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Doações e parcerias viabilizam construção da sede do Projeto Novo Olhar

Leonardo Cabral em 18 de Junho de 2020

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Área da nova sede também foi doada, possibilitando a ampliação do atendimento

O barulho das marretadas, furadeiras e os passos dados pelos pedreiros e serventes, ditam o ritmo de transformação da nova sede da Ong Instituto Novo Olhar, em Corumbá. E é através do sentimento de amor ao próximo que cada parede vai sendo levantada.

Localizada na antiga sede do Centro Paraguaio, na rua Cabral, entre a Silva Jardim e a Albuquerque, a construção da nova conta somente com doações. São pessoas que preferem ficar no anonimato, donos de empresas, instituições privadas ou pessoas que simplesmente conhecem a história do Novo Olhar e ajudam a construir esse novo capítulo na vida de crianças e adolescentes assistidos pela Ong. São benfeitores considerados os “engenheiros” da obra.

“Até mesmo o terreno é fruto de doação. Há dois anos, ganhamos o terreno da presidente da Associação do Centro Paraguaio, Anuncia Gimenez Ayala. Foi ela a responsável em dar uma ‘regada’ em um sonho que já havia sido semeado e pouco a pouco, vamos concretizando. A cada dia, um novo capítulo é escrito. E ver um sonho de seis anos sendo levantado é a maior satisfação. É o fruto sendo colhido”, disse ao Diário Corumbaense o idealizador do projeto, Edinaldo Souza Neves, que também é cabo da Polícia Militar.

Ele faz questão de enfatizar e agradecer as doações que vem recebendo e que começaram em janeiro deste ano, com o início da obra. “São doações de tudo quanto é forma. Financeira, materiais de construção ou mão de obra. O que conta é o coletivo, onde a cada tijolo, a cada massa de cimento, a cada prego que se faz presente, nos possibilita proporcionar essa transformação. Valores não importam, o que importa mesmo é saber que é muito mais fácil, eficiente e barato educar do que punir”, disse Edinaldo resumindo a nova fase do Instituto Novo Olhar.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Edinaldo diz que a construção da nova sede, à base de doações, é um sonho sendo concretizado

Edinaldo relembrou que quando deu o pontapé inicial no projeto, os primeiros atendimentos foram feitos nos fundos de sua casa. “Era ali que nascia o Novo Olhar. Logo depois, uma amiga (já falecida) conheceu a proposta e cedeu a garagem dela. De dentro de uma garagem, o tempo foi passando e o projeto ganhando vida e, então, foi possível alugar um local, para atender as crianças e adolescentes”, relembrou frisando que mesmo nessa época o sonho de uma sede própria jamais foi deixado de lado. “A cada dia o desejo de trabalho por essas crianças e adolescentes crescia e jamais estive sozinho, pois além deles, as famílias me davam esse apoio e hoje estamos aqui, trabalhando para concretizar esse sonho”, completou.

Nova sede

Com a nova sede, as crianças e adolescentes, de 10 a 18 anos, atendidas pelo Novo Olhar, além de um espaço mais amplo, poderão contar com uma infraestrutura muito mais adequada, o que irá permitir também a ampliação dos atendimentos.

“Atualmente atendemos 100 crianças e adolescentes, mas com a nova sede vamos duplicar, passando para 200. A intenção é também fazer atendimentos para os adultos, cerca de 50, totalizando 250 pessoas assistidas. Os adultos poderão se alfabetizar”, explicou Edinaldo Neves.

Nas novas instalações, estarão disponíveis salas mais cômodas e climatizadas, onde serão oferecidos cursos de gastronomia, informática, empreendedorismo e claro, de reforço escolar, auxiliando no ensino das crianças e adolescentes que fazem parte do projeto. Além disso, um auditório para 100 pessoas.

“Olhar a nova sede sendo construída é passar um filme na cabeça. Aqui tem um pedacinho de cada um, desde os que doaram e seguem doando, dos alunos, famílias e também da minha mãe, que faleceu há alguns meses. Para dar início à obra, o primeiro milheiro de tijolo foi comprado após promoções. Depois, as doações começaram a chegar e assim, fomos levantando cada parede. Isso me deixa muito grato e me faz acreditar de fato que é através da educação que vamos conseguir mudar”, falou emocionado. “Essa nova sede não é minha, mas sim, de toda comunidade”, afirmou.

Retribuição

Com 18 anos, Douglas Edvaldo Mareco Brandão, que não é mais aluno do projeto, todo dia vai à obra para ajudar. Para ele, é uma forma de agradecer por tudo que aprendeu e resumiu sua passagem pelo projeto como “mudança de vida”.

“Eu era bastante problemático. Aprontava muito, mas aos 16 anos, quando cheguei no Novo Olhar, percebi que poderia mudar para melhor e tudo que aprendi, desde a obediência e respeito à hierarquia, com disciplina militar, reforço escolar, me deu a chance de olhar para o futuro. Aqui foi a minha segunda família. Venho aqui ajudar pois é uma forma de agradecer por tudo que aprendi. Construir essa nova sede é olhar para o futuro, para que outras crianças e adolescentes possam aproveitar esses ensinamentos”, disse Douglas, que está prestes a entrar para o Exército Brasileiro.

