Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa em 09 de Outubro de 2020
Depois de home office, delivery, drive thru e lockdown, registramos outro vocábulo amplamente utilizado neste momento de pandemia e de isolamento social, cujo significado é bastante sugestivo: reinventar. A palavra vem sendo acionada nos mais diversos contextos e acepções. Na verdade, o conceito que o dicionário apresenta para o termo é de verbo transitivo direto, e remete à ideia de tornar a inventar, recriar uma solução para um problema antigo, mas que exige uma nova abordagem.
Também pode ser interpretado como reelaborar alguma coisa. Por exemplo, é preciso reinventar a maneira como as pessoas consomem energia elétrica, água, alimentos, bebidas, como embalam seu lixo, ou como dispõem de seu tempo etc. Reinventar nos remete a mudanças, a algo novo e, portanto, melhor. Do outro lado do espelho, a etimologia da palavra aponta que ela é oriunda do latim inventum, que agrega o prefixo re + (elemento designativo de repetição: reabastecer, realçar, reeditar…) ao verbo inventar, (re + inventar = reinventar), e reforça o conceito de: criar, ser o primeiro a ter a ideia de; conceber, imaginar, fantasiar; forjar, maquinar, alegar, pretextar etc.
Nessa esteira, podemos dizer que a palavra reinventar tem alguma ligação semântica com o sentido figurado do termo resiliência, que é a nossa capacidade de reorganização, de resistência e superação, de nos recuperarmos facilmente ou de nos adaptarmos à má sorte ou às mudanças de hábitos, de produzirmos respostas positivas diante de situações inusitadas e adversas, que, por vezes, nos deixam com dificuldade de aceitar alterações.
Sendo assim, reinventar em tempos de pandemia e de isolamento social é possuir a força necessária que nos dá equilíbrio nas coisas que não podemos mudar, determinação para ousar mudanças que nos farão bem, e a vitoriosa esperança que nos sustenta e nos leva a crer que tudo isso vai passar logo, e que ficaremos todos bem. Portanto, não fiquem inventando mentiras esfarrapadas para não se reinventarem nesta pandemia: tentem, ousem e façam! Persistam e nunca desistam! E não se esqueçam: a pandemia não acabou, o perigo é letal, altamente contagioso, e ainda não há vacina contra o novo coronavírus. Por isso, cuidem de si e dos seus entes queridos. Só saiam de casa se for mesmo necessário. Carpe diem! Bom fim de semana e até a próxima!
(*) Rosangela Villa é professora associada da UFMS e colaboradora do Diário Corumbaense.