Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa(*) em 27 de Março de 2020
Quarentena e isolamento social são palavras de ordem nos dias atuais. O significado dessas expressões constitui o centro da luta humana na Terra contra o COVID 19. Embora haja diferenças conceituais entre os termos, ambos estão no mesmo contexto, quarentena refere-se ao período de isolamento de pessoas infectadas, e isolamento social é um procedimento preventivo contra o contágio. O COVID 19 ou novo coronavírus, contra o qual combatemos juntos, apareceu na China em fins de 2019, mas surgiu pela primeira vez no mundo no ano de 1960, causando mortes em torno de 35% dos contaminados.
Portanto, é um alívio sabermos que, desta vez, a taxa de mortalidade está em torno de 2%. Infelizmente, porém, com a expansão em escala mundial a doença chegou ao nosso querido Brasil. Contudo, não é hora para desespero, pois, segundo profissionais da área da saúde, há meios determinantes de contermos a disseminação do vírus e de evitarmos o contágio. Nessa esteira, os dois procedimentos abordados neste texto, quarentena e isolamento social, se revelaram armas eficazes contra a propagação do coronavírus. A palavra quarentena não é nova na liturgia de combate a epidemias.
O termo tem origem no latim (quadraginta) e no italiano (quarantina) e quer dizer quarenta, mas também remete ao fato de se manter, por período de tempo necessário, em isolamento, um barco suspeito de transportar portadores de moléstias infecciosas, vindos de países em que há doenças contagiosas ou suspeita de existir. Os doentes ficavam confinados no barco ou num lazareto. Sendo lazareto um hospital ou edifício similar onde tratam doenças infecciosas, significado mais próximo de hospital, em nossos dias.
Tradicionalmente, lazaretos foram utilizados para tratar doenças contagiosas, como a lepra (hanseníase) ou a tuberculose, e algumas dessas instalações eram isoladas, com visitas proibidas e sem cuidados médicos ou limpeza, fato que matava mais rapidamente doentes e parentes pela tristeza de se verem distantes de seus entes. Noutros contextos, encontramos quarentena associada a ideia de evento religioso cristão, que se prolonga por quarenta dias, destacando a celebração católica Quaresma, em plena vigência; os quarenta dias que Jesus ficou no deserto para vencer a tentação; e outras passagens bíblicas com o número quarenta.
Embora na pandemia do coronavírus o nome quarentena explica o período de isolamento do doente, que nem sempre é de quarenta dias, esse ciclo não é novo no Brasil. Em 1918, durante o surto da gripe espanhola, o país entrou em quarentena. Assim, essa providência não é de agora, e países que a adotaram contra o COVID 19 conseguiram conter seu crescimento e salvar vidas.
Convém, ainda, lembrar que, se temos uma rede de vigilância mundial capaz de rastrear vírus e emitir alertas para prevenir surtos, é preciso seguir rigorosamente os protocolos da OMS e do Ministério da Saúde. Para além disso, é importante mantermos o nosso espírito elevado porque uma alma doente não resiste a enfermidades da carne. Portanto, amigos, não se esqueçam, para protegermos nossos entes queridos, temos que manter o isolamento social. Fiquem bem. Até a próxima.
(*) Rosangela Villa é professora associada da UFMS e colaboradora do Diário Corumbaense.