Aluna do Novo Olhar há três anos, Alessandra Santos Gonçalves, também é voluntária. “Agora com a pandemia, onde as atividades estão paradas, venho aqui ajudar. Procuro sempre estar envolvida, pois aqui é a minha família e sou muito grata por tudo que venho aprendendo”, ressaltou a adolescente que faz questão de enfatizar suas boas notas na escola.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Novo espaço terá sala para aulas de gastronomia

A obra está orçada em R$ 500 mil. A previsão é que seja entregue num prazo de até quatro meses. Por conta da pandemia, as atividades na sede do Novo Olhar, na rua Joaquim Murtinho, estão suspensas, mas os alunos são atendidos por uma plataforma digital.

“Temos que cumprir as determinações de combate e prevenção ao novo coronavírus. Por isso, os alunos estão sendo atendidos pela plataforma de estudo, mando para eles as atividades, o professor corrige e uma vez por semana, os pais trazem por escrito e encaminhamos ao professor para avaliação. Tivemos que nos adaptar”, explicou Edinaldo.

Além da instituição, os alunos têm atividades duas vezes na semana no Exército Brasileiro, com aprendizagem esportiva. Também duas vezes por semana, frequentam salas de informática no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus Pantanal, participam de aulas de ginástica circense. No restaurante Miguéis, os alunos têm aulas de gastronomia.  

“São parcerias que nos ajudam a manter e contribuir para um melhor aprendizado aos nossos alunos. Porém, o Novo Olhar só sobrevive através de doações e trabalho voluntário de profissionais que nos ajudam a trilhar e realizar os sonhos dessas crianças para um futuro cada vez melhor”, menciona Edinaldo Neves que enfatizou que o instituto não recebe apoio financeiro de governos federal, estadual e municipal.

Para ingressar, a criança ou adolescente passa por algumas fases. “É feita consulta médica, o aluno tem que demonstrar interesse em estar fazendo parte. Além disso, faz uma prova de conhecimento básico, Língua Portuguesa e Matemática. Mas o que conta mesmo é a frequência e rendimento escolar”, pontuou.   

Doações são bem vindas

Mesmo com a obra em andamento, Edinaldo reforça que as doações são sempre bem-vindas, pois há muito trabalho ainda a ser feito.

Reprodução/Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Estrutura também vai contar com auditório; intenção é concluir obra em quatro meses

“Peço doações, mas prefiro que seja em material de obra. Aquela pessoa que tem algum material que possa ser reaproveitado em casa e que não esteja usando, como uma pia, tijolo, areia, enfim, pode nos doar. Mão de obra voluntária tambem estamos aceitando. A doação de tempo é a mais importante. Queremos aqui, construir o futuro dessas crianças”, finalizou.

As pessoas que preferirem doar em dinheiro, a conta no Instituto Novo Olhar está disponível:

Banco do Brasil

Agência: 0014 / Conta: 0066455-3

CNPJ: 23.323.463/0001-90.

Novo Olhar

O Novo Olhar tem a proposta de oferecer disciplina militar para os alunos e um reforço escolar, não imediatista de apenas passar na escola, mas sim, estudar para que se saiam bem em provas que farão futuramente para iniciar em alguma carreira.

Durante o período vespertino, os patrulheiros mirins recebem aulas de reforço como: matemática, português, história, física, química, além de cursos de qualificação em informática, montagem e manutenção de microcomputadores, gastronomia, libras, violão, desenho arquitetônico, eletricidade, entre outros. Atividades esportivas também são oferecidas em parceria com voluntários e academias da região.

O projeto, que nasceu em 2017, é mantido graças a parcerias da iniciativa privada e ajuda dos próprios pais que participam ativamente da instituição. A criança/adolescente chega aluno e tem uma série de fases, passando por soldado, sargento, e podendo chegar até a capitão. Um dos requisitos para ser graduado é ter notas 9. Mas, para estimular a liderança, a comunicação, independente da graduação, todos os dias há um "xerife" (comandante da tropa). 

A entidade conta com 17 voluntários, entre eles, sete militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e oferece atividades de segunda a sexta com lanche diário e sábado com almoço. As principais fontes de renda, além da colaboração voluntária de alguns pais são a venda de roupas através de brechós e pastéis, realizados na frente da instituição.

Por causa da pandemia da covid-19, as atividades estão suspensas temporariamente. 

Comentários:

Helmut Martines da Silva: Parabéns ao nosso irmão Edinaldo e a todos os voluntários, doadores, trabalhadores e pessoas que se preocupam em doar ao próximo um pouco do muito que Deus nos dá. Que esse projeto seja ampliado e alcanse muitas pessoas e famílias. E que sintamos alegria na alegria do outro. Que o nosso bom Deus continue abençoando a todos.

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