, fora da cadeia. “Está em análise pelo Judiciário um pedido de liberdade para Francisco Cezário e para todos os demais presos. Como essa situação é urgente, nós acreditamos que hoje, no mais tardar amanhã, nós teremos uma decisão da Justiça”.

Por fim, André Borges comentou que o presidente da FFMS, também no futuro, explicará porque guardava R$ 800 mil em espécie em casa, e não numa conta bancária, aplicações ou poupança. “Fruto do trabalho dele, de economias particulares. Não é crime pela legislação brasileira manter dinheiro guardado em casa. Ele se compromete de apresentar provas de que esse dinheiro é fruto de atividade lícita, no momento oportuno, porque agora ele não tem como provar nada, está preso”. 

Depoimentos

Investigados na Operação Cartão Vermelho, presos ou não, foram convocados para depor no Gaeco nesta terça-feira (28). O interrogatório de Cezário, acusado de liderar esquema de desvios milionários do dinheiro do futebol sul-mato-grossense, estava marcado para às 14h15.

Ao todo, sete pessoas foram presas. A lista tem Aparecido Alves Pereira, Francisco Cezário de Oliveira, Francisco Carlos Pereira, Marcelo Mitsuo Elzoe Pereira, Umberto Alves Pereira, Valdir Alves Pereira e Rudson Bogarim Barbosa.

Foram ao Gaeco para depor nesta tarde: Francisco, que é irmão de Umberto, Valdir e Aparecido – sobrinhos de Cezário apontados como integrantes do esquema – e Rudson Bogarim Barbosa, gerente de TI (Tecnologia de Informação) da federação. "Beto" e o filho dele, Marcelo Mitsuo Pereira, também foram levados para interrogatório.

Contraditório

Advogado de Francisco Carlos, Aaran Rodrigues, afirma que aguarda apreciação do pedido de revogação da prisão preventiva feito em favor do cliente e por enquanto, não vai se manifestar.

Já a defesa de Rudson pede a substituição da prisão preventiva (por tempo indeterminado) por medidas cautelares, como o monitoramento por tornozeleira eletrônica do cliente. O pedido foi formulado pelos advogados Pablo Buarque Gusmão e Renato Cavalcante Franco na semana passada.

“Nem tudo aquilo que é asseverado pelo órgão acusador, caracteriza verdade irrefutável, tratando-se de opinião unilateral de quem conduz procedimento investigatório e que padece da necessária submissão ao contraditório, um dos pilares norteadores do sistema processual penal”, também informou a defesa do gerente de TI em nota enviada à imprensa.

Nesta terça-feira (28), Gusmão afirmou que o cliente também ficará em silêncio em frente aos promotores do Gaeco. “Nesse momento, o meu cliente vai permanecer em silêncio, tendo em vista que nós não conseguimos habilitação em todos os procedimentos ainda”.

Explicou ainda que a relação de Rudson com Cezário é estritamente profissional. 

Cartão Vermelho

A Operação do Gaeco apura desvio de R$ 6 milhões na FFMS, que recebe recursos do governo estadual e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

De acordo com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a ofensiva desbaratou organização criminosa voltada à prática de peculato e delitos correlatos na federação que comanda o futebol no Estado. Foram 20 meses de investigação.

“Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul – FFMS, em valores não superiores a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema”, informa a nota da promotoria.

Nessa modalidade, verificou-se que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o total de R$ 3 milhões.

A organização criminosa também contava com esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. O esquema de peculato tinha “cashback”, numa devolução criminosa de valores. 

Intervenção

Com a vacância da presidência da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), o ex-presidente do Operário, Estevão Petrallas, foi escolhido pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para comandar a FFMS como interventor. 

A Procuradoria do TJD-MS (Tribunal de Justiça Desportiva de Mato Grosso do Sul) enviará nesta terça-feira (28) um documento a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), questionando a nomeação de Estevão Petrallas.

Na ata de posse da atual gestão da FFMS estão nome de vice-presidentes, sendo eles: Marco Antônio Tavares; Alfredo Zamlutti Junior; Américo Ferreira da Silva Neto; Carlos Alberto de Assis e Aparecido Jose Damaceno.

O mandato deles começou a valer no dia 30 de abril de 2023 e vai até 30 de abril de 2027. O nome de Petrallas passará por uma apreciação em assembleia geral extraordinária no dia 07 de junho, marcada pelos clubes em reunião no Hotel Ipê. Isso está previsto no artigo 142 do Estatuto da CBF.

O anúncio do interventor da CBF não foi bem recebido pelos clubes. Eles encaminharam um abaixo-assinado ao presidente do TJD-MS, Patrick Hernandes, com 16 assinaturas contrárias a nomeação de Estevão. 

Os clubes que tiveram representantes na lista foram Dourados AC; CD 7 de Setembro; EC Comercial; Ivinhema FC; OAC (Operário Caarapoense); São Gabriel EC; Cefac/Esquerdinha; AA Portuguesa; Novo FC; MS Fênix; Náutico FC; Aquidauanense; Corumbaense; Ponta Porã SE; União ABC.

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