Leonardo Cabral em 27 de Janeiro de 2021
Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense
Banho de São João, festa secular, reúne milhares de pessoas no Porto Geral de Corumbá e também em Ladário
O aviso de tramitação da proposta do registro foi publicado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na edição do último dia 13 de janeiro, do Diário Oficial da União. Essa etapa tem como objetivo tornar pública a intenção de registro da manifestação religiosa, processo que teve início a pedido da Prefeitura de Corumbá em 2012.
O processo de instrução de registro foi conduzido ao longo dos últimos anos. Foram inúmeras reuniões com os festeiros e demais personagens relevantes na realização da festa como os músicos cururueiros, os dançarinos das quadrilhas, artistas e demais representantes. Também foi feito um amplo registro fotográfico e de vídeo compilado, com diversas participações nos locais de festejos.
“Estamos vivenciando mais uma das etapas desse processo que pode nos trazer o registro do tradicional festejo do Banho de São João como Patrimônio Cultural do Brasil. Momento importante”, disse o Joilson Silva da Cruz, diretor-presidente da Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico de Corumbá.
Ele salientou que todos devem participar. “É importante que a sociedade civil participe e se manifeste nessa fase, somando forças para que a festa receba o título e o destaque que merece”, completou. A forma de participação será através da própria Fundação de Cultura. "Um canal de comunicação será organizado com os festeiros e com instituições locais, na expectativa de reunir os manifestos e encaminhar toda a documentação para a Superintendência do Iphan/MS", adiantou Joilson ao Diário Corumbaense.
Todo o material produzido foi enviado a Brasília para análise e parecer técnico do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural Brasileiro. Caso seja aceito, o Bem “Banho de São João de Corumbá e Ladário” será registrado no Livro das Celebrações como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
Desde 2005, Corumbá e Ladário, estendendo o título a Mato Grosso do Sul, possuem o “Modo de Fazer Viola de Cocho” como Bem Cultural Imaterial Brasileiro, entretanto esse título é dividido com o Estado de Mato Grosso, onde essa manifestação também ocorre.
Caso o Banho de São João seja declarado Patrimônio Cultural Brasileiro, isso deixa a região com o primeiro bem exclusivamente registrado em território sul-mato-grossense.
A festa
O Banho de São João reúne milhares de devotos, muitos vêm de outras regiões do Brasil. O ritual, que remete ao batismo de Jesus Cristo por João Batista nas águas do rio Jordão, faz de Corumbá, única cidade do Brasil a manter uma tradição secular. Toda a festa começa na casa dos devotos. Lá, eles preparam comidas típicas, rezam pelas graças alcançadas e pedem bênçãos a São João.
Os andores, cada um com suas peculiaridades, se encontram na Ladeira Cunha e Cruz. A reverência entre eles é um dos pontos mais cultuados pelos festeiros, seja na hora da descida, subida ou até mesmo nas margens do rio.
Os cortejos são acompanhados por cânticos em louvor a São João, com ritmo marcado por instrumentos como violões; sanfonas e bumbos e num só coro, os devotos levam a imagem às margens do rio para banhá-lo.
A festa, apesar de ser centenária, não foi realizada em 2020 como de costume. Os festeiros puderam louvar o santo, seguindo medidas de biossegurança contra o novo coronavírus.
No Diário Corumbaense, os comentários feitos são moderados. Observe as seguintes regras antes de expressar sua opinião:
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. O Diário Corumbaense se reserva o direito de, a qualquer tempo, e a seu exclusivo critério, retirar qualquer comentário que possa ser considerado contrário às regras definidas acima.