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Gaeco e MPMS deflagram operação que investiga organização criminosa na Federação de Futebol de MS

Da Redação em 21 de Maio de 2024

Divulgação/Gaeco - MPMS

Mais de 800 mil reais já foram apreendidos, segundo o GAECO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), deflagrou, nesta terça-feira (21), a Operação Cartão Vermelho, com o intuito de desbaratar suposta organização criminosa voltada à prática de peculato e demais delitos correlatos, na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul – FFMS.

Durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou, na Federação, uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros.

Segundo o MP, uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, em valores não superiores a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema.

Nessa modalidade, verificou-se que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais).

A organização também tinha um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.

Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação.

Ao todo, os valores desviados, no período de setembro de 2018 até fevereiro de 2023, da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul superaram a casa dos R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais).

Equipes da Polícia Militar prestam apoio operacional ao GAECO. A operação conta também com a participação de representantes da Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil.

Henrique Kawaminami/Campo Grande News

Francisco Cezário em junho de 2022, quando tomou posse para o 7º mandato

A operação “Cartão Vermelho” é voltada ao cumprimento de 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

Quatro viaturas do Gaeco foram logo cedo para a residência do presidente da FFMS, Francisco Cezário de Oliveira, de 77 anos. Ele é conhecido pela longevidade no comando da federação, sendo há 26 anos o “dono da bola” no futebol de MS. Está no sétimo mandato e fica no cargo até 2027. A última eleição aconteceu em 2022. Marcada por briga na Justiça, o desfecho foi vitória da chapa única, liderada por Cezário. 

No curso das diligências, até agora foram apreendidos mais de 800 mil reais.

O nome da operação, Cartão Vermelho, é autoexplicativo e faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.

A defesa da FFMS informa que esclarecimentos serão prestados durante o dia. “Nessa fase qualquer investigação é sempre unilateral; logo ela será submetida ao necessário contraditório; devemos aguardar os esclarecimentos, que serão prestados, oportunamente”, afirma o advogado André Borges. 

Com informações da Ascom MP-Gaeco e Campo Grande News.