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Programa que possibilita a acadêmicos vivência da rotina escolar qualifica futuros educadores

Ricardo Albertoni em 25 de Novembro de 2017

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Atividades foram desenvolvidas de acordo com o interesse dos alunos

Aconteceu na sexta-feira (24), concomitante à Feira do Conhecimento da Escola Estadual Dr.Gabriel Vandoni de Barros, a Mostra dos trabalhos desenvolvidos pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID. O programa, que é realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, tem o objetivo de aprimorar a qualidade da formação dos professores, oferecendo aos estudantes dos cursos de licenciatura o acesso à rotina escolar, para vivenciar a escola, além das disciplinas de estágio. 

De acordo com a Prof.ª Dr.ª Regina Baruki Fonseca, coordenadora do PIBID Interdisciplinar/CPAN/UFMS juntamente com o Prof. Dr. Marcelo Dias de Moura, o grupo congrega acadêmicos dos cursos de Letras/Português- inglês e de Matemática, que desenvolveram cinco projetos durante o ano, sob a supervisão de três professores da escola, Andersen Rodrigues, Kátia Soares e Greize Mosciaro, além do total apoio da direção da instituição. 

“Os acadêmicos das licenciaturas desenvolveram, neste ano, cinco projetos, elaborados de acordo com as sugestões dos alunos do 6º e 7º anos. Os grupos compareciam na escola uma vez por semana, nos horários dos professores supervisores da instituição, e participavam com eles das atividades. Dois grupos fizeram visitas externas, um foi ao Moinho Cultural, outro foi à Embrapa”, explicou a coordenadora. 

Professora doutora Regina Baruki foi uma das coordenadoras do projeto

As atividades desenvolvidas pelos acadêmicos, sob a supervisão dos professores da instituição, levaram em conta o interesse dos alunos. Uma delas trouxe a grafitagem para a sala de aula. Os alunos não tiveram acesso somente ao conhecimento da produção da arte, mas também aos processos que devem ser executados antes da realização da obra. Além disso, durante a confecção das pastas, estudaram e discutiram sobre valores, através de análise das palavras encontradas nas obras. 

“Fizemos observações e constatamos que eles gostavam do grafite, rap, e muitos deles já desenvolviam isso. Eles pichavam no banheiro, na sala, então, precisavam saber essa diferença. Mesmo sendo bonito, algo que se contempla, se não tem autorização, é pichação. A partir daí, fizemos várias pesquisas até chegar ao final e eles tiveram várias aulas técnicas de grafite”, contou Danielle Ferreira Estevão dos Santos. A acadêmica destacou que, durante o desenvolvimento da atividade, os alunos aprenderam sobre como requerer oficialmente o que necessitam e através dessa ferramenta, conseguiram obter benefícios para a comunidade escolar. 

José Gabriel Velasco lembrou que o trabalho na sala de aula também levou em consideração a parte social, que ajudou os alunos a entender sobre palavras utilizadas por eles durante as atividades. “O que achamos muito relevante no decorrer do projeto foi que, durante a confecção das pastas, onde estão todos os trabalhos em sala de aula, eles colocaram palavras que despertam valores. Com essas palavras, trabalhamos toda a questão de respeito, intolerância religiosa, bullying, para que saiam da escola e possam socializar esses conhecimentos na família, no bairro, fazer a reivindicação para uma melhor qualidade de vida no meio social em que convivem. O importante é que saiam daqui preparados a se comprometam a exercer seu papel como cidadão no meio social em que estão inseridos”, ressaltou o acadêmico.

A diferença entre grafitagem e pichação também foi tema abordado

O supervisor do projeto de Evasão Escolar, professor de matemática Andersen da Silva Rodrigues, da EE Gabriel Vandoni de Barros, salientou a mudança de comportamento após a abordagem do tema, com a ajuda dos acadêmicos. “Eu percebi que muitos alunos mudaram até em questão da mentalidade de descobrir a importância do estudo e da pesquisa na vida deles”, explicou. 

A aluna do 7º ano, Luany Beatriz Amorim de Moraes, de 13 anos, destacou o ganho proporcionado pela presença dos acadêmicos. “O projeto foi importante porque tivemos grande conhecimento sobre esse problema da evasão escolar, a importância de permanecer na escola, de aprender muitas coisas para ter um futuro melhor e, consequentemente, melhorar a vida da família. Ou seja, é só sobre as matérias, mas também ensinamentos sobre a vida, como ser um bom cidadão”, relatou a jovem.

Destino incerto 

O coordenador institucional do PIBID, Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Rosa, explicou ao Diário Corumbaense sobre a organização do programa em Mato Grosso do Sul. “O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência é organizado sob a forma de uma coordenação institucional para a universidade toda, e nós temos diferentes subprojetos ligados aos cursos de licenciatura. Nessa versão do projeto, tínhamos inicialmente 42 grupos, ou seja, 42 cursos de licenciatura, com ações do PIBID. Em cada curso de licenciatura, o PIBID é organizado por um ou mais professores coordenadores, que são das universidades, um ou mais professores das escolas, que são os supervisores, e os estudantes das universidades. Inicialmente, nesse projeto, nós tínhamos 741 bolsistas de iniciação à docência, que são os estudantes dos cursos de graduação, 95 supervisores, que são os professores que trabalham nas escolas e 56 coordenadores de área. Essa é basicamente a organização do PIBID. No estado, nós temos ainda grupos de PIBID na Universidade Estadual, na Universidade Federal de Dourados, no Instituto Federal e na Universidade Católica Dom Bosco em Campo Grande, então todas essas instituições têm o seu projeto PIBID. No Brasil, nós tínhamos, nessa edição, 293 instituições, tanto públicas quanto privadas, que participavam do projeto. O PIBID chegou a ter mais de 90 mil bolsas, das quais a grande maioria eram bolsas destinadas aos estudantes dos cursos de formação de professores." 

Embora os resultados sejam importantes, projeto vai até fevereiro de 2018, disse o coordenador Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva Rosa

No entanto, segundo o coordenador, o programa criado pelo Governo Federal no final de 2007, que começou a ser implementado de forma efetiva a partir de 2009, pode ter seu desfecho em 2018, a partir da criação de uma nova política de formação de professores.

“Esse é um programa que vai finalizar em fevereiro de 2018 e não temos a menor ideia do seu destino. O que acontece é que o direcionamento atual do Governo Federal levou à criação de uma nova política de formação de professores. Dentro dessa nova política, está sendo criada uma modalidade de apoio à formação, chamada de residência pedagógica, que nada mais é do que utilizar os estudantes das universidades como auxiliares dos professores nas salas de aula, sem orientação, sem supervisão, e assim por diante”, explicou.

“O grande diferencial do PIBID é que ele associa a Universidade, por meio dos coordenadores de área, à escola, com os professores supervisores e os estudantes. Ou seja, as atividades desenvolvidas na escola pelos grupos do PIBID atendem às demandas da própria escola e são orientadas por professores da escola e da universidade. Então, isso propicia diferentes olhares. O que é central, e o que eu sempre digo, é que o programa só se tornou o que é pelo olhar do professor supervisor. É ele que vivencia e tem as responsabilidades na escola. Ele traz esse conhecimento da realidade; e nesse intercâmbio entre o olhar acadêmico e o olhar da vivência escolar que o supervisor traz é que se dá a formação dos nossos estudantes, interagindo com a realidade da instituição”, finalizou Paulo Ricardo da Silva Rosa.

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