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Funcionária afastada após tragédia aérea vem a Corumbá pedir informações

Marcelo Fernandes em 05 de Dezembro de 2016

Celia Castedo Monasterio, funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia, veio à Procuradoria da República, sediada em Corumbá, em busca de informações sobre possível refúgio no País. Ela teria apontado problemas no plano do voo que transportava a delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes para a cidade de Medellín, na Colômbia, em 28 de novembro. Das 76 pessoas que estavam na aeronave, 71 morreram.

A informação é de que a Aasana enviou ao Ministério Público boliviano notícia-crime contra Celia por "não cumprimento de deveres" e "atentado contra a segurança dos transportes". Ela foi suspensa de suas funções por suspeita de negligência no dia 1º de dezembro, mas garante que alertou que a quantidade de combustível era insuficiente para o tempo da viagem, estimado em 4 horas e 22 minutos.

A Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, em coordenação com as procuradoras Gabriela Tavares e Maria Olívia, vai solicitar aos órgãos federais competentes as medidas cabíveis, conforme as normas internacionais e o direito brasileiro, segundo nota da assessoria de comunicação da Procuradoria.

Ainda de acordo com a assessoria, na quarta-feira, dia 07, dois procuradores brasileiros participarão de reunião de trabalho com membros dos Ministérios Públicos boliviano e colombiano, para se inteirar dos trabalhos de investigação sobre o acidente do voo CP2933 da Lamia.

Por volta das 21 horas, Celia Monasterio ainda permanecia nas dependências da Procuradoria, que não permitiu a entrada da imprensa. Depois, ela seguiu em uma viatura para a Polícia Federal.

Marcelo Fernandes/Anderson Gallo

Imprensa foi mantida do lado de fora da sede da Procuradoria da República

Pontos questionados no plano de voo

O plano de voo do avião que levaria a Chapecoense à Colômbia, apresentado pela companhia LaMia no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde partiu a aeronave, teve pelo menos quatro pontos questionados pela funcionária responsável por verificar o documento. Entre eles, a autonomia do voo, já que houve preocupação de que a quantidade de combustível na aeronave não fosse suficiente para cumprir o trajeto até Medellín.

A reportagem do jornal Boliviano "El Deber" teve acesso ao documento recebido por Celia, com as várias observações feitas por ela e as respostas do funcionário da LaMia. A mais importante das observações era sobre a autonomia. Segundo Celia, o tempo previsto de voo de Santa Cruz até Medellín era exatamente igual à autonomia de combustível do avião, o que consiste um desrespeito à legislação e às normas de segurança.

De acordo com os documentos, segundo a reportagem do jornal boliviano, o tempo estimado da viagem era de 4 horas e 22 minutos, idêntico ao registrado como máximo para a quantidade de combustível da aeronave. As regras internacionais de aviação exigem que o avião disponha de combustível para pelo menos meia hora a mais do que o tempo previsto no trajeto, porque pode haver necessidade de que a aeronava procure outro aeroporto ou fique à espera de liberação de pista para aterrissar.

Depois de relatar seus questionamentos, a funcionária teria passado o documento para os controladores de voo. Não se sabe por que, mesmo com as dúvidas, a viagem foi autorizada. O jornal boliviano não deixa claro se Celia poderia ter proibido a decolagem ou se isso caberia a quem recebeu dela o documento com as observações sobre o plano de voo. Com informações do jornal O Globo.

Javier Nieto Álvarez/Jornal El Tiempo Colômbia

Na tragédia, morreram 71 passageiros, entre jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulantes do avião

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