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Bancada do PT reage contra defesa de Riedel por anistia ao 08 de janeiro

Campo Grande News em 07 de Abril de 2025

Reprodução/Arquivo

Lideranças do PT ao lado do governador de Mato Grosso do Sul

As lideranças do PT em Mato Grosso do Sul reagiram contra o posicionamento do governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), em defesa da anistia aos presos pela invasão dos três poderes no dia 08 de janeiro de 2023. Os parlamentares petistas emitiram notas criticando a fala do tucano e abrindo a possibilidade da legenda deixar a base do Governo do Estado.

A deputada estadual Gleice Jane (PT), líder do partido na Assembleia Legislativa, afirmou que a concessão de anistia a “é uma grave afronta à justiça, à verdade e à memória histórica” e “que os culpados sejam devidamente punidos”. A petista ainda defende a saída do partido da base de Riedel. “Reafirmo minha posição de que o PT não pode mais compor este governo”.

O ex-governador e deputado estadual Zeca do PT, fez questão de “discordar publicamente da posição manifestada pelo governador Eduardo Riedel”. Em nota ele aponta que a defesa pela anistia evidencia a aproximação do tucano à direita. “Fica claro que Riedel quer anistia para o inelegível e inominável ex-presidente e esconde sua intenção falando das pessoas que foram devidamente julgadas e presas”, disse.

Zeca reforça que os presos do 08 de janeiro não são “velhinhas inocentes”. “Que o governador e seus aliados conservadores, como Tereza Cristina e outros continuem articulando projetos para disputar com Lula e PT. Trata-se se prerrogativa deles. Porém, ser porta-voz do atraso e da infâmia é demais e me envergonha”, completou o deputado.

Sobre a saída do governo, Zeca é categórico e diz que não acredita ser o caminho. “Nós juntamos lá a pedido. Ele que nos ofereceu, reconhecendo o papel que o PT teve na eleição dele. Se não for apoio do PT, ele não ganhava do pior, que era o candidato do Bolsonaro. Portanto, é um reconhecimento e não temos porque abrir mão disso. Se ele quiser, ele que nos tire”.

O ex-governador ainda ressaltou que permanecer no governo garante a defesa das pautas do partido. “Nós não estamos lá a serviço do governo do Riedel, nós estamos lá a serviço da agricultura familiar, a serviço dos indígenas que precisam de dignidade e respeito, a serviço dos quilombolas, por isso que nós estamos lá e temos que ficar”, finalizou.

Já o deputado federal Vander Loubet (PT) disse que discorda inteiramente do apoio de Riedel à anistia, “algo vergonhoso”. “Defendemos que cada envolvido seja processado e julgado de acordo com a gravidade de seus atos. E penso que assim deve, no fundo defender o governador”, completou.

Nas redes sociais a deputada federal Camila Jara (PT) reafirmou seu posicionamento contra a anistia. “Estão tentando te convencer que o que aconteceu no dia 8 de janeiro foi só um protesto exagerado ou vandalismo, mas o que aconteceu foi muito mais grava, foi uma tentativa de acabar com a sua de escolha”, disse.

Sem citar o nome de Riedel, ela diz que a defesa da anistia em outro objetivo. “Não é com essas pessoas que eles estão preocupados, a anistia é um escudo para proteger generais e Jair Bolsonaro. Querem aplicar impunidade com outro nome. O Brasil já errou quando anistiou torturadores”, completou.

A reportagem acionou a assessoria do Governo do Estado sobre a composição de base do Executivo. Porém até a publicação da matéria não teve retorno.

Pró anistia

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), defendeu anistia parcial para os réus dos atos antidemocráticos de 08 de janeiro de 2023, com a adoção de critérios que levem em conta a gravidade de cada caso. A declaração foi publicada no Instagram  no último sábado (05), acompanhada de fotos ao lado da senadora Tereza Cristina (PP) e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Segundo Riedel, é necessário revisar as punições aplicadas, considerando a diferença de condutas entre os envolvidos. “Tenho conversado recentemente com o governador Tarcísio, a senadora Tereza Cristina, entre outros líderes do nosso país, a fim de defender uma revisão da dosimetria de penalizações sobre os acusados do 8 de janeiro”, escreveu.

O governador afirmou que, em muitos casos, a anistia teria caráter humanitário. “Considero necessário aprovar uma anistia, que em muitos casos também tem caráter humanitário”, disse. Ele destacou que não é possível aplicar as mesmas penalidades a situações distintas: “Não dá para julgar e penalizar com a mesma régua o que é completamente diferente”.

Riedel também cobrou que o Congresso Nacional vote o tema. “Acredito que o Congresso Nacional tem obrigação de votar a matéria, considerando-a inclusive como um passo imprescindível para a pacificação do país”.

Na publicação, ele criticou o que chamou de “excessos do atual momento” e defendeu o fim dos confrontos ideológicos. Para o governador, o foco deve estar em soluções para os problemas reais do país.

Segundo dados divulgados pelo MPF (Ministério Público Federal), 1.413 pessoas foram denunciadas pelos atos, sendo 1.156 incitadores, 248 executores, 8 agentes públicos e um financiador.