Silvio Andrade - Campo Grande News em 06 de Maio de 2025
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Mestre Amadeu recebeu graduação da confederação e federação de taekwondo no dia 28 de abril
Documentário que está sendo produzido vai perpetuar uma história de vida dedicada ao esporte, em especial às artes marciais, e ao próximo – o legado de um homem que introduziu o taekwondo em Mato Grosso, a partir de Corumbá, em meado de 1970, após se tornar um dos primeiros faixas pretas do Brasil, no Rio de Janeiro, onde serviu a Marinha. Uma história que se confunde com o amor àquelas crianças e jovens que formou atletas e cidadãos por décadas.
Com a morte da esposa (professora Enilda), há três anos, o mestre agravou um processo de depressão que começou com o susto após o acidente envolvendo o neto Felipe Battesti (filho de Jaque), 38, major da Aeronáutica e piloto da Força Aérea Brasileira, em 2018. Ele se salvou ao se ejetar na queda da aeronave, no Rio. Amadeu sofreu um tipo de bloqueio que afetou a fala, suas respostas são curtas. Na maioria das vezes, não se esforça a comunicar-se com clareza.
“Papai está saudável fisicamente, o problema é mental. Está mais para ouvir, fala quando quer”, resume a filha, turismóloga, envolvida agora no projeto do documentário sobre sua trajetória, com produção do ator e ativista cultural de Corumbá Salim Haqzan. A ideia é preservar o legado do velho mestre, com depoimentos de ex-alunos, amigos e dirigentes. O curta de 40 minutos será disponibilizado nas redes sociais e exibido em festivais.
Maior graduação
“É um investimento familiar, de resgate, estamos perdendo pessoas e memórias”, diz Salim, 54. Os depoimentos são carregados de emoções. Hoje dono de academia de judô na cidade, o professor Gehad Saleh, 58, foi aluno do mestre e fala com os olhos mareados: “uma pessoa singular. Sua academia foi um lar para mim por mais de 20 anos, meu porto seguro, de superação. Seu lado humano era muito forte, insuperável”.
Reconhecido e celebrado dentro e fora do país como um dos grandes expoentes do taekwondo brasileiro, mestre Amadeu recebeu recentemente, em Campo Grande, o título de 8º dan, graduação de Mestre Sênior e nível elevado de conhecimento e habilidade avançada no esporte, cujo grau máximo é o 9º dan. Título conferido pela Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) e Federação de Taekwondo do Mato Grosso do Sul (FTKDMS).
Sua academia em Corumbá, na rua Antônio João, hoje fechada, foi uma das referências nesse esporte no Estado, não apenas por revelar grandes atletas - um dos quais o próprio filho, Amadeu Junior, 62, que também se tornou mestre no judô; integrou a delegação brasileira em duas olimpíadas como dirigente da CBTKD; treinou as seleções do México e El Salvador e, atualmente, realiza trabalho de base para a Confederação de Judô do Paraguai, em Assunção.
Aula de reforço
Após passar para a reserva da Marinha, Amadeu (nasceu em Santo Antônio de Leverger, MT) dedicou-se ao taekwondo integralmente, se revelando uma pessoa humanitária, dedicada ao acolhimento dos vulneráveis e na formação de valores fundamentais (disciplina, respeito e perseverança) dos jovens que frequentavam sua academia. Ajudou muitos deles a sair das drogas e do ócio, se tornando grandes campeões dentro e fora do tatame.
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Amadeu ao lado dos filhos e do grande mestre coreano Young Min Kim
Seu contemporâneo de jornada, grão-mestre (9º dan) coreano Young Min Kim, 80, foi quem trouxe o taekwondo para o Brasil, nos anos de 1970, e um dos avaliadores do rigoroso exame que garantiu a faixa preta a Amadeu, no começo de tudo. Ainda morando no Rio e falando pouco português, Kim abre seu coração: “tenho uma grande admiração pelo Amadeu, um amigo de longo tempo. Prestou relevantes serviços ao esporte do Brasil”.
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