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Suplentes assumem vagas de vereadores presos em operação do Gaeco

Rosana Nunes em 26 de Novembro de 2018

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Da esquerda para direita: Antônio Conde; Papai Noel; Rubens Gimenes; Rosiane Arnaldo; Ludimir Ferreira; Delary Ebeling e Gesiel Paiva

Na mesma sessão ordinária que empossou o pastor Iranil Soares prefeito de Ladário, também assumiram os cargos de sete vereadores presos pelo Gaeco, os seus respectivos suplentes. Os novos parlamentares Ludimir Ferreira de Souza, o Xumi (PSB); Rubens Rojas Gimenes (PTB); Delary Bottega Ebeling (PP); Antonio João Conde da Silva (PSDB); Gesiel Paiva Figueiredo, o Gesiel da Levytur (PEN); Rosiane Arnaldo (PSB), conhecida como Zica e Marcos Fernando da Silva Cordova (PPS), o Papai Noel, prestaram juramento e já iniciam os trabalhos no Legislativo.

Papai Noel é líder comunitário do bairro Nova Aliança, teve 157 votos ao fazer uma campanha simples, percorrendo as ruas ladarenses de bicicleta. Agora vereador, ele diz que não vai desperdiçar a oportunidade. “Eu fico triste por toda essa vergonha que os políticos fazem a população passar, mas por outro lado, estou assumindo uma responsabilidade. Ladário está em total abandono e vamos trabalhar pelo povo, sou um funcionário do povo. É só trabalhar certo, que você não tem problema nenhum.  Sou semianalfabeto, mas tenho dignidade, isso é o meu patrimônio”, afirmou.

Quem volta para a Câmara de Ladário é Delary Ebeling, que foi vereadora por três mandatos. Ela considerou o momento triste e decepcionante. “A gente foi pego de surpresa, o que aconteceu não é bom pra Ladário, mas nós vamos tentar fazer o melhor para atender as demandas da população, que são muitas”, afirmou.

A mesa diretora ficou sem dois dos cinco titulares, que não podem ser substituídos pelos suplentes que assumiram agora, de acordo com a lei orgânica. Mas com a posse dos sete vereadores, a Câmara segue com suas atividades.

Três vereadores levaram denúncia ao MPE

Dos onze vereadores ladarenses, apenas quatro não são investigados pelo Gaeco. Três deles, o presidente do Legislativo, Fábio Peixoto (PTB); Jonil Júnior Gomes Barcelos (PMN) e Daniel Benzi (PMDB) colaboraram diretamente para que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e o Ministério Público levantassem provas sobre o pagamento de mensalinho aos vereadores em troca de apoio político ao prefeito afastado Carlos Ruso.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Presidente da Câmara, Fábio Peixoto (centro) e vereadores Daniel Benzi (esquerda) e Jonil Júnior colaboraram com investigação do Gaeco e Ministério Público

Depois que o grupo cooptado por Ruso barrou a CPI da Saúde na Câmara, o presidente da Casa e os outros dois parlamentares formalizaram denúncia no MPE de Corumbá e passaram a ajudar na busca de elementos concretos.

“Procurei o Ministério Público e de lá para cá vinha sendo aliciado por valor oferecido pelo prefeito. Então, eu, o Jonil e o Daniel, decidimos fazer o certo e colaborar com a Justiça e, autorizados pelo Ministério Público, passamos a receber o mensalinho e assim dar provas consistentes para desmantelar o esquema”, contou Peixoto ao Diário Corumbaense.  

O vereador Daniel Benzi fez um desabafo durante a sessão. Falou que ele e os dois colegas que levaram a denúncia do mensalinho e da indicação de cargos na Prefeitura em troca de apoio político, foram duramente perseguidos e apontados como coniventes. “Tivemos que aguentar calados, porque o que tivemos que fazer foi por ‘debaixo do pano’ levando as informações e as provas necessárias ao Ministério Público, porque caráter não se compra.”

Além do prefeito afastado Carlos Anibal Ruso (PSDB) e do secretário de Educação, Helder Paes dos Santos Botelho, os sete vereadores que tiveram a prisão preventiva decretada são: Vagner Gonçalves, Agnaldo dos Santos Silva Junior, André Franco Caffaro, Augusto de Campos, Lilia Maria Villalva de Moraes, Paulo Rogério Feliciano Barbosa e Osvalmir Nunes da Silva. As prisões foram determinadas pelo desembargador Emerson Cafure, da Seção Especial Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que deferiu pedido do Ministério Público Estadual.

Todos são acusados de crimes de associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, previstos no Código Penal e foram levados para o Centro de Triagem de Campo Grande, onde a investigação está concentrada.  


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