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O que é folkcomunicação?

Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa(*) em 19 de Junho de 2020

Caros leitores

Em tempos de pandemia as formas de comunicação se diversificam, e a cada dia se tornam mais eficientes e necessárias, haja vista a determinação da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde do Brasil de mantermos o isolamento social. Com isso, somos motivados intensamente a nos comunicar através de mensagens escritas ou faladas nos inúmeros aplicativos de rede social. Nos meses de maio a julho, considerando as festas religiosas de santos populares, uma outra forma de comunicação se sobressai, a chamada folkcomunicação.

Segundo o professor Luiz Beltrão, criador, em 1967, da denominação e de seu conteúdo, a folkcomunicação é uma disciplina científica que tem como objetivo o estudo da comunicação popular e o folclore na difusão de meios de comunicação de massa. Essa é também a primeira informação a respeito do tema quando escrevemos a palavra no famoso “Google”. Registramos ainda vários trabalhos científicos sobre o tema, dentre eles, o do prof. Roberto Benjamin, da UFRural de Pernambuco.

Nele, o autor destaca a teoria de Beltrão para quem o termo significa a comunicação de grupos sociais rurais e urbanos, marginalizados social e culturalmente, sem acesso ou representação nos meios de comunicação estabelecidos (imprensa, rádio, televisão) e precisam comunicar aos seus pares alguma informação. Essa estratégia de comunicação revela o processo de intercâmbio de informações e manifestação de opiniões, ideias e atitudes da massa, através de agentes e meios ligados direta ou indiretamente ao folclore.

As manifestações nesse âmbito podem se dar na forma de cantadores, folhetos de cordel, frases de para-choque de caminhão, grafite, dentre outros. Um tipo comum desse modo de interação é aquele geralmente feito com o auxílio de um veículo, dos mais simples, como uma kombi, aos mais sofisticados, como os chamados caminhão de som, em que os agentes utilizam microfone para transmitir mensagens e convites à população.

Nas festas populares essa prática se intensifica, bem como em período de eleição para fazer propaganda dos candidatos, e também no comércio informal para divulgar serviços e produtos que chegam diretamente na casa do consumidor, como por exemplo, o carro da pamonha, o tradicional carrinho de picolé com a sua corneta inconfundível, o afiador de facas e tesouras, o consertador de tampas e panelas, o feirante chamando o freguês, a vendedora de chipa nas paradas de ônibus e trem etc. A partir dessa representação, é possível dizer que essa forma direta e espontânea de se comunicar é uma variedade da folkcomunicação.

O dispositivo está sendo bastante utilizado neste período de pandemia da COVID 19 para transmitir informações cruciais para a comunidade, como o horário do toque de recolher, a necessidade do isolamento social, o período de funcionamento do comércio, e para reforçar o uso de máscara e de produtos de higiene, como álcool em gel e sabão para a limpeza das mãos. É a comunicação a serviço da vida! Fiquem em casa, e fiquem bem! Até a próxima.

(*) Rosangela Villa é professora associada da UFMS e colaboradora do Diário Corumbaense.