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Registro de São João como patrimônio cultural entra em fase decisiva

Leonardo Cabral em 27 de Janeiro de 2021

Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense

Banho de São João, festa secular, reúne milhares de pessoas no Porto Geral de Corumbá e também em Ladário

Corumbá e Ladário têm até o dia 11 de fevereiro para manifestar interesse no registro, como Patrimônio Cultural do Brasil, da Festa do Banho de São João, uma das maiores manifestações religiosas da região pantaneira, que ocorre no mês de junho nas duas cidades.

O aviso de tramitação da proposta do registro foi publicado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na edição do último dia 13 de janeiro, do Diário Oficial da União. Essa etapa tem como objetivo tornar pública a intenção de registro da manifestação religiosa, processo que teve início a pedido da Prefeitura de Corumbá em 2012.

O processo de instrução de registro foi conduzido ao longo dos últimos anos. Foram inúmeras reuniões com os festeiros e demais personagens relevantes na realização da festa como os músicos cururueiros, os dançarinos das quadrilhas, artistas e demais representantes. Também foi feito um amplo registro fotográfico e de vídeo compilado, com diversas participações nos locais de festejos.

“Estamos vivenciando mais uma das etapas desse processo que pode nos trazer o registro do tradicional festejo do Banho de São João como Patrimônio Cultural do Brasil. Momento importante”, disse o Joilson Silva da Cruz, diretor-presidente da Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico de Corumbá.

Ele salientou que todos devem participar. “É importante que a sociedade civil participe e se manifeste nessa fase, somando forças para que a festa receba o título e o destaque que merece”, completou. A forma de participação será através da própria Fundação de Cultura. "Um canal de comunicação será organizado com os festeiros e com instituições locais, na expectativa de reunir os manifestos e encaminhar toda a documentação para a Superintendência do Iphan/MS", adiantou Joilson ao Diário Corumbaense.

Todo o material produzido foi enviado a Brasília para análise e parecer técnico do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural Brasileiro. Caso seja aceito, o Bem “Banho de São João de Corumbá e Ladário” será registrado no Livro das Celebrações como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Desde 2005, Corumbá e Ladário, estendendo o título a Mato Grosso do Sul, possuem o “Modo de Fazer Viola de Cocho” como Bem Cultural Imaterial Brasileiro, entretanto esse título é dividido com o Estado de Mato Grosso, onde essa manifestação também ocorre.

Caso o Banho de São João seja declarado Patrimônio Cultural Brasileiro, isso deixa a região com o primeiro bem exclusivamente registrado em território sul-mato-grossense.

A festa

O Banho de São João reúne milhares de devotos, muitos vêm de outras regiões do Brasil. O ritual, que remete ao batismo de Jesus Cristo por  João Batista nas águas do rio Jordão, faz de Corumbá, única cidade do Brasil a manter uma tradição secular. Toda a festa começa na casa dos devotos. Lá, eles preparam comidas típicas, rezam pelas graças alcançadas e pedem bênçãos a São João.

Os andores, cada um com suas peculiaridades, se encontram na Ladeira Cunha e Cruz. A reverência entre eles é um dos pontos mais cultuados pelos festeiros, seja na hora da descida, subida ou até mesmo nas margens do rio.

Os cortejos são acompanhados por cânticos em louvor a São João, com ritmo marcado por instrumentos como violões; sanfonas e bumbos e num só coro, os devotos levam a imagem às margens do rio para banhá-lo.

A festa, apesar de ser centenária, não foi realizada em 2020 como de costume. Os festeiros puderam louvar o santo, seguindo medidas de biossegurança contra o novo coronavírus.

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