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Tradição em Corumbá, devotos fazem a festa das crianças com doces de Cosme e Damião

Leonardo Cabral em 27 de Setembro de 2019

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Filas gigantescas se formam em frente à casa dos devotos de São Cosme e São Damião

Desde as primeiras horas desta sexta-feira, 27 de setembro, Dia de São Cosme e São Damião, a maioria das ruas de Corumbá está tomada pelas crianças. Algumas saem acompanhadas dos pais e outras se aventuram sozinhas ou em grupos em busca das guloseimas que são distribuídas pelos devotos dos irmãos santos, que mantêm a tradição no município pantaneiro.

Os estampidos dos fogos de artifícios frente às casas anunciam para as crianças que no local há devoto e que as sacolinhas, recheadas com doces, como pipoca, rapadura, pirulitos, balas, bolos, chicletes e até mesmo em alguns casos, refrigerante e sucos, serão entregues.

Logo depois, uma gigantesca fila se forma em frente à residência e uma por uma das crianças vai pegando a sua sacolinha. O sorriso largo no rosto é a maneira de agradecer pelo doce presente.

“Eu estou desde cedo nas ruas e já consegui pegar cinco sacolinhas com bastante doce. É bem legal, levantei, tomei banho, escovei meus dentes, peguei minha mochila e vim pra rua. Não volto nem para almoçar. Quero pegar bastante doce igual no ano passado”, disse o pequeno Darlan da Silva, morador do bairro Cristo Redentor que volta para casa só no fim do dia e aproveita para almoçar na casa de algum devoto, já que alguns, além de doces, oferecem comida para as crianças.   

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Flaviane com os filhos, irmãs e sobrinhos esperando pela sacolinha recheada de doces

Também nas ruas desde cedo com os filhos pequenos, Flaviane Gomes da Silva, afirmou que faz questão de sair com eles, para que possam manter a tradição de todo dia 27 de setembro.

“Eu sempre saía quando era pequena, e agora, trago meus filhos. A tradição não pode parar, esse momento aqui é a alegria da criançada. Eu primeiro entrego na minha casa e depois saio com meus filhos em busca das sacolinhas. Eles adoram”, contou Flaviane, que além da companhia dos filhos também segue pelas ruas com as irmãs e os sobrinhos de bicicleta. “É muito legal. é uma festa para eles e venho de bicicleta para ser mais rápido quando escutar os fogos”, completou exibindo as sacolinhas guardadas na mochila.

A devota Maria Eliza da Silva, mantém a tradição no dia de São Cosme e São Damião, há 10 anos. Ela contou que o filho tinha um problema de saúde, pediu a graça da cura aos santos e desde então cumpre a promessa de entregar doces. 

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Maria, com o filho, na preparação das sacolinhas antes da entrega

“Quando ele nasceu, falaram que não andaria e seria deficiente, foi quando me agarrei a São Cosme e Damião, e pedi por ele. Os primeiros anos foram de muita luta e quando ele completou os dois anos de idade, veio a surpresa para todos nós, pois estava andando. Foi uma alegria imensa para a família e hoje, com 10 anos, ele me ajuda a distribuir as sacolinhas e ainda sai em busca para ele. A recompensa que tenho  é ver meu filho com saúde e a alegria dessa criançada em frente de casa esperando na fila pelos doces”, disse ao Diário Corumbaense Maria Eliza, moradora do bairro Centro América.

Também pedindo pela saúde, só que da neta, Maria José Gomes da Silva Oliveira, moradora do Conjunto Vitória Régia, parte alta da cidade, está no sexto ano de sua promessa, mas mesmo quando acabar, garantiu que vai continuar fazendo a alegria da criançada.

“Passamos por um momento difícil, quando minha neta teve que fazer um procedimento cirúrgico aos 17 anos. O caso era preocupante e eu, com muita fé, me agarrei a São Cosme e Damião e pedi pela saúde e rápida recuperação dela. Fui atendida e me comprometi em distribuir as sacolinhas recheadas de muito doce”, falou emocionada, com os olhos cheios de lágrimas. "Como no ano que vem será o último ano da minha promessa, já estamos planejando fazer uma grande festa. A promessa acaba, porém espero continuar proporcionando essa alegria e mantendo essa tradição em nossa cidade”, frisou.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Maria José e a neta Camille, se juntam para entregar os doces às crianças no Vitória Régia

A neta, Camille de Fátima Gomes Lemos, que hoje está com 23 anos, e tem dois filhos, todos os anos, desde que a avó Maria José, começou a entregar as sacolinhas, participa do momento, considerado por ela, especial, ainda mais pelo fato de ganhar também a companhia dos filhos. “Nos juntamos para preparar as sacolinhas e, então, entregamos para as crianças. Sou muito devota, a alegria dessas crianças e também dos meus filhos é maravilhosa”, mencionou Camille.

História de Cosme e Damião

Os irmãos gêmeos Cosme e Damião eram médicos e viveram na Ásia Menor. Ficaram conhecidos porque curavam pessoas e animais sem cobrar dinheiro. Morreram por volta do ano 300 d.C. degolados, vítimas de uma perseguição do imperador romano Deocleciano. Na religião católica, o dia 26 de setembro lembra os jovens que pregavam os ensinamentos de Jesus Cristo. Eles são considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.

No Candomblé e na Umbanda, o dia de Cosme e Damião é 27 de setembro. Nessas crenças, eles são conhecidos como os orixás Ibejis. São filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Os devotos e simpatizantes têm o costume de fazer caruru (uma comida típica da tradição afro-brasileira), chamado também de “Caruru dos Santos” e “Caruru dos sete meninos” que representam os sete irmãos (Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi), e dar para as crianças.

Na Igreja Ortodoxa, os santos são celebrados no dia 1º de novembro. Já os ortodoxos gregos comemoram em 1º de julho. São Cosme e Damião também são considerados protetores dos gêmeos e das crianças. Por isso, as pessoas criaram o costume de distribuir os doces para homenagear os santos ou cumprir promessas feitas a eles. Com informações portal EBC. 

Galeria: Cosme e Damião - 2019

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