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Restauração do Hotel Galileu traz resgate da história

Local vai sediar Centro de Atendimento ao Turista. Obras estão orçadas em R$ 511.555,85, recursos do Ministério do Turismo, com contrapartida da Prefeitura Municipal de R$ 82,5 mil

Da Redação em 14 de Novembro de 2009

Fotos: Marcos Boaventura/PMC

Imóvel compõe o conjunto arquitetônico da avenida General Rondon

Restauração trouxe à tona preciosidades que estavam escondidas

A restauração do Hotel Galileu vai permitir o resgate histórico de um dos mais antigos prédios de Corumbá, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. As obras já foram iniciadas e os investimentos somam R$ 511.555,85, recursos do Ministério do Turismo, com contrapartida da Prefeitura Municipal de R$ 82,5 mil. O local será transformado no novo Centro de Atendimento ao Turista (CAT).

Estão previstas intervenções para recuperação do piso, forro, portas, paredes, instalações hidráulicas e elétricas, além da construção de banheiros. Segundo o arquiteto José Marcos da Fonseca, da empresa Marco Arquitetura, Engenharia, Construção de Comércio Ltda, responsável pela restauração, será um trabalho minucioso.

"Temos que seguir os preceitos tecnicamente corretos para executar a restauração. O primeiro passo, já em andamento, é a utilização de técnicas exploratórias para descobrir as técnicas construtivas da época, bem como as alterações ocorridas ao longo dos anos de ocupação. Enfim, um levantamento minucioso para, então, iniciar realmente a restauração", explicou o arquiteto, responsável pela restauração de outros prédios históricos na cidade.

José Marcos revelou algumas descobertas no antigo prédio, como pinturas decorativas escondidas. "A prospecção pictórica está possibilitando a descoberta de pinturas parietais nas paredes, que serão restauradas ou mesmo isoladas, para mostrar como era, servir de testemunho", explicou.

Até o momento, já foi possível constatar quatro camadas de pinturas diferentes. "Temos que levantar tudo, descobrir, catalogar, para depois definir o que será feito", comentou, destacando que já foram descobertas pinturas com motivos florais e geométricos.

Com relação ao piso, o arquiteto adiantou que já estão sendo identificadas as formas para fabricação de peças semelhantes, que estará a cargo dos artesãos que integram a Oficina Escola de Ladrilho Hidráulico. "O que não for possível recuperar, vamos isolar para deixar como testemunho, substituindo as peças danificadas por peças semelhantes", completou.

Intervenção

Esta é a segunda intervenção no prédio do Galileu nos últimos anos. Antes, a própria empresa já havia realizado serviços no local para restabelecer o equilíbrio estrutural da edificação. Na época, ocorreram algumas descobertas, que foram protegidas para evitar que se perdessem. As obras emergenciais foram contratadas pelo próprio Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), parceiro da prefeitura na restauração e recuperação do patrimônio histórico.

José Marcos destacou que não basta recuperar. "Depois de finalizada a intervenção, é preciso dar utilização correta para preservar o que foi feito. A Prefeitura já está estudando o caso e, com a implantação do Centro de Atendimento ao Turista, será possível preservar aquilo que está sendo restaurado", destacou, lembrando que o trabalho de prospecção pictórica está a cargo de uma especialista, que executará o mesmo serviço realizado nos prédios Sleiman, Wanderley Baís e na Casa da Alfândega.

Um dos mais expressivos exemplares arquitetônicos da região, situado na esquina da Avenida General Rondon com a Rua Frei Mariano, o prédio completou 102 anos de existência. Foi construído em 1907 pelo arquiteto italiano Fernando Mármore, em estilo eclético, variando entre o neoclássico o art-noveau.

Em dezembro de 2006, o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira assinou decreto desapropriando o prédio, como forma de preservar o imóvel que, na época, se encontrava em avançado processo de deterioração. Tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, o imóvel compõe o conjunto arquitetônico localizado na General Rondon, com vista privilegiada para o rio Paraguai e o Pantanal. Foi de uma janela do Galileu que o sanfoneiro Mário Zan compôs o sucesso nacional “Chalana”.

O hotel tem uma área construída de aproximadamente 1 mil metros quadrados, incluindo o anexo situado na Rua Frei Mariano, que também foi um hotel (Internacional) e será restaurado pelo Município, com recursos do Programa Monumenta, edificado ainda na primeira década do século passado. Seus registros de hóspedes incluem nomes ilustres como os ex-presidentes Getulio Vargas e Franklin Roosevelt (EUA). As informações são da Subsecretaria de Comunicação Institucional.