Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa(*) em 17 de Abril de 2020
De tempos em tempos, surge uma palavra no repertório da comunidade de fala, cujo uso e significado acabam se tornando comum nas diversas camadas da população. A entrada de um vocábulo no repertório cotidiano dos cidadãos é um processo normal dentro das línguas naturais e começa devagar até alcançar projeção nacional. Esse movimento geralmente é marcado por alguma ação social, política, econômica ou religiosa. A palavra começa sendo utilizada por um número pequeno de pessoas da camada socioeconômica e cultural mais elevada da sociedade e depois, gradativamente, passa a ser usada em larga escala até se tornar popular em nível nacional, adquirindo caráter pan brasileiro (comum a todos).
Isso aconteceu com a palavra democracia, cuja motivação para desenterrá-la do acervo da língua foi o movimento da ditadura, e com a palavra impeachment que simbolizou a destituição de Fernando Collor de Melo da presidência da república. Com a força da pandemia do novo coronavírus, fomos obrigados a mudar hábitos e comportamentos obedecendo a determinações da OMS e do Ministério da Saúde do Brasil. Dentre as novas regras de conduta, o distanciamento social é o modelo que tem sido determinante para conter o avanço do contágio. Nesse contexto, emergiu no cenário linguístico a expressão drive thru. Mas o que significa esse enunciado?
Numa rápida busca na internet (www.meusdicionarios.com.br / https://super.abril.com.br/historia/, e outros.), drive thru quer dizer serviço de vendas de produtos, onde o cliente pode adquirir sem sair do carro. A grafia correta desse termo de origem norte-americana é drive-through, que significa “através do carro” ou “dirija por” - cuja pronúncia é a mesma que drive thru. Na Europa, drive in é o nome dado para essa mesma finalidade. O cliente é servido ficando sentado no carro. O serviço é oferecido por bancos, supermercados cinemas e redes de fast-food. A ação ocorre da seguinte maneira: o cidadão estaciona, solicita e paga o pedido sem sair do veículo; então, ele recebe e vai embora, permitindo que o próximo motorista realize o mesmo procedimento.
Geralmente, os alimentos oferecidos no drive thru são de empresas de comida de lanchonete e similares. Foi em 1931 que o drive thru foi inventado, por meio do norte-americano Royce Hailey, funcionário de uma lanchonete localizada em Dallas, estado do Texas, Estados Unidos. Certo dia, Royce ouviu o seu chefe reclamando que os clientes eram tão preguiçosos que não queriam nem ao menos sair do carro para comer. Isso foi fundamental para que o funcionário implantasse a ideia. Porém, somente a partir dos anos 1970 que o drive thru ficou realmente popular por meio das empresas de fast food que adotaram essa forma de atendimento.
A primeira rede de lanchonete a adotar o drive thru foi a Wendy's (hamburgueria). Para o McDonald's, por exemplo, esse atendimento – adotado em 1975 – foi chamado de McDrive. Atualmente, o serviço de drive thru não abrange somente o ramo de alimentação. É possível notar que várias empresas de outras áreas também apostaram nessa maneira inovadora, inclusive, na campanha de vacinação contra gripe, em várias cidades, destacando Corumbá, idosos foram vacinados dentro do carro para evitar risco de contaminação pelo novo coronavírus. Até a próxima. Fique em casa.
(*) Rosangela Villa é professora associada da UFMS e colaboradora do Diário Corumbaense.