Leonardo Cabral em 06 de Agosto de 2019
Anderson Gallo/Diário Corumbaense No altar do Santuário, imagem de Nossa Senhora de Copacabana
Há 18 anos, a festa, que já é tradicional em solo pantaneiro, atraiu olhares dos corumbaenses e também dos próprios bolivianos que se orgulham em demonstrar um pouco da cultura do país, em território fronteiriço.
Uma missa, no Santuário de Nossa Senhora de Auxiliadora, região central, deu início aos festejos à santa. Foi celebrada em espanhol, pelo padre Jacinto Ortiz, clérigo da Igreja Imaculada Conceição, no Distrito de Albuquerque, e pelo pároco Marco Antônio. “É uma alegria muito grande sabermos que temos essa mãe que nos ama e que nos momentos difíceis da nossa vida está sempre ao nosso lado, caminhando conosco. Termos uma mãe além da fronteira, a virgem de Copacabana, é extremamente significante”, falou o padre Jacinto.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Estudante se tornou devota da Virgem de Copacabana e participou pela primeira vez das festividades em Corumbá
“Comecei fazendo pesquisa do banho de São João, o qual também sou devota, pedi graça a ele e foi alcançada e desde o ano passado participo da festa na cidade. Já em relação à Virgem de Copacabana, tudo começou quando um amigo fazia pesquisas sobre as virgens da Bolívia e aí eu fazendo levantamento bibliográfico, comecei a ler sobre a história da Virgem de Copacabana, que é a padroeira da Bolívia. Sou umbandista na verdade, como umbandista sou filha de Oxum, que é uma das várias Nossas Senhoras que a gente tem, é nossa senhora da Candelária, que é nossa Senhora de Copacabana. Como queria passar no doutorado, fiz a promessa à Santa e foi alcançada, fiz inclusive uma tatuagem pra ela e outra para Xangô. Cumpri o que havia prometido e esse é o primeiro ano que participo das celebrações em homenagem à ela”, disse a estudante que quer levar a história da Virgem de Copacabana para todo o Mato Grosso do Sul, mostrando como a celebração promove a integração entre brasileiros e bolivianos.
Após a missa, os devotos iniciaram um grande cortejo dançante. Acompanhados de uma banda, vários blocos de dança, geralmente formados por fiéis da santa, os bolivianos renderam devoção a “Mamita de Copacabana”, como Nossa Senhora também é chamada.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense "Pasante" acompanhado de sua mãe, durante cortejo com a santa
“Comecei a participar quando tinha 17 anos, hoje, com 30 anos de idade, é a segunda vez que fico como “pasante”. É um momento de muita emoção, alegria e fé, onde agradecemos as graças alcançadas, demonstrando também os laços entre Brasil e Bolívia, promovendo e compartilhando a nossa cultura”, ressaltou Limbert ao Diário Corumbaense.
Já o diretor-presidente da Fundação de Cultura, Joílson Cruz, destacou a integração entre os povos. “Para nós, devido à fronteira ser aberta, essa convivência, como vizinhos e irmãos, qualquer manifestação cultural tanto do lado deles, como no nosso, é importante para o intercâmbio cultural”, falou Joílson.
O cortejo seguiu até às proximidades da faixa fronteiriça. Já na Bolívia, a imagem foi deixada em um centro social, onde a festança continuou. Ainda, seguindo a tradição, a responsabilidade pela organização da festa é repassada para outro casal de “pasante” que se encarregará de ficar com a imagem da santa e providenciar as cerimônias religiosas em 2020.
Nossa Senhora de Copacabana
A Basílica Nossa Senhora de Copacabana está situada na cidade de Copacabana, na Bolívia. É onde se encontra a imagem da santa, padroeira do País. A igreja foi construída no ano de 1550 em estilo renascentista e foi reconstruída entre 1610 e 1651. A reconstrução foi iniciada pelo arquiteto Francisco Jiménez de Sigüenza.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Cortejo seguiu até a faixa fronteiriça
A imagem da santa foi talhada por Francisco Tito Yupanqui, que era de linhagem real inca. Possui a pele morena como o povo da região e é enfeitada com várias joias preciosas, ouro e prata. O seu manto é trocado de tempos em tempos, assim como suas joias.
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