Lívia Gaertner em 02 de Março de 2019
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Segundo estimativa dos organizadores, Cibalena arrastou cerca de 30 mil pessoas para a avenida
A cada ano, o bloco surgido nos anos 70 pela união de amigos, busca inovar e, desta vez, a novidade veio muito a calhar, a presença de dois trios e mais um carro interligados sonoramente, já que, pelas estimativas dos organizadores, o Cibalena desceu para a avenida com cerca de 30 mil foliões, uma dos maiores públicos de sua história.
“É o planejamento que faz a diferença, eu penso já no dia seguinte como vai ser o ano que vem do Cibalena”, disse Elias Ferreira da Silva, presidente do bloco há 12 anos.
Tão tradicional quanto o Cibalena é a marchinha que embala os foliões. Ela é uma composição do conhecido “Ruyzinho” que, este ano, foi o grande homenageado do bloco. O refrão é cantado com muita paixão por quem, ano após ano, tem a música já guardada na cabeça: “Sou atrevido, Sou garanhão, Sou Cibalena de coração”.
Então, mexer com uma tradição de 41 anos apenas se justifica pela segurança como explicou o presidente Elias ao comentar sobre o novo lugar de concentração que, esse ano, foi na rua Frei Mariano.
“Esse ano é o carnaval da segurança, é o que estamos podendo ver nos eventos até agora, pensamos que em primeiro lugar é a integridade das pessoas e por isso acatamos a decisão da equipe de segurança e trocamos de lugar, saímos da rua Ladário para vir aqui para a principal, que dá acesso ao circuito do desfile”, disse ao Diário Corumbaense.
Muda-se o lugar, mas não um dos pontos altos do bloco: o concurso para a escolha da Rainha do Cibalena. Os competidores precisam agradar a um rigoroso corpo de jurados que avalia irreverência, criatividade e animação. Os cinco primeiros colocados levam troféu e já os três primeiros, premiação em dinheiro e o direito de desfilar em cima de um dos trios.
Ao todo, concorreram doze fantasias que se apresentaram num espaço especial. A passarela exige agilidade para alcançá-la, já que se trata de uma carroceria de caminhão. Lá de cima, cada competidor evolui e precisa conquistar jurados e público.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Severino Bento e sua Sereia Nordestina levaram título de Rainha do Cibalena
Os amigos Cléber Campos e Lawrence Mateus não ficaram entre os três primeiros colocados, mas se sentiram bastante recompensados por levar mensagem importante a um público tão grande ao apresentarem a fantasia “Fake News”.
“É uma grande oportunidade de usar o carnaval para fazer uma crítica social a tudo o que a gente viveu no período eleitoral. Talvez as pessoas tenham dificuldade em entender o conceito e acabaram induzidas a acreditar naquilo sem nenhum tipo de embasamento. O carnaval é um lugar de respeitar ao próximo, é uma questão de amor ao próximo”, disse Lawrence a este Diário.
Já para quem aguardou 20 anos para conquistar o concurso, o momento era de pura alegria. O pernambucano Severino Bento da Silva se fantasia ineditamente todo ano, porém sempre dá um jeito de não deixar de lado a referência ao lugar onde nasceu. Assim, a Sereia Nordestina levou a melhor em 2019 e se tornou a Rainha do Cibalena.
“Cibalena é um bloco único em Corumbá. Quem não veio no Cibalena, bom corumbaense não é. Não saio em outro bloco, só nele, sem faltar um ano”, falou ao explicar a paixão pelo bloco.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Fantasias que levaram do segundo ao quinto lugar no concurso da Rainha do Cibalena
Confira a classificação
1º lugar – Sereia Nordestina (50 pontos)
2º lugar: Mulher Laranja (47,70 pontos)
3º lugar: Anjo do Amor (47,30)
4º lugar: Bem Bom (45,40)
5º lugar: Fake News (43,00)
Alegria sem igual do corumbaense
E no meio da multidão ainda encontramos quem faz do bloco motivo para celebrar a amizade e a união. Casados, Eugênio Gomes e Catarina Mesquita fazem questão de todo ano virem com a mesma fantasia. Costureira, ela diz que confecciona a roupa do casal e de demais amigos.
“Eu morei cinco anos em Campo Grande e fiquei louco lá querendo pular o carnaval aqui, não tem jeito, corumbaense gosta de farra, é povo animado e isso é o que você não encontra em outro lugar”, comentou Eugênio sobre a energia que toma conta da cidade no período carnavalesco.
Tem até aqueles que nem ligam para o famoso calor da cidade como foi o caso de Carlos Eduardo Pereira que estava todo coberto com sua fantasia de “Múmia de Frei Mariano”. Ele contou que é um folião veterano do Cibalena e que o traje foi feito com a ajuda da esposa Patrícia e levou algumas horas para ficar pronto. A ideia dele era homenagear a figura história do religioso a qual é atribuída a lenda de ter lançado uma praga sobre a cidade. “A Múmia de Frei Mariano” diferente das do Antigo Egito usa sandálias, aquelas que o frei teria enterrado ao "espraguejar" a cidade.
“Mesmo com um pouco de calor, vale muito a pena. A brincadeira é boa e a gente gosta de fazer algo diferente. Lá por abril eu já fico pensando em como vai ser minha fantasia do próximo carnaval”, revelou.
Da Antiguidade para contemporaneidade, seria impossível pensar que aquela música que fica martelando por dias na sua cabeça não estaria no meio da multidão. A Jenifer e seu perfil no Tinder circulavam pela multidão, mas, diferentemente de quem frequenta o aplicativo de encontros, ela não buscava um “match”.
“Não tenho perfil no Tinder não, sou compromissada. Essa fantasia eu tinha feito para uma amiga, mas ela acabou não usando e eu vim. Foi o primeiro ano que fiz a própria fantasia, mas como gosto de um diferencial, escolhemos esse tema porque a música é chiclete”, disse Daiane Carolina Espinoza Colin. “O carnaval de rua de Corumbá é maravilhoso, indescritível. A alegria do povo corumbaense é contagiante, é demais”. resumiu.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Desde a concentração, Cibalena reunia um grande número de foliões
Aprenda a Marcha do Bloco Cibalena
Hoje eu vou cibalenar
Beber cerveja até cair,
Hoje eu vou tomar um porre
É assim que eu sempre quis!
Sou atrevido,
Sou garanhão,
Sou Cibalena de coração
Vivo de paz e amor
Carnaval multicor
E bela amizade
Inimigo da maldade,
Eu amo as beldades
Eu sou o terror
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