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Livre, ex-funcionária investigada por desastre aéreo com time da Chapecoense vai voltar para a Bolívia

Leonardo Cabral em 30 de Março de 2022

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

Celia saindo do presídio feminino na manhã desta quarta-feira (30)

Já está em liberdade a boliviana Celia Castedo Monasterio, ex-funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia. Ela estava custodiada no Estabelecimento Penal Feminino de Corumbá e foi liberada por volta das 10h, desta quarta-feira, 30 de março. Célia ficou detida por seis meses no presídio feminino, após ser presa pela Polícia Federal em 23 de setembro do ano passado.

Na saída do estabelecimento penal, em entrevista ao Diário Corumbaense, ela afirmou que retornará para a Bolívia, onde, de acordo com ela, não há nenhum processo em andamento.

“Foram seis meses esperando que tudo se solucione. Minha família apresentando documentos e informando que sou livre na Bolívia, fazendo todos os trâmites. A Bolívia nunca pediu a minha extradição, não respondeu  ao Brasil, sou livre na Bolívia, para onde retorno. Tenho algumas audiências lá, mas sei que sou livre no meu país”, afirmou Celia.

Ela ainda disse que foi presa depois que a PF solicitou a presença dela na delegacia. “Eu já estava morando na Bolívia, só vim aqui para fazer a entrega de um apartamento que tenho em Corumbá, e vim à Polícia Federal, pois segundo eles, tinha que assinar um documento. Fui até lá e ao chegar, me deram voz de prisão, porque era procurada na Bolívia”, relembrou.

Celia foi acusada de ser responsável pela análise e aprovação do plano de voo da aeronave da LaMia. Em novembro de 2016, por volta das 22h57, o avião caiu ao se aproximar do aeroporto internacional José Maria Cordova, em Rio Negro, a poucos quilômetros da cidade de Medelín, na Colômbia. Na aeronave estavam jogadores da equipe brasileira Chapecoense, que disputaria o jogo de ida da final do Sul-americano de futebol, jornalistas, dirigentes do clube e tripulação. 71 pessoas morreram. Em razão da acusação, Celia foi incluída na lista da Difusão Vermelha pelo Escritório Central Nacional da Interpol em La Paz, Bolívia.

A defesa dela alegou no pedido de revogação da prisão no Brasil que Célia "não é inspetora, não é uma autoridade e não é uma especialista em segurança de voo pela Administração de Aeroportos e Serviços ao Trajeto Aéreo Boliviana (AASANA). Era tão somente uma simples funcionária de apoio, não tendo conhecimentos das características do avião, e não possuía competência para trocar ou modificar planos de voos”.

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

Celia afirmou que retorna à Bolívia e diz que segue se defendendo de acusações

Sobre isso, ela comentou: “Ficou claro que eu somente trabalhava na parte do tráfego aéreo, informações aeronáuticas, não tenho nada que ver com autorização, com tipo de aviões, combustíveis, tudo  é de responsabilidade da linha aérea, piloto e de quem certificou a aeronave para operar na Bolívia. Não tenho nada que ver com autorização de voo, combustíveis”, afirmou Celia a este Diário.

O pedido de liberdade foi feito no Supremo Tribunal Federal e o ministro, André Mendonça, decidiu pela soltura de Célia e  determinou o arquivamento do processo de extradição por "perda superveniente do objeto". 

O caso

Celia Monasterio era controladora de voo da Aasana (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea) da Bolívia e é acusada de ter fraudado plano de voo e deixado de observar os requisitos procedimentais mínimos para que o voo que saiu da Bolívia para a Colômbia, fosse autorizado no dia 28 de novembro de 2016.

No entanto, a ex-funcionária afirmou que o voo não deveria ter saído, pois, como inspetora, teria alertado, mas depois de uma ordem superior da Direção Geral de Aeronáutica Civil, o avião foi liberado para seguir viagem para a Colômbia.

O plano de voo do avião apresentado pela companhia LaMia no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, teria tido pelo menos quatro pontos questionados pela funcionária responsável por verificar o documento. Entre eles, a autonomia do voo, já que houve preocupação de que a quantidade de combustível não fosse suficiente para cumprir o trajeto até Medellín.

A aeronave caiu na madrugada do dia 29 de novembro, a poucos quilômetros de Medelín, na Colômbia. 

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