Campo Grande News em 06 de Março de 2018
Arquivo/Divulgação
Dilma Rousseff durante sessão que a tirou do cargo, processo que vai ser tratado em sala de aula na UFMS
Para os alunos da graduação, a matéria será optativa. Ela também será aberta a toda a comunidade, com emissão de certificado. Segundo o professor Stefan Krastanov, um dos idealizadores da disciplina, foram disponibilizadas 150 vagas. Ele não soube dizer quantas pessoas já haviam feito a inscrição até esta terça-feira (06), mas garantiu que a procura está sendo grande.
O tema foi cadastrado no sistema acadêmico como um tópico especial em filosofia política, com duração de um semestre sob o nome de “Golpe de 2016: crise da democracia no Brasil”. As aulas serão dadas por professores de várias áreas, como economia e história. Segundo Krastanov serão 16 ao todo.
Polêmica
Ao opinar sobre o assunto, deputados estaduais concordam que a instituição tem autonomia para abrir as discussões que achar necessárias, mas questionam a nomenclatura do curso, que taxa de golpe o impeachment que seguiu todos os procedimentos previstos na legislação.
“Acho estranho debater esse assunto dessa forma. Houve direito de defesa, passou por todos os trâmites e o processo no Congresso cumpriu todo o rito, mas a universidade tem autonomia para fazer o que quiser”, disse Rinaldo Modesto (PSDB).
Já Renato Câmara (MDB) disse que tem que ser analisada a legalidade dessa matéria. “Nós temos que fazer valer o que a Constituição prevê, e não fazer interpretações”.
Enquanto isso, os correligionários de Dilma comemoram a iniciativa. “Isso é ótimo, porque a universidade é um espaço de discussões e debates. É importante ver um contraponto, porque as pessoas têm uma visão muito unilateral do que foi o impeachment, que foi abordado pela mídia. Isso fomenta a discussão, até mesmo para quem acredita que não foi golpe, que vá lá, veja documentos e ouça outras opiniões. Isso é importante para a democracia”, disse Pedro Kemp (PT).
João Grandão (PT) disse não estar por dentro dessa disciplina da UFMS, mas afirma não ter dúvidas de que a deposição foi realmente um golpe. “Eu acredito que isso tenha que ser debatido, sim”, afirmou.
Amarildo Cruz (PT) acredita que o curso trabalha o registro de um momento histórico brasileiro. “Assim como nós estudamos o golpe de 1964, hoje temos que estudar isso. Quem fala que não foi golpe, no futuro vai colocar a mão à palmatória”, conclui.
O Campo Grande News entrou em contato com a reitoria da UFMS para saber qual o processo para a criação de uma disciplina e se a instituição teve que dar algum aval para o curso de Filosofia criá-la. Não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Josias Santos: Como foi golpe se quem assumiu foi o Vice-Presidente (Temer) ?
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