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Operação Fim da Linha: facção perde R$ 1 milhão em dinheiro vivo em MS

Campo Grande News em 07 de Junho de 2023

Adilson Domingos

Policiais durante cumprimento de mandados em Dourados

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta quarta-feira (07), a 4ª fase da Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí, contra uma organização investigada por lavagem de dinheiro de facções criminosas. São cumpridas 403 ordens judiciais em Mato Grosso do Sul e outros 22 estados brasileiros. Em um alvo de Ponta Porã, a 346 km de Campo Grande, a polícia encontrou R$ 1 milhão em dinheiro.

Além de mandados de busca e apreensão, são cumpridas em Mato Grosso do Sul ordens de prisão preventiva nas cidades de Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Amambai.

Além da apreensão de alta quantia em dinheiro, nas primeiras horas da manhã, a polícia apreendeu na cidade de Dourados, uma escopeta e uma espingarda calibre 32. Um policial militar da reserva foi conduzido à delegacia, ouvido e liberado.

Ordens

São cumpridos 403 mandados de busca e apreensão, quatro prisões preventivas, busca e apreensão de 187 veículos, sete embarcações e nove aeronaves. Ainda, outros 86 veículos e 42 imóveis com situação de gravame e indisponibilidade. Houve bloqueio de contas bancárias de 188 investigados (pessoas física/jurídicas).

Com exceção dos imóveis, os demais bens apreendidos/indisponíveis estão avaliados em aproximadamente R$ 43 milhões.

Operação

A apuração começou em 2021 contra a organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas, contrabando de cigarros e armas em diversas regiões do estado do Rio Grande do Sul. 

Divulgação

Policiais de MS contando dinheiro apreendido em operação

Segundo o delegado Diogo Ferreira, titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) de Passo Fundo (RS), diversas ramificações da organização criminosa foram identificadas, sendo possível comprovar que muitos criminosos comandavam o tráfico de dentro do sistema prisional. "Com vinculação, num primeiro momento, a duas das facções criminosas do país: uma delas atuante no RS e outra a nível nacional", diz nota da Polícia Civil.

Foi identificado o líder da célula da organização criminosa que comandava o tráfico na região norte do estado do Rio Grande do Sul e, a partir daí, foram realizadas diversas diligências. "Para verificar quem fornecia as drogas, para quem ele as revendia, quem trabalhava para ele, quem transportava seu dinheiro e o dinheiro que dele partia para as instâncias superiores da facção criminosa", explicou o delegado.

A investigação apurou farto conteúdo relacionado ao tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo, contrabando de cigarros e inúmeras operações bancárias, transferências de dinheiro, depósitos, Pix e números de contas bancárias tanto de pessoas físicas como de pessoas jurídicas, algumas criadas exclusivamente para “lavar o dinheiro” das organizações criminosas.

No decorrer da apuração, foi verificada a existência de vários “laranjas” de alto escalão, responsáveis por fornecer suas contas bancárias para o recebimento e repasse dos valores do tráfico para outros escalões da organização. Também foi constatado que vários dos investigados que surgiram com as informações obtidas das quebras de sigilo telefônico são de outros estados, como Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás e Bahia. 

“Muitas vezes eram pessoas que movimentam vultosas quantias em dinheiro, mas que moram em locais simples, totalmente incompatíveis com as movimentações. Assim como foi constatada a existência de pessoas jurídicas que são tipicamente empresas fantasmas ou que têm suas contas utilizadas exclusivamente para atos de lavagem de dinheiro”, esclareceu o delegado.

Foram constatadas diversas transferências eletrônicas para pessoas jurídicas e físicas de todo o país, muitas vezes de valores vultosos, e também a existência de inúmeros depósitos realizados de forma fracionada, geralmente na mesma data, diretamente no caixa, dificilmente identificáveis.

A polícia constatou quatro investigados importantes. Um deles movimentou em poucos meses a quantia de R$ 6.029.298,27. Já outro cerca de R$ 36.512.427,16. Uma empresa fantasma movimentou em poucos meses o montante de R$ 94.913.810,33, enquanto outra empresa fantasma também movimentou uma quantia alta, em torno de R$ 27.705.177,57.

Houve movimentação de R$ 293,3 milhões em apenas nove meses (de janeiro a setembro de 2021). Ainda, foi verificado no curso da investigação mais de R$ 2 bilhões em movimentações suspeitas.