Leonardo Cabral em 17 de Março de 2019
Reprodução/ El Deber Brasileira conversou com algumas pessoas antes de ser transferida, porém não falou com a imprensa local
A ordem de transferência foi dada pelo juiz Raúl Raúl Zárate Condori, que pegou todos de surpresa. A brasileira foi levada por escolta policial por volta das 14h30 de sábado, 16 de março, conforme o jornal El Deber.
"Ao solicitar a detenção preventiva dos acusados na mesma prisão do posto policial onde aparentemente os abusos ocorreram, a brasileira foi transferida, pois zelar pelo princípio da legalidade, fica vedado que a vítima permaneça no lugar dos fatos. Por isso, foi determinada pelo juiz a transferência da interna, como uma medida de proteção ", explicou o promotor, Orlando Aramayo ao El Deber.
Extraditada
Eva deve cumprir sentença de três anos pelos crimes de roubo e evasão. Foi informado pela Justiça boliviana que ela apenas cumpriu um ano de detenção e, devido aos abusados sofridos, não está excluída a possibilidade de que ela seja extraditado ao Brasil.
A medida da transferência, como explica o promotor Orlando, visa continuar com a investigação na capital Beniana porque Rurrenabaque não tem a logística para realizar exames periciais e psicológicos sobre o fato da violação. "Em Trinidad, Eva será submetida a exames psicológicos e a uma série de outros exames. Além disso, ela terá direito a defesa pública, porque em Rurrenabaque não há advogados do Estado ", afirmou. Orlando ainda apontou que existe a possibilidade de a embaixada brasileira ficar à frente da extradição de Eva. "A extradição dependerá do pedido feito por seus advogados e pela embaixada brasileira, e, o juiz avaliará e emitirá uma resposta", disse o promotor.
Eva, que não tem parentes na Bolívia, por enquanto não pode ter contato com ninguém além de seu advogado, pois o caso foi declarado sob sigilo. Os promotores investigativos são Orlando Aramayo, Jenny Vaca e Shirley Camacho, que acreditam haver indícios das violações sofridas por Eva.
Resposta embaixada brasileira
A embaixada brasileira alertou que, ao não ser informada da prisão de Eva em Rurrenabaque, que foi vítima de estupro cometidos por policiais daquele local, o Estado boliviano teria violado a Convenção de Viena sobre Relações Consulares. A posição da embaixada brasileira foi expressa em uma nota enviada ao senador Yerko Núñez, responsável por denunciar o caso da cidadã brasileira detida há mais de um ano em Rurrenabaque.
“Nem a Embaixada do Brasil em La Paz nem os consulados do Brasil na Bolívia foram informados sobre o caso. Isto em aparente desacordo com o artigo 36 da Convenção de Viena sobre Relações Consulares, que determina a comunicação, sem atrasos, das detenções de estrangeiros, a fim de permitir a adequada assistência consular ", diz a nota assinada pelo embaixador Octavio Henrique Cortes.
O senador Núñez descreveu a situação como grave, porque a detenção da brasileira deveria ser comunicada imediatamente ao seu consulado. Ele indicou que está preparando um pedido por escrito ao Ministério das Relações Exteriores para explicar o porquê de o Brasil não ter sido informado sobre o caso.
Os presos
Juan Edwin Quispe, Mario Efraín Quispe, Lucio Aduviri Chávez, Luis Alfredo Ballesteros, Eddie Teófilo Condori, Roberto Carlos Rodríguez, Omar Agustín Aliaga y Eliseo Cachaca, são os policiais presos de forma preventiva, acusados de terem estuprado a brasileira Eva em Rurrenabaque. Na última sexta-feira (15), na audiência de precaução, os oito acusados disseram ser inocentes das acusações. No entanto, o promotor Orlando Aramayo explicou que existem indícios contra todos.
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