Leonardo Cabral em 11 de Novembro de 2024
Leonardo Cabral/Diário Corumbaense
Evento lotou Porto Geral de Corumbá ao som da música latina
Variadas receitas foram encontradas nas barracas disponibilizadas aos comerciantes. Cada qual com sua peculiaridade e sabor, como saltenha com uvas passas, azeitonas, ovo cozido, mas nada comprometesse o sabor do salgado.
A saltenha, da culinária boliviana, caiu no gosto do corumbaense e representa a cultura fronteiriça em solo pantaneiro, sendo considerada também, como outros pratos da região, “a cara de Corumbá”. Além da “estrela” da festa, haviam outros pratos típicos do país vizinho, como empanadas fritas de queijo, frango e também os refrescos mais conhecidos, como o mocochinchi e a chicha.
Arturo Ardaya, organizador do evento, disse ao Diário Corumbaense que a Saltenha Fest, se consolidou no calendário de eventos de Corumbá. Ele também reforçou que o evento se torna um símbolo da integração do povo fronteiriço, que evolve também a cultura musical latina.
“Existem pratos aqui em Corumbá tradicionais, mas as pessoas sempre lembram da saltenha como um prato referência da cidade e da nossa fronteira. Pelo quinto ano, o evento se consolidou, muita gente ganha um ‘reforço’ na sua renda e também tem orgulho de produzir um produto tão gostoso que é a marca da nossa região de fronteira”, disse Arturo Ardaya.
A comerciante, Dora Brandão, contou que produziu 1.200 unidades de saltenhas. Ela e a mãe, ambas em barracas diferentes, participaram do evento. Acompanhada dos filhos e noras, Dora teve que se revezar, pois além das unidades que já estavam prontas para serem vendidas, ela também reforçava o estoque.
Leonardo Cabral/Diário Corumbaense Dora fez 1.200 unidades de saltenhas para o evento
Ritmo latino com muita cumbia
Com um repertório bastante animado, o evento foi embalado pela Orquestra Internacional Sombras de América, que não deixou ninguém parado.
Ao som de muita cumbia, salsa, merengue, a banda proporcionou uma grande festa, representando um traço forte da identidade cultural entre Corumbá e as cidades bolivianas, com os ritmos que estão cada vez mais caindo no gosto musical nas festas do lado brasileiro.
No repertório, estão as três “preferidas”, que são destaque, duas interpretadas pela atriz e cantora mexicana Laura Leon: Suavecito - de 1992, considerada canção ícone da cultura pop mexicana em sua década de lançamento; “Dos Mujeres, un Camino” que também foi tema de telenovela mexicana e "Pasito Tun Tun", o sucesso dos anos 90 interpretado originalmente pelo grupo peruano feminino Agua Bella.
“Não tem como ficar parado com estas músicas, parece que o corpo já sabe e a gente ama esses temas. Algumas pessoas do lado boliviano falam que são temas antigos, podem até ser, mas a gente gosta e pede sempre. Não pode faltar”, disse Eliane Ferreira, que estava na companhia da família.
Reinaldo Carlos Martins também ficou muito satisfeito com o evento e se tornou fã da orquestra. "Quando soube que eles iriam tocar, logo me programei para poder assistir e, claro, para me deliciar com a minha família com as saltenhas. Vivemos na fronteira e ter festas e eventos nesse formato, fazem falta. Olha como lotou e o público caiu na dança. É isso que queremos, é muito bom, quando toca uma cumbia, não dá para ficar parado, já faz parte da nossa cultura”, afirmou Reinaldo à reportagem.
A saltenha
A saltenha (do espanhol salteña) é um tipo de pastel assado, com formato semelhante ao dos calzones. Se caracteriza por ser muito acessível.
Nas obras de Antonio Paredes Candia (historiador e escritor), é possível ler que, no início do século XX, a senhora Juana Manuela Gorriti, que mais tarde se tornaria esposa do presidente Manuel Isidoro Belzu, nascida na cidade argentina de Salta, teve de fugir para o exílio com a sua família, durante a ditadura de Juan Manuel de Rosas. Deixou todos os seus bens para trás e instalou-se em Tarija, na Bolívia. Durante muitos anos, a família Gorriti foi marcada por uma pobreza extrema. O desespero levou a família a começar a preparar uns pastéis que chamava como "empanadas caldosas", que eram típicas de algumas cidades europeias, na época.
A venda destes pastéis tornou-os muito populares, ao mesmo tempo que Manuela foi apelidada de "a saltenha", devido a sua cidade de origem. Os pastéis foram lentamente ganhando popularidade em Tarija e acabaram se tornando uma tradição. Com o passar do tempo, o nome de Manuela Gorriti foi esquecido, mas não o apelido, razão pela qual a iguaria continua a ter o nome de saltenha.
Existem muitas variedades, dependendo do recheio, mas todas mantêm um estilo e uma massa comuns.
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