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Confira cinco sequelas da covid-19 que pesquisadores estudam se são permanentes ou temporárias

Da Redação com assessoria de imprensa em 02 de Junho de 2021

Divulgação

Sequelas permanecem mesmo após um mês de recuperação da covid-19

Uma doença complexa, sistêmica e imprevisível. Esses desafios que fizeram parte da maioria das pesquisas para compreender o comportamento do coronavírus logo no início da pandemia, agora se refletem também na busca por explicações para os sintomas que permanecem em alguns pacientes da Covid-19 por meses. Distúrbios cardiovasculares, metabólicos, gastrointestinais, neurológicos, anemia, dores e cansaço são algumas das sequelas observadas por um dos maiores estudos sobre isso publicado em abril na revista Nature. De acordo com os pesquisadores norte-americanos, os pacientes da Covid-19 tendem a continuar demandando recursos de saúde devido a essa série de manifestações clínicas. 


O cenário é muito semelhante ao observado pelos profissionais de saúde e pesquisadores no ambulatório montado pelo Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), em parceria com a PUCPR, para tratamento e estudo das sequelas pós-Covid. O espaço oferece atendimento de pneumologia, fisioterapia respiratória e funcional, psicologia, neuropsicologia e cardiologia dependendo da necessidade dos pacientes que são encaminhados pelo SUS, além de servir como ambiente acadêmico para pesquisas sobre a doença. 


De acordo com os dados alcançados e analisados em 4 meses de serviço, 90% dos pacientes entre 24 e 76 anos apresentam fadiga, 85% tiveram uma grande perda de massa muscular, 70% dispnéia e 50% cefaléia. São sequelas que permaneceram mesmo após um mês de recuperação da covid-19.


Confira algumas das sequelas que pesquisadores ao redor do mundo estudam atualmente para entender se são temporárias ou permanentes: 


Demência: O comprometimento neurológico causado pelo coronavírus pode ser grande. Uma das explicações é que o vírus penetra no sistema nervoso central, afetando neurônios e células da glia, induzindo várias patologias como isquemias, sangramentos, dores de cabeça, tonturas e perda do olfato. Algumas pesquisas levantam a possibilidade de danos cognitivos nos pacientes. “A doença de Alzheimer tem como fisiopatologia uma resposta inflamatória, assim como o coronavírus. Isso significa que a Covid-19 pode acelerar o processo de inflamação no sistema nervoso central e, por consequência, acelerar um quadro demencial latente”, explica o neurologista dos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Carlos Twardoswchy.


Doenças hepáticas: A Covid-19 pode afetar o fígado de duas formas: uma semelhante a uma hepatite e outra, à uma colangite. Em relação ao padrão de colangite, sabe-se que as células das vias biliares têm uma quantidade semelhante de receptores para entrada do vírus (ACE2) que as pulmonares. Desta forma, a Covid-19 pode afetar com bastante agressividade o fígado, especialmente se o paciente já tiver alguma doença hepática crônica. “As queixas podem ser icterícia (“amarelão”), coceira, náuseas e evoluir com a descompensação da doença hepática crônica, aumentando a taxa de mortalidade”, explica o hepatologista dos hospitais, Jean Tafarel.


AVC e trombose: O cardiologista e intensivista da UTI Covid do Hospital Marcelino Champagnat, Paulo Negreiros, explica que pacientes hipertensos correm mais riscos de desenvolver tromboses após a infecção da Covid-19. “O coronavírus desregula a pressão dos hipertensos, mesmo com uso de medicamento. O vírus pode facilitar a formação de coágulos, que levam à possibilidade de evoluir para complicações como AVC e infarto”.


TOC: Estresse pós traumático, transtornos de ansiedade e depressão também têm sido comuns em pacientes que ficaram mais tempo internados para o tratamento da Covid-19. Além disso, os casos de transtornos obsessivos compulsivos (TOC) também têm se tornado frequentes na população, devido à necessidade da higienização constante das mãos, objetos e superfícies. “O medo da contaminação causa em muitas pessoas a preocupação excessiva em passar álcool em gel nas mãos, limpar compras do mercado, chegando a afetar de maneira negativa a rotina. E isso é ainda mais impactante nos pacientes que passaram por internações e vivenciaram momentos de incerteza nos hospitais, longe dos familiares”, conta a psicóloga Rosane Melo Rodrigues. 


Perda de massa muscular: de acordo com dados do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), a duração média da internação hospitalar pela Covid-19 é de 22 dias. Além do cansaço emocional, todo esse tempo em um leito de hospital também gera outro grande problema aos pacientes: a perda de massa muscular. “Os internados apresentam diversas alterações de funcionalidade tanto da musculatura respiratória quanto da musculatura periférica, em membros superiores, inferiores e também têm sua capacidade cardiorrespiratória comprometida pelo alto tempo de internação", explica a fisioterapeuta do ambulatório pós-Covid do Hospital Universitário Cajuru, Maria Leonor Gomes de Sá Vianna.