Leonardo Cabral em 30 de Março de 2022
Anderson Gallo/ Diário Corumbaense
Celia saindo do presídio feminino na manhã desta quarta-feira (30)
Na saída do estabelecimento penal, em entrevista ao Diário Corumbaense, ela afirmou que retornará para a Bolívia, onde, de acordo com ela, não há nenhum processo em andamento.
“Foram seis meses esperando que tudo se solucione. Minha família apresentando documentos e informando que sou livre na Bolívia, fazendo todos os trâmites. A Bolívia nunca pediu a minha extradição, não respondeu ao Brasil, sou livre na Bolívia, para onde retorno. Tenho algumas audiências lá, mas sei que sou livre no meu país”, afirmou Celia.
Ela ainda disse que foi presa depois que a PF solicitou a presença dela na delegacia. “Eu já estava morando na Bolívia, só vim aqui para fazer a entrega de um apartamento que tenho em Corumbá, e vim à Polícia Federal, pois segundo eles, tinha que assinar um documento. Fui até lá e ao chegar, me deram voz de prisão, porque era procurada na Bolívia”, relembrou.
Celia foi acusada de ser responsável pela análise e aprovação do plano de voo da aeronave da LaMia. Em novembro de 2016, por volta das 22h57, o avião caiu ao se aproximar do aeroporto internacional José Maria Cordova, em Rio Negro, a poucos quilômetros da cidade de Medelín, na Colômbia. Na aeronave estavam jogadores da equipe brasileira Chapecoense, que disputaria o jogo de ida da final do Sul-americano de futebol, jornalistas, dirigentes do clube e tripulação. 71 pessoas morreram. Em razão da acusação, Celia foi incluída na lista da Difusão Vermelha pelo Escritório Central Nacional da Interpol em La Paz, Bolívia.
A defesa dela alegou no pedido de revogação da prisão no Brasil que Célia "não é inspetora, não é uma autoridade e não é uma especialista em segurança de voo pela Administração de Aeroportos e Serviços ao Trajeto Aéreo Boliviana (AASANA). Era tão somente uma simples funcionária de apoio, não tendo conhecimentos das características do avião, e não possuía competência para trocar ou modificar planos de voos”.
Sobre isso, ela comentou: “Ficou claro que eu somente trabalhava na parte do tráfego aéreo, informações aeronáuticas, não tenho nada que ver com autorização, com tipo de aviões, combustíveis, tudo é de responsabilidade da linha aérea, piloto e de quem certificou a aeronave para operar na Bolívia. Não tenho nada que ver com autorização de voo, combustíveis”, afirmou Celia a este Diário.
O pedido de liberdade foi feito no Supremo Tribunal Federal e o ministro, André Mendonça, decidiu pela soltura de Célia e determinou o arquivamento do processo de extradição por "perda superveniente do objeto".
O caso
Celia Monasterio era controladora de voo da Aasana (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea) da Bolívia e é acusada de ter fraudado plano de voo e deixado de observar os requisitos procedimentais mínimos para que o voo que saiu da Bolívia para a Colômbia, fosse autorizado no dia 28 de novembro de 2016.
No entanto, a ex-funcionária afirmou que o voo não deveria ter saído, pois, como inspetora, teria alertado, mas depois de uma ordem superior da Direção Geral de Aeronáutica Civil, o avião foi liberado para seguir viagem para a Colômbia.
O plano de voo do avião apresentado pela companhia LaMia no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, teria tido pelo menos quatro pontos questionados pela funcionária responsável por verificar o documento. Entre eles, a autonomia do voo, já que houve preocupação de que a quantidade de combustível não fosse suficiente para cumprir o trajeto até Medellín.
A aeronave caiu na madrugada do dia 29 de novembro, a poucos quilômetros de Medelín, na Colômbia.
29/03/2022 STF revoga prisão de boliviana investigada por desastre aéreo com time da Chapecoense
24/09/2021 Boliviana investigada em desastre aéreo com time da Chapecoense permanecerá presa
23/09/2021 PF prende para extradição boliviana investigada por desastre aéreo com time da Chapecoense
03/01/2017 Boliviana sobre voo da Chape: "fui ameaçada de morte como se fosse culpada"
08/12/2016 Celia Castedo emite carta e diz que foi pressionada a mudar relatório
06/12/2016 Ministro boliviano quer que Brasil expulse funcionária que pediu refúgio em Corumbá
06/12/2016 Tragédia Aérea: pedido de refúgio de boliviana é formalizado na PF
05/12/2016 Funcionária afastada após tragédia aérea vem a Corumbá pedir informações
No Diário Corumbaense, os comentários feitos são moderados. Observe as seguintes regras antes de expressar sua opinião:
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. O Diário Corumbaense se reserva o direito de, a qualquer tempo, e a seu exclusivo critério, retirar qualquer comentário que possa ser considerado contrário às regras definidas acima.