Fonte: Campo Grande News em 11 de Dezembro de 2019
A delegada Lívia Pini, do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crime) de Londrina (PR), disse que o menino de 9 anos adotado em Corumbá (MS) e gravemente espancado pelo casal adotivo, no Paraná, mostra a “evidente inaptidão desses pais para continuar com a guarda da criança”.
O menino, que não teve nome divulgado, nasceu em Ladário, a 419 quilômetros de Campo Grande, e foi adotado há dois meses, por meio de processo que tramitou na 1ª Vara Cível de Corumbá.
Os pais adotivos, Sarah Carvalho Zanoni, 23 anos, e Israel Antunes Zanoni, 29 anos, foram presos em flagrante no domingo (08), depois que a criança foi levada ao Hospital Evangélico de Londrina com graves hematomas pelo corpo. O flagrante já foi convertido em prisão preventiva.
De acordo com assessoria do Hospital Evangélico, o menino sofreu fraturas – não especificadas no boletim médico – mas está fora de perigo. O garoto permanece na UTI Pediátrica, em observação e evoluindo bem. O garoto está sob tutela do Estado e não foi autorizado repassar mais detalhes sobre o caso.
Inquérito
Hoje, em entrevista coletiva em Londrina, a delegada disse que o inquérito deve ser finalizado no prazo regular e que está aguardando alguns procedimentos ainda essenciais para definir o indiciamento do casal. Inicialmente, respondem por tentativa de homicídio, mas a tipificação pode mudar.
“Essa definição é preliminar, a denúncia pode ser de crime diverso, a partir dos elementos que vão surgindo”, disse Lívia, durante a coletiva. A Polícia Civil de Londrina aguarda o envio de dois laudos – o de lesão corporal para verificar a gravidade dos ferimentos e o de atos libidinosos, já que foram encontradas lesões aparentes de mordedura na região anal.
Além dos laudos, a delegada pediu cópia do processo de adoção que tramitou em Mato Grosso do Sul e aguarda a liberação médica e da Vara de Infância de Londrina para interrogar o garoto. Imagens que a delegada recebeu do hospital mostram lesões que já estariam em fase de cicatrização e, por isso, é importante ouvir a criança para saber ela já tinha sido agredida anteriormente.
Em depoimento à Polícia Civil, os pais admitiram as lesões, disseram que se excederam e justificaram que as agressões foram feitas com intuito de disciplinar o menino, “que estava fazendo birra” e havia mordido a mãe adotiva.
A polícia está rastreando se há histórico de violência cometida contra a criança em outros Estados, já que o casal morou em Goiás, foi a Corumbá para adoção, passou por Cascavel (PR) até mudar-se para Londrina. Nas redes sociais, consta que eles se casaram em outubro de 2017. O pai adotivo chegou a postar um texto que trata das palmadas como forma de disciplina, material que também foi anexado ao inquérito.
Preliminarmente, assim que receber alta médica, a criança deve ser levada a abrigo em Londrina. Embora dependa de decisão judicial da Vara de Infância, a delegada acredita que as graves lesões evidenciam a incapacidade dos pais em continuar com a guarda provisória do menino.
O caso também foi relatado à Justiça em Corumbá para que tome providências acerca do processo de guarda do menino.
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