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Altura do rio Paraguai sobe por 14 dias seguidos, mas cenário ainda é de seca extrema

Rosana Nunes em 31 de Outubro de 2024

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

No dia 17 de outubro, rio alcançou a marca histórica de -69 centímetros

Depois de atingir a cota mais baixa dos últimos 124 anos de medição, na régua de Ladário, o rio Paraguai dá sinais de início de recuperação da pior seca da história. Subiu 29 centímetros em 14 dias consecutivos e chegou à altura negativa de 40 cm nesta quinta-feira, 31 de outubro.

No dia 17, deste mês, o monitoramento feito pelo Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6° Distrito Naval, alcançou a marca histórica de -69 centímetros, superando os 61 centímetros negativos registrados em setembro de 1964, que era o recorde histórico da vazante na região. O maior ciclo de seca registrado no Pantanal foi de dez anos consecutivos (1964 a 1973).

Mesmo subindo média de dois centímetros por dia, nas últimas duas semanas, o cenário ainda é de seca extrema. Boletim de monitoramento hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB), liberado na tarde de quarta-feira, dia 30, mostra que o rio Paraguai segue abaixo de seu nível histórico para o período.

O levantamento do SGB apontou que na quarta a medição da Marinha do Brasil trazia a marca de 41 centímetros negativos em Ladário. Mas, a média histórica para a data na região seria 1 metro e 58 centímetros. A altura de -40 cm neste dia 31, mostra que o rio Paraguai está 2,42 metros abaixo do nível de redução – profundidade de referência que ainda garante segurança para quem navega utilizando as cartas náuticas.

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, a cota abaixo de zero da régua não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa. No caso de Ladário, por exemplo, abaixo da cota zero, o rio Paraguai ainda tem cerca de 5 metros de profundidade, conforme dados da Marinha.

Elevação e chuvas

Embora apresente níveis abaixo do normal para este período do ano, a elevação do rio em Ladário – estação de referência – é resultado das chuvas na região do Pantanal, observa o relatório semanal do Serviço Geológico. Na última semana, a bacia do rio Paraguai registrou um volume de chuvas médio de 31 milímetros.

Projeções do modelo GEFS (Sistema de Previsão do Conjunto Global, em inglês), indicam acumulados de chuva de 79 mm na bacia para os próximos 15 dias. "Caso esse prognóstico se concretize, combinado com a tendência observada nos últimos dias, espera-se o início da recuperação dos níveis em Cáceres, Ladário, Forte Coimbra e Porto Murtinho, além da estabilização dos níveis em outros locais", diz o boletim do SGB.

“As nossas análises sugerem que, a partir da primeira quinzena de dezembro, o rio deve superar a cota de 10 cm em Ladário. Esse é o limiar definido com base em estatísticas da série histórica para caracterizar o cenário de seca hidrológica”, explica o pesquisador em geociências Marcus Suassuna. Essa referência do SGB não se aplica à navegação ou a outros setores da economia.

A estação de Ladário é importante para a compreensão sobre a seca no Pantanal por duas razões. Primeiro, por ter a série de dados mais longa da bacia, o que é fundamental para analisar o comportamento do rio e embasar previsões. As informações sobre as cotas em Ladário são registradas desde 1900. Segundo, a estação serve como referência para a Marinha na análise das condições para navegação e definição de medidas de restrições.

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