PUBLICIDADE

Projeto Padrinho completa 18 anos com desafio de ainda sensibilizar a sociedade

Lívia Gaertner em 12 de Março de 2018

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Em Corumbá e Ladário apenas cinco crianças e cinco adolescentes são apadrinhados

Um projeto que, esse ano, completa 18 anos de existência, mas ainda luta para abranger um público para uma demanda que, infelizmente, está longe de cessar. Criado em 2000 pela juíza da Infância e da Juventude de Campo Grande, Maria Isabel de Matos Rocha, o Projeto Padrinho se espalhou por várias comarcas de Mato Grosso do Sul e inspirou ações semelhantes em muitos outros estados do Brasil.

Em Corumbá, desde sua implantação, ele vem buscando sensibilizar pessoas para a realidade das casas de acolhimento e a necessidade que a presença de um padrinho, uma madrinha, fazem na vida de crianças e adolescentes que, por motivos diversos, tiveram pela lei interrompido o convívio familiar.

Atualmente, Corumbá e Ladário têm 5 crianças e 5 adolescentes apadrinhados pelo projeto, uma proporção bem pequena se levada em conta o número de menores abrigados nos dois municípios, segundo informou ao Diário Corumbaense, o titular da Vara Cível da Infância e Juventude, Maurício Cleber Miglioranzi Santos, que calculou ser esse número um pouco mais de 10% do total de crianças e adolescentes que podem ser beneficiados com o projeto. Ele explicou que quanto mais tempo o menor permanece nos abrigos, menor a chance de ganhar um novo lar.

Lívia Gaertner/Diário Corumbaense

Juiz Maurício Miglioranzi destaca que crianças e adolescentes dos abrigos sentem falta de atenção especial

“Crianças com idades acima dos 3 anos são praticamente inadotáveis, é muito difícil conseguirmos pessoas para habilitação nesse sentido. A maioria são adolescentes que já não têm chances de adoção ou terão muita dificuldade, então a importância do padrinho nesse contexto é trazer uma referência para cada uma dessas crianças”, detalhou.

Os abrigos, conforme o magistrado, buscam oferecer condições dignas a quem são destinados e são munidos de toda estrutura física e um corpo de profissionais que faz a tutela dos menores, entretanto, o ser humano ainda que, em tenra idade, compreende em unanimidade e de forma natural o quanto é satisfatório a presença de alguém que lhe dirija um olhar diferenciado,

“Eventualmente pode haver um consenso na sociedade de que as crianças estão bem atendidas no abrigo, mas ao conversarmos com essas crianças, todas elas pedem um padrinho, todos querem ter uma atenção individualizada, especial e temos tido essa dificuldade em encontrar padrinhos afetivos, em especial”, revelou o juiz ao lembrar de uma das modalidades nascidas com o projeto no início dos anos 2000 em MS.

Dentre as quatro formas de apadrinhamento previstas pelo Projeto, Miglioranzi avalia que o “afetivo” é uma das que mais trazem retorno para os abrigados. Nessa modalidade, os padrinhos têm a chance de conviver com os menores nos finais de semana,  em datas importantes quando podem, entre outras coisas, levar as crianças e adolescentes para passeios e atividades fora do ambiente rotineiro do abrigo. Nesse momento, laços são criados e refletem diretamente no duro cotidiano de quem teve que ser afastado do convívio familiar.

“A questão do apadrinhamento afetivo é determinante: melhora o comportamento, melhora o desempenho escolar, cria-se uma vinculação, com a vantagem para as pessoas que apadrinham, que não existe uma responsabilidade tal qual uma guarda, tal qual uma adoção. A pessoa vai se colocar à disposição dentro daquele tempo que ela tem livre para acompanhar”, explicou.

As outras modalidades de apadrinhamento prevista são:

Financeiro: auxilia com uma quantia que puder por mês.

Acolhedora: acolhem, sustentam e dão todos os cuidados no decurso do processo.

Prestador de serviço: padrinhos profissionais que beneficiam várias crianças ao mesmo tempo, tais como: pediatras, dentistas, terapeutas, pedagogos infantis, psicólogos e educadores.

Entretanto a Comarca de Corumbá resolveu inovar numa tentativa de conseguir mais pessoas dispostas a atender esse público e iniciou, ainda que não regulamentado dentro do projeto oficial, a modalidade “padrinho religioso”. Assim, convidou várias congregações religiosas para participar como essa ponte entre afeto e fé, elementos tão primordiais aos abrigados. O padrinho religioso fica responsável por levar esse menor a celebrações e momentos de comunhão que ajudam a reforçar valores importantes para a vida.

Atualmente, na Comarca, há 06 padrinhos afetivos, 01 prestador de serviço e 01 religioso, números que precisam crescer diante da realidade dos abrigos. Para saber mais sobre o Projeto Padrinho em Corumbá, há uma página em rede social que ajuda a divulgar o que é e como é realizado em Corumbá: www.facebook.com/ProjetoPadrinhoCorumbaMS/ 

Páscoa

Dentre as muitas ações realizadas ao longo do ano, o Projeto Padrinho promove a comemoração de Páscoa anualmente entre todos os abrigados e para isso também convoca a sociedade. Esse ano, quem quiser ajudar, pode doar um ovo de chocolate tamanho números 15 e 20 para serem entregues às crianças a adolescentes.

Os interessados podem fazer a entrega até o dia 22 de março no setor social do Fórum de Corumbá que fica localizado na rua Rua 21 de Setembro, 1633 – bairro Aeroporto.

PUBLICIDADE